FELIPE

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Felipe

Assim que ele entrou no banheiro, eu logo peguei o diário dele embaixo do seu travesseiro, precisava saber o porquê dele ter fechado tão rápido aquele livreto. No momento em que abri, vi ele desabafando sobre o irmão e como a relação deles havia ficado ruim, sobre os pais que sempre estavam viajando e a saudade dele desabafar com a mãe ou pedir ajuda ao seu pai.

Foi então que virei a página e me deparei com um desenho enorme meu e meu nome escrito em uma caligrafia desenhada a mão. Foi então que vi desabafos dele sobre mim e desenhos feitos. Em uma página havia escrito o seguinte que me fez pensar que eu precisava ficar longe dele, porém, eu ainda precisava terminar aquele bendito trabalho que levaria mais algum tempo para terminar. No trecho estava escrito o seguinte:

"Felipe, como eu precisava sentir o cheiro dele, ele fica junto com todos aqueles idiotas, porém, ele é diferente, sei disso. Mas tenho que tirar ele da cabeça eu só me magoaria mais e agora que estamos próximos não posso colocar tudo a perder. Ele realmente é incrível e simpático, mas porque que quando está junto com Douglas e seus idiotas ele age feito um trouxa que não merece nada, apenas o inferno por tentar me deixar mal. Eu sou louco por ele e eu sei que não vou esquecer ele jamais. Felipe espero do fundo do meu coração que um dia você acorde para vida e aprenda os valores necessários de um ser humano. Você é incrível e estou feliz de estar próximo de você. Nem sei porque escrevi isso dessa forma se ele jamais vai ler..."

25/02/2018.
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E então eu estava enfurecido, como aquele "veado" podia estar apaixonado por mim. Como ele ousava em escrever coisas e desenhar coisas sobre mim ou nós? - eu precisava me distanciar dele o mais rápido possível. Ele saiu do banheiro e me viu com o livreto em minhas mãos, no rádio tocava "In My Feelings - Lana Del Rey". Levantei da cadeira, lhe dei um soco bem acertado no seu rosto, ele já chorava e pedia para que eu parasse, mas eu não parei, o espanquei e no final de tudo acabei cuspindo em sua cara e saindo de sua casa.

A noite quando deitei e parei para pensar no que eu havia feito, sabia que tinha errado em ter batido nele, afinal, era um grande idiota e já tinha feito tão mal a ele. Bati com força por não aguentar ler aquelas coisas. Vomitei, vomitei bonito, precisava fazer algo e então fui até sua casa, isso já era 23:30. Toquei a campainha, ele veio atender e pediu para eu entrar. Ele estava muito machucado, comecei a chorar pelo que eu tinha feito, se arrependimento matasse, eu já estava morto.

- Lucas quero te pedir perdão - falei chorando.
Não! Vá embora! - ele gritou
- Não vou, você vai me escutar! - falei alto.
- Não quero, deixa que eu termino o trabalho e some, eu pensei que fossemos amigos e além de tudo você invade o meu espaço, que tipo de monstro é você? - ele falou me acertou como um soco.
- Só preciso que me perdoe, ainda é tudo tão estranho pra mim, nunca um menino gostou ou deu em cima de mim. - falei chorando ainda mais.
- E por isso você me enche de porrada, olha meu rosto, olha o que me causou. - ele estava completamente inchado e roxo.
- Me perdoa por favor. - falei novamente
- Não... - ele abaixou a cabeça chorando.

Sei que eu tinha magoado aquele garoto indefeso, mas entendam o meu lado também, mantinha uma reputação e respeito com todos, agora como ficaria a minha fama, mas precisava fazer algo, eu não estava sendo eu. Será que tudo que fazia a ele era porque via que ele era feliz e eu não? - realmente eu não era feliz, eu preciso contar um pouco mais da minha vida a vocês, mas não agora. Voltando ao quarto, o assunto tinha acabado no "não" dele, o olhei e o chamei.

- Lucas, olhe para mim. - ele olhou.
- Não fala mais nada, só sai. - ele ainda chorava.
- Eu nunca vou me perdoar e então eu preciso do seu perdão. - falei rápido.
- Felipe, estávamos tão bem, pensei que você seria meu amigo, mas como pude imaginar isso se você já fazia parte do grupo em que faz da minha vida um inferno, eu me enganei realmente. - Só peço que saia. - ele se levantou e abriu a porta do seu quarto pedindo para que eu saísse. - só saí...

Voltei para casa e entrei no chuveiro, Lucas nunca me perdoaria, morreria com aquela culpa nas minhas costas. O que poderia fazer, no que estava pensando quando fiz aquilo, ele sempre tão gentil comigo, sempre me oferecendo ajuda, sempre...

Eu estava notando ele de uma maneira diferente, mas não suportaria a fama que eu teria, sempre fui o mais popular, sempre alcancei tudo o que eu sempre quis... mas eu não era feliz, nunca fui feliz. Era igual Lucas e então estava perdidamente apaixonado por ele e só não quis aceitar e acabei negando a mim mesmo. Tinha vontade de cuidar dele desde o primeiro momento em que Douglas havia mijado nele com seu grupo. E agora tinha perdido ele pra sempre, sem nunca ter conquistado ele.

Como ele se sente, não parei para perguntar. Ele não tem relação com o irmão que na verdade não olha na cara dele praticamente, os pais estão sempre fora e Ana que era sua única amiga quase nunca estava com ele. Lucas era tão sozinho.

Agora faria de tudo para conquistá-lo, eu seria outra pessoa, não vou mais ligar para fama e reputação. Ligarei para Kelly e terminarei o que acabara de começar.

E amanhã será um novo dia...

Amar é Um Erro (romance gay)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt