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CAPITULO VII - Invasão

Dia 30 da chegada ao planeta, 11:00 hs horário do planeta UH-9536

Carlos estava empenhado em manter os soldados mobilizados, no dia anterior o sniper inimigo foi eliminado, depois nada aconteceu. Eles tinham feito um esquema de deixar apenas dois soldados descansando e os demais totalmente preparados para o combate imediato. Era muito exaustivo, porém eles não podiam arriscar serem pegos de surpresa. Câmeras de vigilância e sensores de movimento foram instaladas em locais estratégicos. Carlos também refletia que as forças que os atacavam não deviam ter naves em órbita, aparentemente tinham encontrado um meio mais rápido de viagem, teletransportando cápsulas diretamente para a atmosfera dos planetas, devia ser por isso que eles ainda não haviam sido obliterados por ataques vindos do espaço.

Os soldados estavam em silêncio quando um alarme foi disparado, as câmeras de vigilância que realizavam o monitoramento do céu em diferentes direções haviam captado alguma coisa. Eles olharam para cima e viram que haviam rajadas de flashes no céu, mais de uma ocorrendo ao mesmo tempo. Ninguém falou, mas diversos soldados passaram a pensar que não iam sair daquele planeta com vida.

A resposta enviada pelo comandante da nave terrestre em órbita veio depois de mais algumas horas. A mensagem dizia que a segunda e última sonda, com as atualizações das informações havia sido enviada para a base das forças terrestres mais próxima. Eles precisavam de mais recursos para lidar com aquele novo cenário, aquele planeta havia ganho repentinamente uma importância extraordinária. O comandante Flávio terminava a mensagem desejando muita sorte a todos naqueles dias de dificuldade.

A sonda levaria algumas semanas para chegar até a base, fazendo saltos de hiperespaço até lá, e essa era a forma mais rápida de comunicação interestelar, mensagens de radio levariam décadas até os sistemas solares mais próximos. E as pequenas sondas de comunicação conseguiam fazer as viagens em quase a metade do tempo das grandes naves tripuladas. Então eles só teriam reforços em alguns meses.

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Fardo estava preocupado, ele havia avistado a nova onda de flashes, e não sabia se conseguiria repelir outro avanço inimigo. Se eles viessem em um número muito grande o canhão de plasma não daria conta, era uma arma muito poderosa, com um alcance formidável, porém a cadência de tiro era um problema, depois de cada disparo ele necessitava de quase 5 segundos para recarregar e atirar novamente. Aquele veículo era um modelo antigo, quase obsoleto, afinal aquela missão era "de segunda linha", garantir um planeta possivelmente útil, havia batalhas mais cruciais ocorrendo e os melhores recursos eram destinados para elas.

Diante da situação ele refletiu e achou que não fazia sentido manter o sigilo de radio, os terrestres já sabiam de sua posição, e seu comando precisava saber sobre os flashes, cápsulas, e novos tipos de soldados inimigos. Ele gravou um relatório completo em áudio e o ilustrou com imagens do novo tipo de inimigo, criptografou e comprimiu o arquivo digital. Por cautela ele mandou um soldado levar uma antena portatil por alguns quilômetros montanha a acima e realizar a transmissão de lá.

Pouco mais de 12 horas após o envio da mensagem eles receberam uma resposta enviada por um pequeno satélite. Ao descompactar e decodificar o arquivo ele se surpreendeu a ler seu conteúdo, ele esperava que mandassem eles continuar com a vigilância e que mantivessem a posição, mas não era isso. Agora ele tinha que comunicar os novos planos para seus comandados e fazer os preparativos necessários. Fardo estava ansioso e pensava que seus soldados também iriam ficar assim, porém ele se preocupava com os riscos envolvidos naquela operação audaciosa em que eles estariam envolvidos em breve.

Fardo passou a relembrar os primeiros dias naquele planeta, estava tudo tranquilo, os seus soldados faziam reclamações de tédio. Porém ele estava gostando de um pouco de calma depois das últimas missões, onde haviam ocorrido combates. Ele se lembrou da preocupação que ele sentiu quando percebeu que a nave de transporte interestelar que os trouxera até aquele mundo havia chegado muito antes das quatro naves de combate especial que também haviam sido designadas para aquela missão. As naves de transporte que os trouxe possuía uma nave de desembarque de grande capacidade, capaz de carregar um veículo de combate totalmente carregado, e, ela realmente desembarcou nove deles no maior continente do planeta. Todos em pontos diferente, eles não tinham um acampamento central, como os humanos gostavam de ter. Eles também haviam trazido uma aeronave, que ficava baseada em um pequeno acampamento fixo no centro do continente. Infelizmente ela havia sido destruída. Também haviam sido trazidas algumas embarcações pequenas e patrulhavam a costa do continente.

