{40} A MORADA DOS RESISTENTES

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Eles levaram dois dias para chegar no esconderijo rebelde. Khamí poderia ter feito o percurso na metade do tempo, no entanto, Barton e Johá cavalgavam um cavalo comum e acabariam ficando para trás. Aproximaram-se de uma vila minúscula com apenas meia dúzia de casas abandonadas e decrépitas, encolhidas perto de uma antiga floresta de bétulas altas.

- É aqui que vocês se escondem? - indagou Barton a medida que passavam pelo portal podre, que ameaçava cair. - Uma vila abandonada?

- Sim. Estamos aqui há alguns anos, mas sempre mudamos de lugar - explicou Lara.

Johá olhou em volta, analisando a área. Era o tipo de lugar que ele passaria longe em situações normais. As casas eram altas com janelas pequenas, algumas cobertas por tapumes apodrecidos. A madeira das paredes era escura e parecia bem frágil. Todo o lugar, na verdade, ameaçava desmoronar com um chute no lugar certo.

Lara e Allan os levaram até a única casa feita com blocos de pedra ali, com dois pavimentos. Apesar de também ter sido maltratada pelo tempo, era bem mais solida do que as outras. Quando entraram, Johá preparou-se para ver dezenas de Áureos andando para todos os lados com mapas e armas, preocupados com assuntos de guerra. No entanto, tudo que viu foi um garoto calvo sentado no chão, brincando com bonecos de madeira e uma bela jovem de cabelos vermelhos encaracolados que descia a escada do segundo andar para recebê-los.

- Minha nossa, Lara, quanta demora! - reclamou a ruiva. - Achei que tinha acontecido alguma coisa.

- E aconteceu - falou Lara, animada. - Eu os encontrei.

O garotinho largou os brinquedos e estudou os recém-chegados com um olhar curioso, depois ficou encarando Barton por todo o tempo.

- Bom, eu vou tomar um belo banho, isso sim - disse Allan com um espreguiçar exagerado e sumiu escada acima.

Lara pediu que se acomodassem onde quiserem enquanto ela fazia as apresentações.

- Essa aqui é Helena - disse, apontando para a ruiva que dava um tchauzinho meigo para Johá, que ficou tão vermelho quanto o cabelo dela. - Ela uma Nahin da água, é responsável pela segurança do lugar enquanto estamos fora.

Helena tinha a aparência delicada de uma garota que acabara de sair da adolescência. Trajava um vestido solto com estampa florida e estava sempre acompanhada de um cantil decorado, pendurado na cintura fina.

- Vocês já conheceram Allan, o nosso Nahin da terra - continuou Lara. - E Fábio o Niffj, o contato em B14.

Fábio ainda não havia chegado. Tinha ficado na vila para se livrar dos corpos dos Espectros que Lara matara e para apagar qualquer possível rastro deixado na alfaiataria.

- Eu sou a líder - falou ela.

- Ela é muito humilde para falar também que é a única Nahin que controla dois elementos: fogo e ar. - Helena falou, dando socos no ar, como se comemorasse tê-la na equipe.

- Espera um pouco, são apenas vocês quatro? - indagou Barton, sem saber o que pensar. - Achei que houvesse um pequeno exército aqui.

- Exércitos, mesmo os pequenos, são difíceis de passar despercebidos, benzinho. - Helena sentou-se sobre uma mesa e ficou balançando as pernas torneadas.

- Ela tem razão, Barton - continuou Lara. - A resistência não é mais tão vigorosa quanto antes. E não somos só nós, falta eu apresentar a pessoa que vocês vieram procurar. - O garotinho careca que os espiava escondido atrás de um armário velho, aproximou-se quando Lara o chamou. - Esse é Donovan, o único Soma de que temos notícia em toda Híon.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑪𝒂𝒎𝒊𝒏𝒉𝒐 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑺𝒉𝒊𝒏𝒆̂Where stories live. Discover now