⭐ Capítulo 11 ⭐

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Aquela noite, eu tinha marcado de dormir na casa da Pamela. Esse era um dos poucos momentos que eu conseguia aproveitar minha vida como uma adolescente normal, jogando conversa fora, comendo besteira, assistindo filme e ouvindo música.

A sua casa era menor que a minha, e apesar de não ser tão glamourosa, ela tinha algo que vale mais que qualquer outra coisa, um aconchego e conforto familiar que só sentimos na nossa casa. Eu nunca soube o que é isso, e sinto um pouco de inveja da Pamela por ter o que eu sempre quis e espero muito ter algum dia.

- Minha mãe está chamando a gente pra jantar - ela suspira frustrada, como se comer em família fosse tedioso.

- Então vamos!! - digo animada.

- Não, a gente come aqui mesmo. Eu janto com eles todos os dias, pra variar vamos ficar aqui mesmo comendo essas porcarias - Pamela sorri segurando o que a gente ia chamar de jantar e não tive como convencê-la a comer na mesa com sua família.

- Eu pensei em irmos a uma festa, você nunca saí - ela pegou algumas peças espalhadas pelo chão e as jogou no cesto de roupas sujas.

- Você está afim de ir? - sentada na cama, folheio uma revista que estampava a Mia na capa.

- Sinceramente, não - Pamela diz desanimada, parando um pouco de arrumar o quarto, para pensar - Não quero dar de cara com o Ricardo.

- Que foi? Vocês brigaram? - fecho a revista que falava sobre coisas insignificantes, como as músicas que a Mia mais ouvia no momento, tudo jogada de marketing.

- Na verdade eu não estou mais ficando com ele, por isso o ambiente parece tenso e é tudo constrangedor quando a gente tá perto.

- Como assim? Pam, vocês pareciam tão apaixonados, o que aconteceu?

- Exatamente por isso, ELE estava apaixonado, e eu não. Só estávamos ficando e o garoto confundiu tudo, a culpa não é minha, Cami - dou de ombros depois de ouvir sua explicação, ainda um pouco confusa pra mim.

- Eu não consigo te entender - rio voltando a folhear a revista.

- Mas é bem simples Cami, e você saberia exatamente do que eu estou falando se não vivesse trancada dentro dessa bolha gigante que te impede de viver a vida lá fora.

- Se você tivesse idéia do quando eu saio, não diria isso - sorrio misteriosa e ela me olha intrigada.

- Cami, ir pra escola não é sair, e não é nesse sentido que eu tô falando. Você tem que se divertir mais, ir pra festas, sair comigo e com a Sabrina, não sei, procurar algo ou alguém que goste, pra sair um pouco dessa zona de conforto, pra curtir a vida - toda esperançosa e se sentindo a influenciadora de adolescentes anti-sociais, a Pam me faz refletir um pouco sobre tudo isso, e ao fim tive a conclusão de que eu deveria me arriscar mais. Se ninguém me reconheceu até agora, não vai ser por uma saidinha que vão desconfiar que eu sou a Mia. A regra é ser discreta, e não cantar.

- E não é que você tem razão? - digo e ela sorri convencida - Qualquer dia desses a gente saí, mas hoje eu não tô afim - coloco a revista no lugar, e abraço os joelhos, sentada na cama da Pamela.

- Hoje nem eu estou afim - ela se senta de frente pra mim, concentrada em amarar seus longos cabelos.

Por um instante lembro de algo que deveria ter feito antes. Então peço a Pamela, seu computador emprestado e faço login em uma de suas redes sociais, para stalkear o perfil do garoto sem nome (que agora tem nome).

Fico tão entretida observando as publicações antigas dele, já que as mais recentes só podiam ser vistas pelos seus quase cem seguidores, que nem percebo que a Pamela estava atrás de mim.

Bem mais que uma superstarWhere stories live. Discover now