/10 - BANDA DE HARD ROCK/

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Então... não arranquem meus cabelos. Desculpem a demora. Boa leitura...

REN

Depois de trinta minutos e mais alguns segundos, a humana apareceu na minha frente e senti meu coração pular descompassado. Ela parecia mais bonita, embora a postura estivesse tensa.

Como a sensação que eu tivera com a lâmina... tive naquele momento de o que ela estava usando se chamava maquiagem. Eu preferia quando Analu estava sem, parecia mais natural, mais... selvagem.

O que estava acontecendo com meus pensamentos? Não pareciam pertencer mais a mim.

Sua boca carnuda tinha um batom vermelho, seus cabelos ruivos e molhados estavam trançados e embaixo de seus olhos verdes tinha uma fina linha preta. Seus coturnos, calça e blusa de manga comprida eram pretos.

Acho que se existisse anjos fêmeas, Analu poderia ter sido um bom protótipo pela imagem que passava.

Ela me olhou surpresa e apontou para mim, com a boca se abrindo sem nenhum som.

Eu estava ali a pouco tempo mas possuía inteligência. Vi quando Analu pegara a roupa do ex-namorado do guarda-roupas. A que eu estava usando antes era velha, não tinha como sair com aqueles trapos imundos, resolvi procurar para ver se achava algo novo.

Uma blusa de manga curta azul-marinho, calça jeans, o tênis surrado e nojento do seu ex-namorado chechelento e uma jaqueta de couro que delineava bem os meus músculos.

Pelo menos ele sabia escolher roupas. Já não era de todo mal.

- Peguei emprestado - falei.

Analu franziu o cenho, mas não disse nada.

Acompanhei-a até a garagem, onde tinha dois carros luxuosos. Uma BMW e uma Land Rover... li na lateral da lataria preta dos dois veículos. Arqueei as sobrancelhas e Analu deu de ombros, colocando a bolsa, preta, no banco de trás da Land Rover.

- O quê? Posso ser órfã mas meus pais eram ricos. Meu tio conseguiu tirar tudo de mim... Ele é Juiz - terminou, como se aquilo fizesse algum sentido.

Mas não fez, por quê não entendi o que ela queria dizer. Mas não pedi explicações, simplesmente entrei e encostei a cabeça no banco. Analu também embarcou e acionou o controle do portão, enquanto ela tinha as atenções minadas em dar a ré, algo fez-me virar para a caixinha de som.

Meus dedos foram por instinto e ligaram-no. Começou a tocar uma música lenta e contagiante.

- Você tem bom gosto - Analu pareceu espantada, fechou o portão e começou a dirigir para onde quer que estivéssemos indo - escutar Guns N' Roses assim de primeira não é para qualquer um.

Apenas olhei-a confuso, franzindo o cenho interrogativamente. Analu já estava começando a se adaptar a minha natureza de não conhecer nada do seu mundo.

Estranho, por quê eu ainda não queria saber sobre esse mundo. Talvez. Embora algumas lembranças, não sei da onde, estivessem tomando conta do meu corpo.

- Uma banda de hard rock - tentou explicar.

Assenti como se soubesse do que ela estava falando e realmente estivesse interessado no assunto, encostei minha cabeça no vidro frio e fui escutando enquanto as músicas mudavam aleatoriamente e sozinhas.

{...}

Exatamente quarenta e sete minutos depois, entramos no estacionamento de uma grande construção, branca e cheia de vidros, fiquei abismado com o tamanho daquilo.

Como os humanos chegavam lá em cima? Sei que de asas não era. Somente anjos e demônios tinham asas. Humanos ficavam só com as pernas e braços. Mas não ia perguntar isso para Analu, algo me disse que ela riria da minha cara.

- Onde estamos mesmo? - indaguei.

- Shopping Florenza*. Estados Unidos - ela sorriu.

Mas não devolvi o sorriso. Não tinha nenhum motivo para sorrir.

Saímos de dentro da Land Rover e nos encaminhamos para as portas que se abriam sozinhas. Resolvi não comentar sobre o fato. Analu parecia bem, então suspeitei que fosse normal as portas se abrirem daquele jeito pra todo mundo.

Mas antes que pudéssemos entrar naquele grande prédio, Analu paralisou, fazendo-me dar alguns passos sozinhos. Virei-me para ela, com cara de idiota, tentando saber o motivo e acompanhei seu olhar.

Um rapaz bonito e alto, de cabelos louros e olhos azuis me fitava com bastante raiva. Cruzei os braços e cheguei ao seu lado novamente. Eu me lembrava daquele homem.

- Deixe-me adivinhar - minha voz transbordava sarcasmo - aquele deve ser o seu ex-namorado, não é?

Ela confirmou, a pele de sua bochecha ficando da cor de seu batom, com uma única palavra.

- Christopher.

*Lugar fictício. Criação da autora.

O Anjo Exilado | Vol. I [DISPONÍVEL NA AMAZON]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora