|Capitulo 36|

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Capitulo 36

|Francisco|

Entrei no balneário com um amplo sorriso no rosto — que, logicamente, fez com que os meus colegas de equipa me olhassem com uma expressão de desconfiança. Fui tomar um duche, afinal, estava todo suado e comecei a pensar sobre toda aquela história de "possível futuro papá". Era uma coisa complexa e não vou dizer que já estava à espera disso — o meu sonho não era, propriamente, ser um Rúben Neves. E sem querer ofender o Rúben, é só que não me imaginava a ser "pai", muito menos tão repentinamente. Claro que a culpa disso era nossa. Ninguém mandou sermos irresponsáveis. Mas, não é como se a possível vida tivesse culpa disso. Ainda por cima, eu adoro crianças — dentro dos possíveis. Imaginem que o meu filho era um daqueles demônios bípedes insuportáveis? Eu teria que levá-lo a um "Adestrador de Crianças".

De qualquer das formas, o ideal era parar de pensar nessa possibilidade. Eu acabaria por me habituar à ideia e quando começasse a sentir que sim, que eu queria ser pai, iria haver um plot twist na história da minha vida e, no final, a Mariana não estaria grávida.

Mas... E se fosse real? E se fosse mesmo real? Isso significava que as coisas se iriam complicar muito. Começando pelo facto de nós ainda não estarmos totalmente em sintonia em relação a "Nós". Teríamos que trabalhar muito na nossa relação para que conseguíssemos aceitar uma terceira pessoa nela. Depois, a Mariana dedica-se imenso à sua vida académica e, por isso, passa grande parte do seu tempo a estudar ou na faculdade e eu passava grande parte do meu tempo a treinar ou em jogos. E a cereja no topo do bolo é que nós nem sequer moramos juntos. O meu maior receio era que acabássemos por desgastar a nossa relação com toda essa história... Mas não é como se eu não quisesse mesmo ser pai.

Depois do duche, vesti-me. O balneário já estava quase às moscas porque, enquanto discutia/fazia as pazes com a Mariana/descobria que podia ser pai, já todos tinham tido a oportunidade de tomar duche e ir para o calor das suas casas.

Apressei-me a ficar pronto e saí para o exterior, dirigindo-me até ao lugar onde a Mariana estava. Cheguei até ela e parei à sua frente, ficando a observá-la silenciosamente.

—Eu não sei como te dizer isto. — Começou por dizer, elevando o seu olhar para o meu rosto. Franzi o cenho, encarando-a preocupado.

O que será agora? Já só me faltava mais uma...

— O quê que aconteceu? — Inquiri.

— O Guga chegou à minha beira e beijou-me. — Respondeu, de forma rápida, fazendo-me arregalar os olhos.

— Eu juro que vou dar cabo desse otário! — Bufei.

Se ele achava que eu ia deixar isto assim, estava muito enganado.

— E não é só isso.— Proferiu, olhando-me seriamente.— Quando o tentei afastar ele continuou a beijar-me e inclusive apalpou-me...

— E onde é que ele está agora? — Questionei, extremamente possesso com a situação.

Estava bem capaz de o deixar sem jogar para o resto da vida.

— Deve estar no parque de estacionamento. Mas tu não vais fazer nada! Por favor, Francisco.— Pediu, segurando a minha mão mas eu logo a afastei com uma certa brutalidade.

— Não, Mariana. Ele não pode simplesmente beijar a minha namorada, ainda para mais, tu já lhe tinhas dito que não querias nada com ele, não tinhas?

Shut Up |FR| ✔️Where stories live. Discover now