Capítulo 2

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Era 18:00 quando eu sai do trabalho acompanhada de Caio. Passamos todo o caminho de ida conversando sobre coisas banais e aleatórias,  cantando musicas da Sia e falando do novo funcionário da empresa (essa parte somente Caio falou).

Quem mora em grandes metrópoles sabe que há momentos em que  o trânsito é imprevisível, mas eu estava torcendo para estar um enorme engarrafamento e eu não poder ir ao pequeno "evento" organizado por Paulo Jasper. Isso faria de mim uma péssima amiga?

Deixe-me explicar a situação.  Com o recente noivado e os planos de casamento, Clara e Paulo Jasper (C&P) resolveram encarnar o cupido e querem arrumar amores para todos os amigos solteiros (que basicamente se resume à Caio e eu). E sinceramente, eu somente desejo passar longe do amor novamente.

Se eu ganhasse um real por cada vez que me ferrei com o amor, eu estava rica. Acontece que nem mesmo isso eu tenho sorte. Admiro quem tem coragem de recomeçar, colocar a cara e coragem e correr atrás de um novo amor, mas isso não é para mim. Meu coração cheio de remendas não aguenta mais uma.

Entretanto, para a minha sorte, não havia trânsito e muito menos engarrafamento. Sendo assim, Caio e eu chegamos em casa às exatas 18:15.

- Vá tomar banho, Deusa. Eu vou separar a sua roupa - diz me empurrando em direção ao banheiro.

- E você não vai se arrumar?- pergunto confusa.

- Amor, sou belo naturalmente. Já você...

- Não termine - digo e fecho a porta.

Por que eu fui escolher Caio para ser meu amigo mesmo? Ah, eu não sei.

Ligo o chuveiro e deixo a água levar toda a tensão e raiva acumulada durante o dia. Às vezes é difícil manter o bom humor e o sorriso. Para falar a verdade eu nem sei porque estou meio ranzinza.  Somente sei que tudo que eu queria era ficar em casa, comendo alguma comida calorosa, com um belo copo de Coca.

É estranho dizer que  algo me diz para  não ir?Esqueça Atena, deve ser somente a preguiça falando mais alto, como todas as vezes.

Saio do banheiro terminando de enrolar meu cabelo em uma toalha. Um belo vestido na cor preta está esticado sobre o colchão, acompanhado de um colar e brincos dourados e brilhosos. Um salto alto delicado repousa sobre o chão,  encostado ns cama. Eu odeio admitir mais Caio é a salvação fashion da minha vida.

Me visto e seco meu cabelo com secador. O penteo e deixo solto naturalmente. Em meu rosto passo apenas um pouco de pó, rímel e batom matte nude. Sem propagando enganosa. Olho para o relógio e vejo que ja são 19:10.

- Vamos, Caio - grito pegando meu celular e carteira.

- Estou aqui, meu amor - diz aparecendo na porta. Lindo, como sempre.

- Por que você é gay? - pergunto lhe dando um selinho antes de passar para a sala.

- Porque homem é a melhor coisa da vida e você sabe disso - afirmou.

- Leva meu celular - peço o entregando o aparelho.

- Vou cobrar viu?

- Te pago com beijos.

- Nunca, levo.de graça mesmo - riu e fecho a porta, trancando tudo - Será que vai ter pessoas bonitas?

- Talvez, isso é algo imprevisível, Caio. Você dirige né?

- Você me deixa escolha.

- Sabe que eu te amo, né?

- Você, Atena, é mais falsa que nota de três reais.

- Assim você me ofende.

The Roses é um bar local, onde toca músicas ao vivo. As pessoas dançam, se divertem, bebem e comem, basicamente. Além disso, meio que virou nosso local de encontro. Sempre acabamos marcando no The Roses e hoje não  seria diferente. O bar fica próximo ao centro, alguns bons quarteirões da minha casa.

- Vamos entrar como na faculdade - pedi.

Quando nos conhecemos na faculdade, tínhamos mania de andar de mãos dadas, desfilando. Eramos viciados em filmes adolescentes como Means Girls, então sempre tentávamos imitar Regina George entrando.

Caio rir e segura meu braço.  Desfilando, entramos no local, emora tenhamos passado despercebidos. Tento segurar a risada mais falho, recebendo um olhar de repreensão de Caio.

- Vamos eles estão ali - diz me arrastando.

Observo o local e as pessoas, uma mania que tenho desde criança. Até que  meus olhos recaem sobre a mesa onde meus amigos estão e de repente, eu desejo somente voltar para casa.

E como alguém andado na rua, distraído com a bela paisagem ao redor, sem perceber cai em um buraco. Você somente quer sair dali, mas não sabe como.

É exatamente dessa maneira que estou me sentindo. Presa em um buraco sem saber o que fazer. Um buraco específico, com nome, sobrenome e RG.

Eu somente travei como uma estúpida garotinha do ensino médio. Por questões de segundos aquela Atena, de sete anos atrás retornou como em tornado. Rápido e de maneira destruidora.

Ele estava ali na minha frente. Diferente, mas era ele e eu o reconheceria até mesmo depois de três décadas.

- Tudo bem, Deusa?- pergunta Caio segurando meu ombro e me levando de volta a realidade.

- Estou cansada, amor- sorriu e me sento na cadeira vaga.

Caio imita meu gesto até que seus olhos batem em Bernardo. Consigo até  mesmo imaginar o que se passa em sua cabeça nesse momento.

- Caio e Atena, esse é Bernardo meu primo - apresenta Jasper com um sorriso. Forço um sorriso e olho para Caio em busca de socorro, mas ele apenas encara fixamente Bernardo.

- Deusa é ele! O gostosão do escritório - comenta animado, quase sussurrando.

- Aonde?- procura ao redor rapidamente.

- O primo de J.

Destino, eu lhe dei uma cuspida na cara em alguma vida passada?

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 14, 2017 ⏰

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