melancolia.

educação.

esse negócio de educação
me deixa um pouco triste.
eu amo aprender.
gosto de saber mais sobre cada canto do mundo,
descobrir uma nova palavra,
usar uma nova fórmula,
conhecer o universo,
o corpo humano,
a natureza,
o meu pensamento.
mas nem sempre eu consigo aprender
e eu sempre tenho que provar;
para mim, é um pouco difícil
ser excelente em tudo;
sabe, aprender tudo.
não me é sempre possível compreender aquela fórmula
ou entender como funciona aquela ligação química.
e se eu não aprendo,
todo o resto que aprendi,
é esquecido.

porque eu vou tirar uma nota baixa
e aquela cor vermelha na grade
é o fim do mundo,
que desaba bem nas minhas costas.
não importa se eu conheci a África
dentro da sala de aula
ou quantas palavras novas eu aprendi,
porque se eu não sei o que é um lipídeo,
não fui boa o suficiente.
tudo está em risco,
caso você não prove que sabe tudo.
e se não sabe tudo,
acham que não sabe nada.

o que tem de errado?
é errado eu não saber tanto?
por que eu tenho que saber tudo?
aliás,
aprendi que só sei, que nada sei,
assim como Sócrates.
mas desculpa,
é que eu não soube fazer a análise da frase que a professora pôs na prova.
desculpa se eu errei aquela questão sobre a velocidade na prova de física.
qual a diferença de eu não saber rimar no final dos versos do poema?
eu sou um ser humano.
me desculpe por não ter conseguido conjugar esse verbo em inglês.
eu não entendi muito bem;
não aprendi.

o que isso quer dizer?
eu não sou boa o suficiente se não souber a capital da Espanha?
eu não ter tirado uma nota da cor do céu na prova de matemática
ou de espanhol
me faz menos inteligente e capaz?
porque é isso o que vocês me dizem.

se eu não conseguir passar,
está tudo bem.
eu sei que eu aprendi muito,
mesmo que eles não se importem.
eu me importo.
eu me basto com o muito que sei.
eu me divirto e me encanto com o que aprendi.
e vou tentar aprender o resto,
mas não tanto.
não vou me desgastar para provar nada a ninguém;
eu sei sobre o que eu sei
e acredito saber muito
e querer saber ainda mais,
só não sobre aquilo que ficou embaralhado na minha mente
que vocês acham que é vazia.