Catorze.

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Mais uma vez, um novo dia, e mais uma vez não sabia o que esperar de Danniel, mas já me tinha habituado á ideia de sermos estranhos de novo.
Mas naquele dia foi diferente.
Saí de casa com o típico humor de quem tinha de sobreviver a mais um dia rodeado daquele tipo de animais, mas ele estava ali, Danniel, parado a meio do caminho. Mas...? Não sei.
Tentei não me aproximar, mas chamou-me. Nunca esperei ouvir a voz dele prenunciar o meu nome com o mínimo de alegria, mas tinha acabado de acontecer. Aproximei-me, ele sorriu, "Bom Dia" e deu-me um leve bruno na face esquerda. Mordi o dedo várias vezes para ter a certeza que não estava a sonhar, porque para ser sincero, tudo aquilo era tão surreal, mas mantive a calma. Não sei como não caí, acho que não tirei os olhos de Danniel por mais de 3 segundos, e lembro-me vagamente das questões que passavam pela minha mente, "Será que estou vivo?" "Porque é que ele está a fazer isto?"
E acho que me perdi naqueles lábios umas 30 vezes no espaço de minutos.
Ao chegarmos á escola parei, pensei que manter a distância ali seria o melhor, já bastava toda a história do vídeo para estragar a vida a Danniel.
Mas ele não me permitiu, puxou-me pelo braço direito, deu-me a mão.
Não sei descrever o arrepio constante pela espinha quando os dedos dele entrelaçaram nos meus, acho que senti tudo de doce e salgado na minha boca,  não sei se era frio ou calor, mas sei que corei, sei que senti a minha vida a palpitar na ponta dos dedos e a minha pupila a dilatar como se tudo em mim fosse droga. E não me lembro de como consegui prenunciar o quer que seja, mas questionei "Danniel, o que estás a fazer...?"
"A tentar não fugir mais a algo que não posso lutar contra..." Respondeu. E tudo aquilo deu-me uma enorme vontade de chorar, não sei ao certo porquê mais uma vez. Todo aquele misto de emoções deixavam-me confuso e já não sabia se aquilo era mesmo a minha vida, ou a de outra pessoa qualquer, e por momentos morri.
"Danniel, não sei mesmo se é boa ideia entrar assim..." Disse.
"Andrew, estás com medo de quê? Quem são eles para dizerem o que podemos ou não fazer?" Contra-argumentou.
"Tens razão... Mas eu não sei se me sinto á vontade..." Expliquei.
"Está bem, então eu tenho uma ideia melhor..." E ao ouvir estas palavras, confiei, e deixei que Danniel puxasse a minha mão pela rua abaixo.
Algo me diz que hoje não vamos á escola.
Fechei os olhos, e deixei-o Levar-me.
Era o meu dia de sorte, e mesmo que fosse um sonho, pelo menos seria um sonho, e não mais um pesadelo...

Not Me. (Não Terminado) Onde histórias criam vida. Descubra agora