• Epílogo •

3.7K 400 341
                                    

Nove anos mais tarde...

– Papai! Estou indo procurá-lo!

Castiel olhou os jardins da propriedade dos Winchesters iluminados pela luz da lua e observou como sua filha mais velha, Claire, conseguia desaparecer completamente. Os longos cabelos dourados e escuros pareciam uma capa na noite; as alegres e vívidas pernas eram grandes para uma menina de oito anos.

Avançou rápida e silenciosamente em direção ao grupo de árvores frutíferas que havia no jardim dos fundos, andando sobre a grama como fazia o pai: com fluidez e graça... como era habitual nos vampiros.

Dean materializou-se atrás da filha e gritou: – Buu!

Claire deu um salto de três metros e meio de altura, mas se recuperou rapidamente, aterrissou sobre os pés e saiu em disparada atrás do pai, rindo. Agarrou-o, e ambos caíram sobre a grama enquanto os vaga-lumes flutuavam sobre a festa de cócegas como se também estivessem rindo.

– Papai, terminei. – disse uma voz baixa.

Castiel estendeu a mão e sentiu a mãozinha de seu filho deslizar sobre a dele.

– Obrigado por limpar seu quarto.

– Sinto tê-lo desorganizado tanto.

Pegou Luke no colo. Aos seis anos, já era evidente que seria parecido com o pai. E não apenas na aparência. Luke cresceria para transformar-se no que Dean e Claire eram. Tinha aversão ao sol. Era uma coruja noturna, e sua audição e visão eram anormalmente agudas. Entretanto, o verdadeiro indício eram os grandes caninos que, como os de um adulto, já se mostravam saltados.

Bem, isso e o fato de que Luke e Dean tinham exatamente o mesmo cheiro sombrio de especiarias picantes.

Castiel beijou a testa do filho.

– Hoje eu já disse que amo você?

Fiel à sua natureza, Luke escondeu o rosto no pescoço do pai.

– Sim, Papai. Quando estávamos jantando. E também disse ao Papai Dean e a Claire.

– E quando mais eu disse?

– No almoço. – a risada do filho era perceptível em sua voz, mas o garoto tentava dissimulá-la.

– E quando mais? – deu-lhe um pequeno apertão nas costelas para fazer com que se soltasse.

Luke se retorceu em seu colo e abandonou toda a intenção de dissimular seus sentimentos.

– No café da manhã!

Ambos começaram a rir e Castiel deu um abraço apertado no tímido e doce filho enquanto Dean e Claire aproximavam-se correndo pelo gramado. Olhou o marido e sentiu uma maré de respeito e amor invadir-lhe o peito. Ele era absolutamente incrível: à sua maneira calada, tão firme e forte, sempre cuidando dele e dos filhos com doce bondade. Também era um amante insaciável e um feroz protetor... como bem tinha comprovado um frustrado ladrão alguns meses atrás.

Amava-o agora ainda mais do que o amava pela manhã, mas menos do que o amaria no dia seguinte.

– Olá. – disse ele, enquanto Claire tomava Luke pela mão e o levava para lhe mostrar os novos botões das rosas-chá que havia perto do terraço.

– Meu amor. – murmurou Dean, sentando-se na grama junto a ele e atraindo-o para seus braços. – Tu estás lindo com esta luz.

– Obrigado.

Castiel não pôde deixar de sorrir ao pensar que aquela beleza era por causa dele. Como era também o fato de que, se estava mais jovem do que quando o tinha conhecido, não era apenas porque tinha deixado de trabalhar dia e noite, mas porque eles tinham descoberto, ao compartilhar um ou outro momento privado e pervertido, que Dean gostava que Cas bebesse dele e que o sangue de Dean tinha um efeito curioso no organismo dele. Parecia ter contido o processo de envelhecimento... ou, ao menos, retardado a tal ponto que, nos últimos nove anos, Castiel não tinha envelhecido sequer um dia. Tinha, inclusive, rejuvenescido um pouquinho.

Mas eles tinham muitas perguntas sem resposta. Dean ainda não sabia quem era seu pai ou se havia outros vampiros no mundo. Ambos estavam preocupados com o futuro dos filhos, isolados como viviam na propriedade, e com o fato de que os meninos precisavam de amigos de sua idade. O cuidado com a saúde dos garotos era outro problema: como poderiam levar seus filhos a um médico humano?

Entretanto, em geral, as coisas eram melhores do que se poderia ter imaginado. Castiel administrava a enorme fortuna dos Winchesters. Dean dava aulas para as crianças em casa. Luke e Claire cresciam e eram saudáveis.

Era uma boa vida. Uma vida estranha, porém boa.

E havia novidades para compartilhar.

– Você é um pai muito bom, sabia? – disse Castiel, acariciando-lhe os cabelos compridos.

Dean beijou-lhe o pescoço.

– Tu és um homem muito bom. E um esposo perfeito. E um homem de negócios brilhante. Não sei como consegues fazer tudo.

– A boa organização do tempo é algo maravilhoso. – Castiel colocou a mão de seu marido sobre a barriga. – E vou ter que organizá-lo um pouco mais.

Dean congelou.

– Castiel?

Ele riu.

– Você andou bastante ocupado comigo no mês passado e parece que...

Ele abraçou-o com força, tremendo um pouco. Cas sabia que havia momentos nos quais as sequelas do abuso e do encarceramento retornavam, e infelizmente isso costumava acontecer quando ele recebia boas notícias.

Depois de todos aqueles anos, Dean ainda tinha de lutar para entender algo que considerava afortunado ou milagroso. Dizia que essas coisas o faziam sentir-se como se estivesse a ponto de despertar e descobrir que aquela nova vida fora somente um sonho.

– Tu estás bem? – perguntou-lhe, afastando-se para percorrê-lo com os olhos.

– Bem. Como sempre, estou bem.

Os partos em casa não eram fáceis, mas, por meio de Mike, que sempre parecia conhecer alguém que conhecia alguém que fazia algo, eles tinham encontrado uma parteira em quem podiam confiar.

Dean acariciou-lhe a barriga.

– Tu me fazes tão feliz. Sinto-me tão orgulhoso.

– O mesmo digo eu.

Dean o beijou da forma como sempre fez, demorando-se em sua boca antes de afastar-se. Era gracioso, mas, mesmo depois de todo o tempo que estavam juntos, Castiel ainda odiava separar as bocas.

– Se for uma menina, eu gostaria de chamá-la de Danielle. – informou-lhe.

– E se for menino?

– Dean parece ser o nome perfeito. – Castiel riu. – E por acaso eu já lhe disse o quanto gosto desse nome? Dean é um nome maravilhoso.

Seu marido baixou a cabeça. Tocando os lábios contraídos um contra o outro, ele disse-lhe brandamente:

– Parece que sim. Sim, se não me engano, esse é teu nome preferido.

– Demais.

Castiel sorriu enquanto o vampiro que amava beijava-lhe até a alma. E, enquanto o abraçava terna e apaixonadamente, pensou que sim, que eles definitivamente deviam ter outro Dean na família.

Fim... ou não.

Heart of Blood [Destiel]Where stories live. Discover now