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Ainda que nervoso, Luhan não voltara a ver Sehun. Porém, o lenço em cima da penteadeira o assombrava, ainda tinha de devolver o acessório. De acordo com Sr. Kim, o rapaz gostava de andar a cavalo e ia até a cidade com frequência, apesar de não ser uma criatura extremamente social. Três dias após o fatídico encontro, Luhan estava aprendendo a "relaxar" e já seguia o ritmo da fazenda, cuidando de suas obrigações da melhor forma que podia. As mulheres que trabalhavam na cozinha, em sua maioria senhoras, eram muito amigáveis, se não um tanto rígidas, porém impecáveis em seu trabalho. Nunca havia comido tão bem em toda sua vida, nem imaginava que diria tal coisa sobre a comida de um local de trabalho. Sua casa parecia cada vez mais agradável e, apesar de ter muitos serviços durante o dia, conseguia descansar bem a noite. Se as camas dos empregados eram tão boas, não conseguia imaginar como as camas dos donos e hóspedes deveriam ser. Rira, coçando a cabeça, ao reconhecer que aquele era um pensamento estranho e que podia ser interpretado de outra forma. Não que Luhan fosse se submeter a aquele tipo de serviço.
Era modesto, mas sabia que sua aparência as vezes recebia elogios de homens e mulheres e já havia recusado propostas que preferia não falar alto.
Estava mais satisfeito em limpar estábulos, o que era justamente o que estava fazendo quando sua paz fora perturbada.
Cenoura, o cavalo de Sehun, era um animal calmo e fácil de lidar. Tão diferente do dono, que era um tipo completamente diferente de cavalo. Agradecia que Sr. Kim não podia saber seus pensamentos, o pobre homem cairia duro no chão.
Estava escovando a crina do animal quando um pigarro o assustara, seguido da mesma voz odiosa e arrastada.

— E nos vemos enfim.

Luhan arriscou um olhar para trás, onde Sehun se encostava contra um dos pilares de madeira do estábulo, em toda sua glória de camisa azul escuro, como um príncipe dos livros. Ou apenas um cavalo bem vestido.
Acenou, murmurando um "olá", meio espremido.

— Achei que estava se escondendo, na verdade. Os funcionários da casa não sabiam onde você estava.
Revirou os olhos.

— Meu trabalho geralmente é fora da casa e não o contrário. Teria sido mais útil perguntar ao Sr. Kim.

— Hm. Mas eu perguntei.

— Então não me achou porquê não quis. Afinal, precisa de algo, senhor?
Enfatizou a palavra, expressando seu desdenho.

— Não mais, já que você já está aqui. Precisava de alguém para cuidar do Cenoura. Acho que você está indo bem.

— Ele é um cavalo comportado, diferente do dono.

Luhan murmurou, porém prendeu a respiração logo em seguida. Não podia sair falando o que bem queria.

— O que disse?

— Nada, senhor. O cavalo é bem comportado.

Luhan arriscou, na esperança que Sehun acreditasse.

— Ah, sim ele é.

Sehun não continuou a conversa, apenas se encostou em um pilar, observando Luhan, que se sentia cada vez mais desconfortável com a presença do outro.

— Está gostando do lugar?

— Estou, senhor.

— Yifan ficará feliz em saber.

Luhan ainda não havia visto Yifan, mas sabia que devia ser um homem muito ocupado, cuidando sozinho de um lugar tão grande. Sehun não devia ajudar muito, já que tinha tempo suficiente para ficar perturbando os empregados.

— Aliás, acho que ele mencionou algum serviço para você, mas não consigo lembrar...

— Ah, tenho certeza que o Sr. Kim vai me avisar se necessário.

Sehun o encarou por um momento, sorrindo de canto.

— É bom ver que você está se adaptando a rotina. Está acostumado com esse tipo de trabalho?

— Eu trabalho desde muito novo, senhor. Porém nunca trabalhei fora de casa.

— E qual sua idade, Han?

Luhan não deixou de notar como o outro não pronunciou seu sobrenome, como de costume.

— 21, senhor.

— Você é mais jovem que grande parte dos funcionários daqui.

— Se me permite, você não parece muito velho.

Sehun soltou um riso baixo, meneando a cabeça.

— Tenho 19.

Não se surpreendera que o outro fosse tão novo, não apenas por sua aparência, mas também por seu comportamento.

— Mas disse que sou um dos mais jovens aqui. Uma propriedade tão grande não precisa de mais trabalhadores com disposição?

— É o que venho dizendo a meu irmão. Ele não tem coração para despedir empregados mais velhos, no entanto, então sempre arranja algum serviço.

— Hm, ele parece um bom patrão.

— Mas não tão bom administrador. A grande maioria desses trabalhadores mais velhos tem filhos dispostos a trabalhar, então acaba não se tornando um problema a longo prazo.

— Confesso que não entendo de negócios...

Comentou, fechando a porta do estábulo.

— Não esperei que entendesse, na verdade.

— Como assim?

— Pessoas como você, que trabalham aqui fora, geralmente não passam o tempo estudando economia.

Luhan sabia que era verdade, trabalhadores rurais não tinham a oportunidade de estudar igual as que tinham dinheiro.

— Nem todos tem as mesmas oportunidades.

— Suponho que não.

Luhan continuou com sua tarefa de guardar as ferramentas que usou, sem tentar manter a conversa. O último assunto o incomodava mais do que deixava transparecer.
Estava prestes a ir embora, quando uma mão envolveu seu pulso, puxando-o para trás.

— Hoje a noite, quando acabar de jantar, me encontre aqui. Tenho uma tarefa para você.

Luhan o encarou, confuso. Que tarefa poderia ser feita tão tarde?

— Não se preocupe, não é nada difícil, mas não posso pedir a outra pessoa.

Observou o outro se afastar antes que pudesse responder. Afinal, não entendia o que Sehun poderia precisar que fizesse tão tarde da noite.
No entanto, não podia negar que toda aquela situação o deixava inquieto. Não tinha um pressentimento bom e sua intuição raramente se provava errônea.

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⏰ Terakhir diperbarui: Nov 03, 2017 ⏰

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