Capítulo 8 - Memórias

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Estávamos todos sentados à mesa. Laura e Matthew brincavam com pedacinhos de papel toalha, jogando um no outro, enquanto eu ria e John fingia não ver com um sorrisinho nos lábios.

-Meninos! - Marilyn chamou a atenção dos filhos. - John, pare de rir.

-Eu não estou rindo. - Olhou para os filhos. - Parem de agir como crianças. - Piscou para os mesmos que lhe lançaram um sorriso cúmplice.

Marilyn negou com a cabeça mas também esboçou um sorriso, sentando-se à mesa.

-Guisado? Caprichou pra Vicky, mãe? - Brincou Matt.

-Claro! Não é todo dia que você traz uma garota aqui.

-Porque eu não vou trazer qualquer uma aqui pra conhecer as pessoas mais importantes da minha vida. Tem que ser uma garota especial. - Ouvi Matthew falar e senti minhas bochechas esquentarem.

-Então, Victoria é especial? - John o olhou.

-Ela é minha melhor amiga. - Disse simplesmente. - Eu já disse que eu tenho namorada, pai.

-E por que não a trouxe? - Laura ergueu uma sobrancelha.

-Porque eu quero ter certeza que vamos durar. - Completou um pouco sem paciência. - Podemos voltar a comer?

Ficamos em silêncio até a hora da sobremesa - sorvete de baunilha com calda de caramelo -, quando Marilyn se pronunciou.

-E então, Victoria, o que faz da vida?

-Sou co-diretora da série que Matthew trabalha. Foi lá que nos conhecemos. - Sorri dócil.

-Vai direto pro céu junto comigo por atura-lo desde então. - Soltou Laura fazendo todos da mesa rirem.

-x-


Ao fim do almoço, Matthew me chamou para dar uma volta pelo bairro onde ele cresceu.

-Isso é uma chuva de nostalgia e sentimentos pra mim. - Disse com as mãos nos bolsos da frente da calça jeans.

Andávamos a passos vagarosos pelas ruas. Eu me pegava imaginando a vida do pequeno Matthew naquele lugar, o que fazia quando criança, os desenhos que gostava e coisas do tipo. Matthew com certeza era a pessoa que mais me intrigava no mundo. Seu jeito muito particular de ser e de agir escondia coisas como um baú de tesouros.

-Sentimentos bons ou ruins? - Perguntei o observando.

-Ambos. - Sorriu fraco. - Relembrar minha infância também é relembrar as coisas ruins.

-O quão ruins? - Questionei.

-Vem comigo. - Segurou minha mão e caminhamos até a frente de uma escola. Sentamos na calçada do lado oposto e ficamos admirando a estrutura. - A escola não foi a melhor coisa do mundo.

-O que aconteceu? - O olhei. Nossas mãos ainda estavam juntas, isso não nos incomodava. Era bom ter esse carinho em pequenos gestos que Matthew oferecia.

-Eles me maltratava muito quando eu era criança. Na época não chamavam de bullying, mesmo que fosse. Eu tinha bullys em todos os cantos. Eu nunca fui igual as outras crianças e sofria por isso. - Ele apertou de leve minha mão. - É por isso que eu não gosto que me chamem de Matt. Eles usavam esse apelido pra me maltratar. - Baixou a cabeça.

-Ah, Matthew. - Acariciei seus cabelos rebeldes. Era visível o quanto ele estava se esforçando pra me contar aquilo. Dava pra ver sua dor. - Eu sinto muito.

Backstage | Matthew Gray Gubler (Em Revisão)Where stories live. Discover now