Aidan, o mandão.

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Aidan Moore acordou com uma luz forte no rosto e uma sensação de calor além do que ele estava esperando para aquela época do ano. Demorou quase um minuto para perceber que era quase meio dia e que o aquecedor estava ligado no máximo. A sala de Elena, agora muito iluminada, parecia um paraíso tropical de quase 30 graus e tinha ainda os mesmos móveis que o lembravam os palácios de Paris.

Ele sentou-se, um pouco cansado demais e com dor nas costas e esticou os braços para cima para estalar tudo que conseguia. Sua roupa de policial estava começando a incomodar demais, mesmo ele tendo a trocado algum tempo antes na estação. Aidan queria mesmo um banho, um jogo de futebol e uma boa cerveja - outra, na verdade.

Ia começar a pensar no que iriam fazer a seguir, quando ouviu um suspiro pesado, parecido com um choro. Ele era policial e era ótimo em seguir pistas, por isso, não demorou muito para perceber que Elena estava chorando em algum lugar da casa. Ele juntou toda sua super audição de policial e invadiu o corredor com papel de parede beje chique.

Podia estar invadindo demais, pensou ele enquanto dava passos no silêncio, mas, sentiu-se autorizado a ver se Elena estava mesmo bem. Um passo. Dois passos. E, então, a porta de uma sala que parecia um biblioteca. Um escritório. Alguma coisa assim.

Livros e uma mesa enorme de mogno sentavam ali como se fossem parte de um filme real. Ali, as cortinas fechadas impediam boa parte da luz de entrar, e, no canto esquerdo, junto ao carpete vermelho no chão, ao lado das enormes prateleiras dos livros de filosofia e história, Elena estava sentada encolhida. Ela agora usava uma calça jeans muito rasgada e um suéter folgado preto, ainda com as mesmas correntes enormes e cheias de coisas penduradas. Ela ainda era a esquisitona da noite anterior, mas agora estava chorando.

Aidan sabia que ela tinha perdido amigas e que estava abalada. Agora era provável que a ficha estivesse caindo e ia doer bastante, ele sabia. Perder amigos nunca era fácil. Nunca seria fácil tirar da cabeça as imagens que ela havia visto - nem ele sabia se ia conseguir. Felizmente, com alguma coragem, ele entrou na sala, ligando a luz e via-a segurando uma canela com uma das mãos, sentada e encolhida com o rosto todo vermelho.

- Aidan. - Ela disse surpresa quando o viu parado na porta.

Com rapidez, Elena passou as mãos junto com a borda do suéter no rosto, tirando as lágrimas e tentando se recompor.

- Não se preocupe com isso, Elena. - Ele avançou devagar no escritório, respirando fundo. - Você, mais do que ninguém, tem muitos motivos para chorar hoje.

- Eu já vou sair, me desculpe. É que... eu perdi duas das minhas melhores amigas hoje.

Aidan ignorou a vergonha dela de estar chorando, abaixou-se ao lado do corpo dela e encostou em seu joelho dobrado, com delicadeza.

- Não se desculpe por isso. - Ele sorriu com gentileza. - Eu aposto como elas eram muito especiais.

- Até demais. - Elena falou levantando um ombro e tentando impedir o choro forte de voltar. - Elas eram incríveis. - Disse já com a voz cheia de lágrimas. - Realmente incríveis.

- E vocês se conheciam há muito tempo.

- Quase nossa vida toda. Ou pelo menos parecia assim. - Chorando, chutou as palavras entre sorrisos e lembranças graciosas. - Um covil é único. Eu nunca mais terei outro.

- Não fale assim. - Aidan chegou mais perto dela. - Não fale assim, Elena, claro que vai ter!

- Não vou. Não estou sendo depressiva. - Tentou explicar. - Quando nascemos, o Covil todo nasce junto. É único, Aidan. O meu acabou nesta noite. Serei uma bruxa sem covil. Oh, e elas eram incríveis... elas não mereciam isso Aidan.

O Covil SohoWhere stories live. Discover now