Capítulo 2

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Com o coração transbordando de tensão após o nervosismo que passei por ter enfrentado a chefe do escritório, saio bastante cansado, mas confiante que vou conseguir a vaga

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Com o coração transbordando de tensão após o nervosismo que passei por ter enfrentado a chefe do escritório, saio bastante cansado, mas confiante que vou conseguir a vaga. Aproveito a folga e ligo para casa dos meus pais. Sinto muita saudade da minha família, mas o que me conforta é acreditar na esperança que um dia esse afastamento valerá à pena.

— Filho, que saudades — minha mãe diz assim que atende a ligação.

Sua voz cansada pelo dia de trabalho na reciclagem reafirma em mim o propósito de trabalhar. Minha mãe tem cinquenta e oito anos de idade e um dos meus objetivos a partir de agora é proporcionar a minha família melhor qualidade de vida, já que eles sempre batalharam por mim sem nunca reclamar.

— Eu também estou com saudade de vocês, mas não se preocupe mãe, em breve estarei aí para comer o seu pãozinho caseiro feito na hora.

Sua risada satisfeita ao telefone é algo que não tem preço e de repente todo o cansaço e nervosismo que passei na entrevista passa a ter menor importância.

— Seu pai e sua irmã estão morrendo de saudades Alan. Eu sei que é difícil para você, mas quando puder ligue para eles.

— Mãe, fique tranquila, assim que der, eu ligo.

— Que bom Alan, você conhece o seu pai, ele reclama e com razão.

— Eu sei mãe, mas tenho uma novidade e logo nossa situação vai mudar. Hoje eu fiz uma entrevista de estágio e estou confiante que vou conseguir a vaga.

— Que notícia ótima meu filho, mas se esse trabalho prejudicar seus estudos, não aceite. Você tem a bolsa de estudos e o restante das despesas seu pai e eu damos um jeito.

Eu quero justamente poupá-los desse esforço, sinto-me mal em vê-los trabalhando para me sustentar e já está mais que na hora de lutar pela minha sobrevivência até mesmo para o meu crescimento pessoal e profissional.

—Mãezinha, eu preciso desligar agora e mais tarde ligo para falar com o pai e a mana, também estou com saudade deles.

Despeço-me dela e sigo rumo à parada de ônibus para pegar um coletivo que me leve até a Praça Verdun no bairro Grajaú onde fica o apartamento que divido com meus amigos.

Retorno pra casa num ônibus lotado, calorão de uns trinta e cinco graus. Dá para sentir nas pernas o vapor que vem do solo mesmo sendo quase oito horas da noite. Apesar do calor eu não reclamo, adoro o Rio de Janeiro, amo o clima e as pessoas que vivem aqui.

Ao chegar ao apartamento encontro Martin deitado no sofá assistindo TV e Luke sentado na rede da varanda. Meu estômago ronca de fome, mas não vejo o menor sinal de jantar pela casa. Triste constatação!

— Alan, como foi à entrevista? — Martin pergunta interessado.

— Falei pelos cotovelos — Luke que estava calado cai na risada.

INSENSATEZ - DegustaçãoWhere stories live. Discover now