Uma surpresa?

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Ela...

Já estava quase na hora de sair do hospital, poderia dizer estar bem ansiosa para sair desse lugar e voltar a vida normal, mas eu estaria mentindo muito. Poderia ter falecido com meu bebê, assim não teria a dor da culpa sobre minhas costas.

Tânia ficou comigo a tarde toda, Jhon disse que tinha que resolver umas coisas da família, mas ninguém veio me ver, nem mesmo papai ou Thon. Eles devem estar bravos por eu perder o bebê, entendo eles, também estaria se estivesse no lugar deles.

— Liz, vamos tomar banho para irmos embora? — Sorrio fraco enquanto ela acariciava meus cabelos. — Não fica assim. Estamos aqui por você, digo por todos.

— Todos? Eles nem vieram me ver. — digo baixo.

— Aí, Jhon me pediu para não te contar, mas vou ter que quebrar essa promessa. — Tânia se aproxima mais e sussurra. — Que fique entre nós, eles estão fazendo uma surpresa para você.

— Estão mesmo? — pergunto. — Ou está falando isso apenas para me ver bem?

— Não. — ela diz. — Eles realmente estão preparando alguma coisa. — minha sogra dá uma pausa. — Agora vamos?

Sorrio e tiro o lençol que me cobria, ela me ajuda a calçar os chinelos e me ajuda a ir até o banheiro, ela liga o chuveiro enquanto prendo meus cabelos. Olho para ela assim que Tânia pega o sabonete.

— Quer ajuda ou vai tentar sozinha? — disse ela.

— Acredito que posso fazer isso sozinha. — pego o sabonete de sua mão e fico em pé.

— Não tranque a porta, qualquer coisa é só me chamar. — ela diz saindo do banheiro. — Não precisa ter vergonha de mim.

Suspiro fraco assim que ela sai, nunca pensei que fosse chegar a esse ponto. Tiro minhas roupas e entro de baixo do chuveiro, deixo com que a água molhe meu cabelo, lavo o mesmo e tomo meu banho, assim que chego na região da barriga, que ainda estava sensível, e fecho os olhos já sentindo as lágrimas escorrendo com a água do chuveiro. E pensar que por minha causa, meu bebê morreu, penso que deveria ter mordido com ele, pelo menos não iria me sentir tão culpada dessa forma.

— Anelize? Tudo bem, querida? — ouço Tânia me chamar e bater na porta.

— Sim, estou. — abro os olhos e passando as mãos nas bochechas. — Já estou indo.


Já havia saído do hospital, Jhon não veio me buscar, dona Tânia disse que iriamos encontrar com ele me casa. Isso é, se ele ainda estiver em casa me esperando. O caminho foi longo, nunca reparei que a cidade era tão longe de casa, a janela do carro estava fechada, deve estar frio lá fora, sei que está noite, mas não imaginaria que estivesse frio.

— Vai demorar um pouco querida, se quiser pode descansar. — disse Tânia me olhando.

— Não vamos para casa? — pergunto olhando-a.

— Não querida, vamos para casa de praia. — ela toca em minha mão. — Suas coisas já estão lá, todos já estão lá.

— Tudo bem. — digo baixo e me ajeito no carro.

— Está com saudades de Jhonatan? — confirmo com a cabeça e ela abre um sorriso. — Vocês estão se dando bem.

— Na verdade... — sorrio — Eu amo seu filho. — ela me encara sem saber o que fazer. — Dona Tânia, diferente do meu pai, eu não quero esse casamento pelo dinheiro de vocês, eu aprendi a amar Jhonatan nesse pouco tempo que estamos juntos.

— E ele? Esse sentimento é recíproco? — disse ela me olhando ansiosamente para a resposta. — Ah, que pergunta. — ela responde antes de mim. — Só de ver o jeito que Jhonatan cuida de você e o jeito que vocês se olham. Ele te ama, Anelize.

— Creio que sim. — sorrio abertamente. — Pensei que fosse só uma coisa da minha cabeça, mas...

— Não. — ela me interrompe. — Conheço meu filho, ele está tão... iluminado nesses últimos meses. Que vocês sejam felizes. — dona Tânia sorriu e acariciou minha mão. — Liz, você mudou meu filho. Desde a morte de Max que eu não vejo um sorriso tal lindo no rosto de Jhonatan.

— Fico feliz por ser a razão do sorrir dele. — sorrio e bocejo. — Mesmo eu ter sido o motivo das lágrimas esses últimos dias.

— Não pense desse jeito, querida. — ela diz. — Ele ficou tão preocupado com você e ficou tão bravo com Clara, nunca vi ele tão bravo assim.

— Deveria ter deixado Clara longe. — digo baixo.

— A culpa não é sua. — ela diz. — Não pense desse jeito. Agora, descanse um pouco, te chamo quando chegarmos.

— Tudo bem, dona Tânia. — viro-me de lado e fecho os olhos.

Um Militar em Minha VidaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora