— Você não pode recusar o acompanhamento, pois é isso que não te expulsou da escola ainda e não te enviou para um reformatório. — Ela disse, diligente e com a voz tão limpa que soou como música aos ouvidos de Hoseok, exceto pelas palavras árduas.
Ela se vestia mais casual, com a calça jeans que se aperfeiçoava nas curvas de seu corpo, uma t-shirt simples com uma camisa de manga longa por baixo e pela primeira vez, estava calçada em um tênis confortável que nada remetia aos saltos que usava e que faziam um barulho tinindo ao pisar na cerâmica amadeirada. Os longos cabelos presos em um coque e a sala sempre organizada, essa era a coisa típica que nunca mudava, não importa quantos dias passassem.
A questão mesmo? É que fazia quase duas semanas que Hoseok não ia naquela sala e que se recusava a comparecer às aulas. Ninguém sabia o porquê, mas desde então quando andava pelos corredores, estava sempre sozinho. Se recusava a sentar com os amigos e bom, tinha um que não fazia tanta questão assim de sentar com ele. Os burburinhos corriam pelos corredores.
Aquelas pareciam as semanas mais calmas para Taehyung, onde ele não tinha a atenção de ninguém e finalmente não precisava receber olhares de pesar ou de pena. Suas feridas internas e externas estavam tendo chance de cicatrizar, ao mesmo tempo que a sirene que ecoava dentro de sua própria mente alertava que precisava levantar as defesas e se preparar para o ataque.
Nada ficava bem por muito tempo, e ele tinha bastante experiência com isso.
— Não te peço para falar comigo, se não se sente confortável. — Falou ao silêncio, pois isso era tudo que Hoseok era. — Eu trouxe um caderno de desenho e lápis de cor. Soube que você gosta. — Ela estendeu a caixa de lápis e o caderno para ele, e isso pareceu chamar um pouco da atenção de Hoseok, que olhou para ela. — Tem uma aquarela e pincéis ali no canto também, fiquei indecisa sobre o que poderia ser melhor. Mas pensei que nós podemos fazer um acordo... — Propôs ela, atenta a reação curiosa de Hoseok.
— Que acordo?
— Você não precisa falar comigo, mas precisa vir fazer o acompanhamento uma vez por semana. Eu te deixo desenhar o que você quiser ou escrever, se preferir. Mas, no final de cada sessão, você deixa o caderno comigo, e eu prometo que só vou olhar se quiser me contar algo através dele, pode ser? — Continuou, sorrindo gentilmente e encarando os olhos de Hoseok que pareciam titubear.
— Eu pareço uma criança ou algo assim? — Disse rudemente, arqueando as sobrancelhas.
— Bom, se você não quiser falar, vai ter que fazer alguma coisa. A única opção que você não tem, é deixar de vir aos acompanhamentos. Bom, na verdade , tem uma segunda... — Ela riu baixinho, surpreendendo Hoseok. — Eu não vou deixar você quebrar nada da minha sala, então você comparece e você desenha ou escreve. — Gesticulou, apontando para o caderno com uma expressão séria.
— Você vai perceber que não tenho nada para te contar. — Ele afirmou, pegando o caderno e a caixinha de lápis de cor. Se sentou no sofá que tinha no canto, a opção mais confortável no momento.
— E tudo bem... talvez você perceba que até o nada é alguma coisa. — Ela sorriu e isso deixou Hoseok confuso, mas ele não perguntou mais nada, temia que isso poderia levá-los a uma conversa que ele não queria ter.
A mulher voltou a organizar alguns papéis, bem diferente do que Hoseok pensou que iria fazer. Talvez, ficar observando-o e analisando seu comportamento? Mas não, ela simplesmente deixou mesmo ele à vontade, não falou sobre sua postura e nem reclamou sobre nada. A presença dele parecia inexistente naquela sala e ele gostou disso. Ela não fez perguntas, não insistiu, não pediu para olhar o caderno e sequer tocou nele. Quando a sessão acabou e Hoseok já podia ir, ela acenou e ele deixou o caderno onde ele quis.
ČTEŠ
My Savior || VHope
Fanfikce[REESCREVENDO] ❝Eu criei antipatia por coisas as quais nunca senti e acredito serem inexistentes, uma delas é o amor. ❞ Kim Taehyung só sentia a dor. Jung Hoseok provocava a dor. E num caminho cheio de incógnitas, aquele que provocava, terminou send...