A cada dia que passa parece que me estou a afundar mais, é como se fosse engolida por uma gigantesca e mostruosa onda que me suga, suga cada pedaço de mim, da minha alma, tira-me o oxigénio.
Como se pode viver assim? No fundo do oceano sendo engolida por ele a cada segundo, tirando-me um pouco de vida, lentamente e torturosamente.
O peito doí-me, mas o que é a dor física comparada à dor psicológica? Só gostava de conseguir parar esta dor na minha alma, alma vazia que não sabe o que quer, não sabe o que sente. Já nem sei quem sou. A onda sugou cada parte de mim e deixou-me sem nada, só com esta dor insuportável. Esta a qualquer momento poderá asfixiar-me e levar com ela todo o sofrimento de uma vida. Vida dolorosa, inconstante que balança, balança como uma onda agitada, balança entre o vazio e a dor, entre o bem e o mal.
Será que a vida é isto? Morrer balançando entre este vazio que ocupa tanto espaço, esta angústia de me estar a afundar e a ser engolida por onda atrás de onda.
E se eu tentar? E se eu tornar toda esta dor, angústia, sofrimento na minha força para lutar, para sobreviver a este tsunami, à montanha russa que é a minha vida?
Mas... eu já não tenho forças, eu estou vazia, eu não poderei remar contra a maré. Talvez tudo o que me reste é esperar, esperar que tudo se vá, que a onda leve consigo a minha vida, esta vida inconstante.
A minha visão começa a ficar turva. Será agora? Sinto a água salgada nos meus olhos. Só te peço, mar agitado, leva-me! Não aguento mais, sinto-me frágil, fraca, sem forças para nada. Aos poucos a insanidade, os meus demónios vão-se apoderando de mim, da minha mente e alma débil. É agora! Chegou a hora de o mar, tal como eu, agitado me levar. Levar tudo o que tenho, tudo o que sou e não sou, tudo o que fui e tudo o que poderia vir a ser.
A minha alma deixa de doer, 1... 2... 3... Deixo de sentir, 1... 2... 3... A minha visão fica completamente escura, negra como toda a minha vida, como todos os meus demónios, 1... 2... 3... Adeus!
Mas... mas eu estou a ouvir algo... Eu não morri? Oiço as gaivotas na praia, oiço o barulho de cada onda. Mas porquê? Eu quero ir! Eu não posso ficar, eu não consigo viver com toda esta dor, nesta insanidade.
E se em vez que remar contra a maré me deixar levar por ela? Talvez ela me guie para o sítio certo? Talvez ela me indique o caminho da felicidade, talvez o mar que sempre me fez balouçar agora me ajude, talvez o maior dos meus demónios se torne o meu maior e fiél amigo.
Apenas tenho que acreditar, pela primeira vez nesta minha vida de tristeza e dor eu vou acreditar, vou tentar! Sim tentar. Ainda terei um grande caminho a percorrer, mas não vou morrer sem tentar. A vida talvez seja mesmo isto, uma onda, mas nós temos de decidir. Tentamos ou desistimos? Somos felizes ou infelizes? Amor ou ódio?
Somos nós que temos a capacidade de decidir, a felicidade é uma decisão nossa. Nós decidimos o nosso presente, o nosso futuro.
O passado pode ter sido horrível, uma verdadeira batalha entre os nossos próprios demónios, mas somos nós que decidimos o presente. O passado é uma lição. Ele muda-nos, mas nós não podemos viver agarrados a isso. Não o podemos esquecer, nem devemos porque ele ensina-nos a ser melhor, a aprender com os nossos erros.
Segue em frente. Vive o presente. O passado já foi, o futuro será. Constrói novas memórias.
Vou tentar viver com um sorriso no rosto, valorizar as coisas boas que tenho, ver o lado bom das coisas.
Não vou deixar mais que os meus demónios me vençam. Agora sou eu que tenho o poder, vou lutar com eles e vou conseguir.
Quando morrer quero saber que aproveitei tudo ao máximo, que não desperdicei tudo o que a vida me podia dar de bom.
Onda, mar agitado, que tanto me sufocaste, agora és tu que me trazes de volta à margem. Tu que eras um dos meus maiores demónios salvaste-me, tornaste-te a minha esperança, a minha força, fizeste-me perceber que temos que acreditar, tentar, escolher, que somos nós que temos o poder.
Agora o sol brilha, o mar está mais calmo, talvez esteja na hora de combater contra tudo o que durante esta vida me atormentou.
A minha alma continua instável, mas agora esta alma sabe o que quer.
1... 2... 3... Vou ser feliz!
DU LIEST GERADE
Pensamentos Perdidos
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