Decidido. (3)

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  Rodrigo contou para a delegada toda a história, ela ouviu seria.

- E foi assim que nós saímos correndo pela rua, até acabarmos sendo presos.

- Entendi, isso o que vocês dois fizeram pode ser classificado como crime de preconceito e homofobia.

- Eu não estou nem ai para os outros gay, só não quero meu filho nessa vida!

- Não posso concertar os problemas de vocês, estou aqui como delegada, Rodrigo, quer prestar queixa? -perguntou pegando alguns papéis, Nando e Diogo o encararam.

- Não, só quero ir para casa, pegar minhas coisas e sair.

- Muito bem, qualquer coisa nos chame, do contrário parem de causar confusão!

  Eles saíram da delegacia, durante o caminho de volta não falaram mais nada. Assim que chegou, Rodrigo correu para o quarto, enquanto Nando e Diogo ficaram na sala, poucos minutos depois ele voltou com uma mala cheia.

- Se vocês não podem me aceitar do jeito que sou, vou embora. -disse indo em direção a porta, mas Nando pulou na frente dele.

- A gente não aceita, mas não precisa ir embora por causa disso, afinal, onde vai viver?! -perguntou tomando a mala da mão dele.

- Dou um jeito, cansei de ficar me prendendo por causa de vocês!

- Rodrigo, mais respeito, sabe o choque que foi para nós descobrir seu desejo por homens, isso deve ser uma fase ruim... -afirmou Diogo indo até eles.

- Vocês são inacreditáveis, me deixem ir, ou ao menos respeitem meus sentimentos!

- Tudo bem, vamos dormir, tentar pensar melhor e amanhã conversamos, ok?

  Todos concordaram, cada um seguiu para seu quarto, Rodrigo se deitou ao lado de Álcool e abraçou o cão com toda força, se lembrando do seu aniversário de dez anos, quando ganhou o animal, na época Nando e Diogo estavam o tentando ensinar a ter responsabilidade, o problema é que nem eles conseguiam controlar Álcool na época.

- Saudades de quando eu era mais novo, lembra de como vovô conversava mais comigo naquela época, ele vivia tentando me explicar como fazer sexo, mesmo quando eu tinha só seis anos, de como o papai tinha medo de me machucar, pois não fazia ideia de como cuidar de criança, uma vez ele me esqueceu em um sexy shop, pois ficou distraído com a vendedora... saudades da mamãe também, ela morreu muito cedo, será que entenderia o fato de eu gostar de homens?... Ao menos você está do meu lado, obrigado Álcool.

  A mãe de Rodrigo morreu quando ele tinha quatro anos, Nando e Diogo não sabiam como cuidar de criança, mesmo assim se dedicaram (do jeito deles), para cuidar do menino. Eles tinham uma loja de ferramentas na cidade, desde pequeno Rodrigo frequentou o lugar, nas horas vagas até atendia lá. Apesar de não serem as melhores pessoas para cuidar de criança, acabaram tornando Rodrigo um bom rapaz, só não contavam com o fato de que ele era gay.

  Na manhã seguinte, Rodrigo levantou bem cedo, Álcool não estava mais do seu lado, ele desceu até a cozinha, o cachorro havia quebrado uma garrafa de cachaça e estava bebendo.

- De novo Álcool?! -Rodrigo começou a recolher os vidros, já que bebida não tinha mais. - Você bebeu tudo, não sei como ainda não morreu de cirrose!

- Não, ele quebrou mais uma garrafa?! -perguntou Diogo entrando na cozinha. - Minha preciosa cachaça, da próxima, mando esse cão para carrocinha!

- Você diz isso toda vez que ele quebra uma garrafa, a sete anos.

- Tem razão, mas não posso deixar de dar uma bronca nele.

- Bom dia. -Nando entrou na cozinha sério. - Rodrigo, sente aqui, eu e seu avô temos algo importante a dizer. -todos se sentaram ao redor da mesa, Nando e Diogo encararam o rapaz. - Nós pensámos bem e chegamos a conclusão, que você só pode estar tendo sérios problemas, está precisando de ajuda, por isso, decidimos lhe ajudar, viajando com você para a terra natal do seu avô.

- O que isso tem haver com a minha sexualidade?

- Prata é a cidade mais heterossexual que conhecemos, me lembro quando era um menino... -Diogo começou a falar da cidade em que nasceu. - Os homens de lá são os mais machos que conheço, as mulheres são belas damas e é um lugar muito tradicional, lá vamos lhe ensinar a ser hétero de novo, sem essas frescuras gay das grandes cidades.

- Eu não virei gay, sou assim desde pequeno, só vocês que não perceberam!!! -gritou Rodrigo saindo da cozinha.

Meu filho é gay!Onde histórias criam vida. Descubra agora