Capítulo 47

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Comprei minha passagem para o voo das 15:00 e enquanto isso eu estava sozinha na Alemanha. Já que estava ali, aproveitaria para visitar alguns dos lugares que Arthur havia me mostrado na primeira vez que eu estive aqui. Com a minha pequena mala jogada sobre um ombro, caminhei sem rumo durante alguns instantes até decidir que era hora de pegar um táxi; entrei no primeiro automóvel que vi e um homem de cabelos castanhos me olhou pelo retrovisor.

- Hallo - cumprimentou.

- Bom dia - respondi em inglês, mostrando que eu não era daqui. 

- Para onde? - questionou e eu suspirei. 

- Pode me levar para um lugar agradável? - questionei e ele apenas assentiu. 

- Dia difícil? - perguntou depois de alguns minutos.

- Não imagina o quanto - murmurei e encostei a cabeça na janela do carro, fechando os olhos.

Pensar que em algumas horas estaria indo embora deixava um aperto enorme no coração e senti uma lágrima silenciosa rolar pela minha bochecha, deixando uma marca úmida. Devo ter cochilado por um instante pois acordei com o motorista me chamando.

- Moça - forcei minhas pálpebras abertas e demorei um momento para focar no que acontecia ao meu redor - moça, chegamos.

- Oh - falei, me endireitando no banco. Sai do carro, passei as mãos no cabelo para amansar os fios e me aproximei da janela do motorista. 

- Quanto devo? - questionei e ele desdenhou com a mão no ar.

- Não se preocupe, foi por minha conta - ele sorriu, amigavelmente - espero que o lugar possa te animar.

- Obrigada - respondi, a voz embargada pela emoção - está sendo muito gentil, senhor. Ele acenou com a cabeça, deu a partida no carro e o conduziu para longe. 

Peguei minha mala e fiquei sem fala quando me virei para olhar para onde o homem havia me levado. Era um parque grande e majestoso, lindamente arborizado, colorido com flores diversas e no centro uma fonte de golfinhos que jorrava água para um lago. O lugar era uma beleza. Apesar de estar cedo, já haviam pessoas caminhando, correndo ou apenas sentadas, observando a paisagem; crianças corriam pelo lugar, umas com as outras, sozinhas ou com seus animados bichinhos de estimação. 

Me sentei em um banco sombreado por frondosas copas (na verdade, eu me afundei no banco) e fechei os olhos. Perdi a noção de quanto tempo fiquei sentada, apenas de olhos fechados, sentindo a brisa bater em meus cabelos e ouvindo as vozes no ambiente. Senti algo bater no meu pé e olhei para baixo, encontrando uma bola branca e preta parada; olhei ao redor, procurando o dono do objeto e ao longe vi um garotinho vindo correndo. Ele disse algo para mim em alemão, abaixou e pegou a bola em suas pequenas mãozinhas. Antes de se virar, sorriu para mim, mostrando que faltava-lhe um dos dentes da frente, falou novamente e se virou, correndo até outras crianças. 

O garoto tinha olhos azuis como um céu matutino sem nuvens, cabelos loiros e lisos que quase alcançavam seus ombros e um sorriso cândido; fiquei ali o observando de longe e pensando que se eu tivesse um filho com Nick, poderia ser muito parecido com ele e seria o bebê mais lindo do mundo. Uma onda de nostalgia me sufocou e eu queria muito essa criança, de cabelos loiros e olhos azuis, muito parecido com o pai. Eu nunca fui melodramática ou sentimental, mas não conseguia parar de chorar desde que cheguei aqui. Quando a hora do almoço chegou, decidi ligar para Arthur, precisava me despedir corretamente dele, foi muito bom comigo desde o primeiro momento; puxei meu celular do bolso e disquei seu número, que foi atendido no segundo toque.

- Anne - falou.

- Arthur - respondi, não conseguindo esconder o desânimo na voz. 

- Onde diabos você se meteu? - perguntou e parecia irritado. Eu nunca o tinha visto irritado. 

ღ Um Namorado por EncomendaWhere stories live. Discover now