🍁 PADROEIRO 🍁

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No dia seguinte, voltando da escola com uma sensação estranha. Me sentindo incomodado com a forma como o Connor me tratou na aula de literatura e também com a história que do Liam contorna sobre ele. Você começa a se perguntar se ele realmente é um prodígio como a escola e sua família replica ou apenas um arrogante identificado que usa sua inteligência para se sentir superior aos outros.

- Mãe, você não vai acreditar no que aconteceu hoje - disse, entrando em casa.

- O que foi, querido? - mesmo estando no porão de casa, ela conseguia escutar muito bem o que eu dizia.

- Lembra do animal misterioso que ronda o condomínio? Aquele que o gato fica estranho toda vez que ele aparece? - pergunto.

- Sim, claro. O que aconteceu? - ela parou o que estava fazendo e subiu as escadas as pressas.

- Hoje, quando eu estava indo para a escola, eu percebi que Darcy estava na porta me esperando outra vez. E então, quando estávamos chegando perto de casa, aquele animal apareceu de novo! Eu sei que parece loucura, mas foi como se Darcy estivesse tentando me proteger de alguma forma - Darcy, sempre que podia me vigiava. Ou até mesmo, invadia a sala e deitava embaixo da minha carteira até a aula terminar.

- Isso é realmente estranho. Esse animal não está agindo como antes - expressa - Faz bem manter o Darcy por perto - podemos ter as nossas diferenças, mas Darcy sabia tanto quanto eu, que nos manter em segurança era o melhor a si fazer.

- Não, nunca. Ele sempre foi um gato tranquilo, mas desde que aquele animal estranho apareceu, ele tem estado inquieto e sempre parece alerta - quase todas as noites, Darcy perambula pelos cômodos da casa.

- Talvez seja melhor evitar sair mais tarde da escola. Lembre-se, Darcy é um gato. O máximo que ele pode fazer para te manter seguro é andar ao seu lado - diz, preocupada. Darcy sempre foi mais do que um gato. O intermediário, fala sobre tudo e todos, menos do meu padroeiro.

- É uma boa ideia, vou pedir um carro pelo aplicativo da próxima vez. Mas o que você acha daquela criatura misteriosa? Ela parece estar seguindo a gente - alguns dias, essa criatura rondava por volta do condomínio, depois passou a atormentar a vizinhança e agora, está me observando.

- Não sei, querido. Ele não está nos seguindo, ele está te seguindo. Tem diferença - supõe - Seja o que isso for, mora na floresta. Vamos ficar atentos e tomar precauções - fala, pegando o spray de pimenta na sua bolsa.

- Eu só me sinto meio inquieto, como se houvesse algo mais acontecendo por trás disso tudo. Mãe, isso é serio? Spray de pimenta não vai me proteger do...Esquece, não tem importância - digo, olhando para fora da janela.

- Eu entendo como você se sente. Às vezes, nosso instinto nos avisa sobre coisas que não compreendemos completamente. Só tome cuidado, ok? E se você notar algo estranho novamente, me avise. Não pague para ver - coloca a mão em meu ombro. Gostaria de dizer que suas palavras trazem um conforto, mas tudo o que sai da sua boca, é medo. Medo, do que o intermediário deseja, medo do que esse animal possa nos fazer e medo, do que posso me tornar.

- Claro, eu vou ficar de olho. E tem outra coisa... Eu tenho notado que Darcy tem afugentado alguns garotos da escola, Darcy tem asco dos garotos cheios de hormônios - falo, apreensivo.

- E quem gosta? - questiona, sorrindo.

- Verdade. Ele está me fazendo um favor - Darcy, consegue ser adorável quando quer. Principalmente com o diretor Paul, a secretária e a zeladora Asteria. Os garotos do time de futebol não mexem comigo por dois motivos: - o primeiro, Darcy. E o segundo e não menos importante, Connor. Os boatos que rolam por ai, é que ele mantém alguns garotos longe de mim por ser meu vizinho.

- Darcy, só está fazendo o meu trabalho. Fique longe de garotos - proferi - Eles te devoram lentamente. Desculpa, a expressão. Mas garotos são assim, não medem as consequências.

- Sim, mãe. E convenhamos nenhum garoto em sã consciência se aproximaria de mim - digo.

- Não acho. O nossos vizinhos diriam o contrário - sorri - Eu percebo as coisas. Aqueles garotos gostam de você - se ela soubesse metade do que sei, não diria isso nem por brincadeira. Não importa o que aconteça, eles sempre vão estar nos meus caminhos - Liam te olha de uma forma fofa, mas não posso dizer o mesmo do Connor. As vezes, parece que ele quer te devorar. Pode ser coisa da minha cabeça no entanto, a intuição de mãe nunca falha - ele teve um segundo para aprender a gostar de mim e a vida inteira para me devorar.

- Não vamos ter essa conversa. Vamos mudar de assunto - suspiro.

- Você sempre faz isso. Vincent, uma hora vamos ter que falar sobre isso - disse.

- Ei, Darcy, você está um pouco agitado hoje, não é? - converso, sentando ao lado dele e acariciando seu pelo.

- Mrow... - ronronando, mas parecendo inquieto.

- Eu sei, eu também sinto que tem algo estranho acontecendo. Você já notou o jeito que aquele animal misterioso se comporta por aqui? Parece que ele está sempre por perto - digo, franzindo a testa. Darcy, levanta a cabeça e olha fixamente para mim - Eu sei que você não gosta dele, Darcy. Você sabe que ele é perigoso e eu também. E você sabe, aquele sonho que eu tive... Eu não sei o que pensar sobre isso. Parece que tudo está ficando mais estranho - as coisas estão se intensificam cada vez mais.

Darcy, emiti um miado suave, como se estivesse concordando.

- Eu sei, amigo. Eu também estou preocupado. Você não gosta dele, não é? - indago.

Darcy, pulando no meu colo e esfregando sua cabeça contra o meu peito.

- Obrigado por estar aqui, Darcy. Você sempre parece entender o que eu sinto, mesmo que eu não possa te explicar em palavras. Eu só espero que tudo isso se resolva em breve, porque eu estou começando a me sentir sobrecarregado - esse pressentimento, esses sonhos e esse lugar, estão aflorando o que reprimi por anos.

Darcy, me encara com seus olhos brilhantes. Ele nunca foi carinhoso, mas depois que viu aquele animal, passou a ser outro gato comigo.

- Você acha que vai ficar tudo bem, não é? Bem, eu confio em você, Darcy. Vamos enfrentar isso juntos, como sempre fazemos - exprimo. Nós dois permanecemos juntos por um tempo, compartilhando um momento de conexão silenciosa. Enquanto o mistério em torno do animal e das estranhas visões que tenho persiste, encontro conforto na presença do meu fiel companheiro felino.













BITTERWhere stories live. Discover now