A nave de transporte havia ido embora depois de descarregar as tropas, os mantimentos e lançar satélites de vigilância. Mais alguns dias e as naves de combate chegariam, porém antes disso os terrestres apareceram, os satélites captaram a grande nave de transporte inimiga, e infelizmente eles não podiam fazer nada, a não ser se esconder e manter silêncio de rádio.

Foi frustrante quando as naves de combate se atrasaram mais ainda e a nave transporte dos humanos foi embora. As naves Stall chegaram finalmente e eles pensaram que iriam virar o jogo, porém elas captaram uma nave inimiga camuflada. E desde então estavam tentando encontrar uma chance para destruí-la.

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Rescla acompanhava pelo transmissor as atualizações da situação das tropas Hava. Milhares de guerreiros estavam chegando ao planeta nas cápsulas e se organizando para o ataque que ocorreria em breve. Eles tomariam as posições inimigas e garantiriam o domínio daquela região. Cada vez chegariam mais reforços, e por último os primeiros colonos, que iriam construir fazendas, minas, fábricas e cidades inteiras. Por último viriam alguns Crows escravos, que iriam construir teletransportadores, os quais iriam enviar cápsulas de volta ao planeta base, permitindo a comunicação do planeta com o resto da civilização Hava. Até lá estavam isolados. Até hoje nenhuma invasão havia falhado. Rescla pensou que se uma invasão falhasse um dia os Crows podiam cair na mão de uma civilização inimiga, o que seria muito temerário, uma vez que eles teriam como também invadir mundos Hava. E ele pensou ainda que os Hava não faziam muitos investimentos em defesa atualmente, uma vez que a febre da conquista de outros planetas contagiou sua sociedade e todos os recursos militares estavam sendo investido nas ondas de invasores teletransportadas em cápsulas pelo espaço. Ele pensava nas enormes cidades formadas exclusivamente por fêmeas reprodutoras e machos operários, totalmente indefesos, uma vez que os machos guerreiros assim que eram identificados, muitas vezes ainda dentro dos ovos, eram levados para os campos de treinamentos, para poucos anos depois partirem para as invasões.

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Dia 31 da chegada ao planeta, 02:00 hs horário do planeta UH-9536

Carlos estava tentando dormir um pouco, porém com pouco sucesso. Ele não estava conseguindo parar de pensar na situação precária em se encontravam e rolava de um lado para o outro em seu colchonete inflável. Estava ainda acordado quando um soldado foi chamá-lo. Um sinal codificado estava chegando da rede de satélites furtivos. O que estava chegando eram varreduras feitas pelos sensores térmicos dos satélites. As imagens mostravam amontoados de emissões térmicas se formando próximos a eles e ao vale de onde tinha vindo o ataque ao comboio, diversos dias atrás.

Era evidente que se preparavam para invadir o Canyon, porém também estavam se concentrando próximo ao Vale, que era uma posição Stall. A ideia de uma terceira raça agora parecia cada vez mais real para Carlos. A transmissão também continha um plano de evacuação por terra. A NCO iria lançar alguns mísseis de maneira mais discreta possível, os quais iriam limpar um corredor para eles passarem, então eles poderiam fugir para as montanhas. O plano não falava em mais nada depois da fuga para as montanhas, mas Carlos achava que não podia esperar mais que isso, dadas as circunstâncias.

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Fardo repassava o plano para seus comandados, em poucas horas as naves de combate Stall iriam disparar os canhões magnéticos contra as posições alienígenas próximas ao vale onde eles estavam naquele momento. Isso deveria matar quase todos os soldados adversários. Nesse momento outros dois veículos de combate que estavam escondidos em regiões próximas estavam rumando para o vale para encontrá-los logo após o ataque orbital. Eles e as equipes dos dois carros de combate iriam para as posições inimigas, que naquele momento deverão ser um campo de morte. O objetivo era coletar corpos, armas, cápsulas, etc. Eles então assegurariam uma zona de pouso para as naves de desembarque tático.

As naves de desembarque trarão mais soldados para reforçar o perímetro e retirarão os itens mais significativos da tecnologia alienígena. Em teoria era um bom plano, porém Fardo era cauteloso e achava que imprevistos acontecem, mas a missão era muito importante e valeria o risco.

rascunhoWhere stories live. Discover now