E Agora?

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Me deixei convencer a ir para casa, eu estava mesmo precisando de um banho daqueles escaldantes na banheira para relaxar e também de umas roupas decentes, também teria que ir até o hospital onde eu fazia as consultas de me demitir, iria ficar só com meus pacientes da clinica, que era ali ao lado do anexo, eu não queria sair de perto de Drei.

Minha perna ainda doía muito por causa do acidente, mas ao menos eu sabia que não estava quebrada, me mediquei com antinflamatório e em alguns dias talvez estivesse melhor.

Enquanto a agua escaldante da banheira ia entorpecendo meu corpo, e minha mente ia saindo daquele estado dopado de calmantes, comecei a me lembrar do acordo com tio Klaus, suas exigências. por que será que a gente sempre aceita tudo quando esta desesperada?Pelo menos comigo era assim.

Lembrei do desespero que tomou conta de mim e quando percebi já estava discando o número do meu tio, ele chegou alguns minutos depois com sua picape.

___ O que aconteceu? Você está bem? Machucada?

___ Eu matei ela, por favor, coloque na sua maquina.

___ Não é assim tão simples.

___ Por favor tio, eu estou implorando, coloque ela a maquina, traga ela de volta.

___ Vou colocar ela no carro e conversamos na clinica. Agora entra, deixa que eu cuido disso.

Fiquei olhando enquanto ele levantava ela com facilidade no colo e colocava na parte de trás de picape, me sentei a seu lado, como eu queria conseguir chorar nessa hora, mas meu choque era tão grande, como eu queria uma palavra amiga, um abraço, mas não tive nada disso. Assim que chegamos ele levou Wendy para uma cama e cobriu totalmente com um lençol e bem foi direto comigo.

___ Agora me conte o que aconteceu.

Contei a ele meus aos trambolhões o que eu havia feito, como tudo aconteceu, e então mais uma vez implorei para que ele a trouxesse de volta.

___ Não sei se está em condições de entender isso, mas se ela voltar, não vai mais ser a mesma pessoa, a memória vai desaparecer, ela não vai se lembrar de nada.

___ Sei disso tio.

___ Você viu o que aconteceu com Eins e Zwein, isso pode acontecer com ela também.

___ Vou arriscar.

Eu não sabia o que tinha acontecido com Zwein, mas não me passou pelo cabeça perguntar, o que tinha que fazer era convencer meu tio a trazer Wendy de volta, o resto, o que viesse depois, não estava na minha cabeça naquele momento.

___ Ok! Vou fazer, mas tenho minhas condições.

___ Quais?

___ Ela vai passar a ser minha cobaia, como os outros foram, se ela der sorte de sobreviver, eu vou fazer todo tipo de teste independente de você achar certo ou não, sem me importar com a dor que ela poderia sentir, outra coisa, você vai ter contato limitado com ela e sob nenhuma hipótese vai poder dizer quem ela é ou o que aconteceu, e por ultimo, nunca mais vai chamar ela pelo nome, de agora em diante, ela se chama Drei.

Eu não pude ouvir tudo que ele falava, só sabia que enquanto conversamos o tempo ia se escoando para ela ser colocava na maquina. Aceitei tudo, por mais absurdo que pudesse parecer aquelas exigências todas, ainda assim eu aceitei.

___ Aceito.

___ Certo, eu cuido de tudo, agora Kaio vai te dar uns calmantes, você precisa dormir. De bom grado eu me entreguei ao sono que os comprimidos me proporcionaram.

Lembrar de tudo isso, agora mais calma, me fez ter noção da incrível besteira que eu havia feito, eu tinha que ter aceitando o que aconteceu, tinha que deixado Wendy partir. Seria impossível eu olhar pra ela e não lembrar da nossa relação, da nossa vida, de tudo que passamos juntas, seria dolorido ela me olhar e não saber quem sou.

Eu não fazia a menor ideia de onde tiraria forças para aguentar isso tudo.



Uma mente sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora