borboleta.

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era uma vez,
uma borboleta
pousou em meu dedo
quando eu exprimi certa confiança
que não lhe era muito oferecida.
fiquei feliz por alguma vez
alguém poder creer em mim,
mesmo que só um pouco
e por tempo indeterminado.
a beleza das suas asas
fascinava-me.
coloridas e brilhantes.
deixavam-me estupefata
pela beleza indescritível
que mantinha-me sem reação concreta.
um tom profundo
e encantador de azul celeste.
eu amo azul celeste.
infelizmente,
não sabias disso.
uma borboleta,
infelizmente,
não é possibilitada
de ver o quão belas suas asas são.
é como uma sentença,
visto que é uma beleza inexplicável.
a felicidade de tê-la em meu dedo,
ali ficando por um tempo,
era irracional.
talvez eu esteja sendo exagerada,
mas eu não me importo.
eu era uma garota fascinada.
talvez só esteja a ver-te
da forma como realmente és.
eu tinha um desejo abundante de guardá-la
em um recipiente de vidro
e fazer pequenos furos na tampa
para que você pudesse respirar,
mas nunca me perdoaria
por retirar sua liberdade
e imperdir o mundo de ter a sua beleza.
e também havia receio
em perder sua confiança.
eu ainda desejava ter-te só para mim
e te admirar durante todo o meu tempo.
esta seria a forma mais correta
de não gastar meu tempo.

porém,
eu perdi a consciência.
perdi a noção de que,
quando se tem um borboleta
por certo tempo em seu dedo,
ela corre risco de partir...
ela é livre
e foi o que você fez:
partiu e aproveitou sua liberdade.
o único fato que me consola
é de que você pode estar feliz,
mas não me agrada o fato
de ter, provavelmente,
pousado no dedo de outra jovem garota.
tê-la dado sua confiança
e deixar a mesma usufruir
e estudar a forma como você voa com maestria.

eu deveria ter noção, certo?
não é sempre que
nos encantamos por uma borboleta
e ela acaba por pousar em nosso dedo.
esse fato só ocorrera-me uma vez na vida.
mas tudo bem.
ao menos, obti a hora que poucos terão.

borboleta, espero ver-te novamente.

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