Interligados

Prólogo

Seguro o pequeno cordão abandonado durante anos em minha gaveta. Ali estava o coração da pessoa que amei ou pelo menos acreditei que estava. Infelizmente era somente um pedaço de plástico.

Como eu fui burra em acreditar e estou sendo burra por fantasiar com algo que não vai acontecer. O passado já passou e não pode retornar. Assim como a velha Atena também não existe mais.

A campainha toca e eu me levanto sem o mínimo de vontade. Quando abro porta e vejo os olhos avelã, no qual durante um bom  tempo foi o meu refúgio dos problemas, meu pequeno porto seguro. Agora não passa do espelho de um passado que desejo esquecer.

- Precisamos conversar - fala

Apenas lhe dou espaço para passar. Como a minha mãe diz, precisamos enfrentar nossos medos para seguir em frente.

- Seja rápido - peço.

- Eu sei que você não quer me ver ou ouvir desculpas, mas eu precisava te dizer a verdade - diz

- Não quero suas desculpas, você foi o único responsável por isso.

- Eu sei, ok? E eu sinto muito, de verdade Atena.

- Eu não sinto.

- Você mudou, está mais fria.

- Não estou fria, eu somente cresci. É o que geralmente acontece quando você se ferra, você amadurece e cresce.

- Atena...eu nunca esqueci você.

- Nem eu, mas eu sei que você é passado e quem anda para trás nunca consegue seguir em frente. A questão é: você consegue me deixar no passado?

- Eu pensei que podemos ser amigos.

- Eu não lhe neguei minha amizade, somente disse para não esperar que eu te conte meus segredos ou sentimentos. Eu fui sincera com você, coisa que você nunca foi comigo.

- Você sabe que uma parte de mim, sempre vai amar você.

- Eu sei. Uma parte de mim também vai sempre amar você, mas eu não  gosto de você como qualquer coisa que não seja como amigo.

- Obrigado por me escutar.

- Precisamos disso, virar a página.

- Eu não quero virar.

- Isso não depende de você. Até mais tarde.

- Até mais tarde, Tena - disse e fechou a porta.

Eu só  me permiti chorar.