Prólogo.

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Li, em algum lugar, que uma pessoa só morre quando ninguém mais se lembra dela. E Waters me fez concordar com isso a partir do momento em que me pediu, incansavelmente, para não esquecê-lo.

Algumas pessoas tinham medo de baratas, outras de ratos, outras da morte. Ele não. Waters tinha medo do esquecimento muito mais do que a morte e temo que os livros românticos que lia compactuara com isso.

E por esta única razão, sinto-me fadada a escrever sobre ele a partir do momento em que nos encontramos. Sinto-me obrigada a escrever sobre nossa história; foi o câncer, uma promessa feita de nunca esquecê-lo e a maneira com a qual me senti infinita em pouco tempo que me deram forças, não faço ideia de onde, para relembrar os momentos e saber quando tudo começou a desmoronar.

Na realidade, eu sabia exatamente quando tudo começou a dar errado.

A culpa foi daquele maldito observatório, de um maldito sorriso e do seu cigarro. Talvez até mesmo das metáforas sem sentido que ele tanto adorava.

A culpa foi inteiramente dele e de como dizia que faríamos dar certo para depois dizer que era uma bomba prestes a explodir.

E sei que, de fato, explodiu longe de mim.

Quando a neve cairWhere stories live. Discover now