Um convite.

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"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim."
(João 14.6)


     -Você parece nervoso, por que não dá um trago nessa verdinha aqui? –Bruno perguntou quase enfiando o cigarro de maconha na boca de Rafael.

     -Eu não fumo. –Rafael afastou a mão do homem.

     -Como consegue vender a bagulho e nunca ter tido a curiosidade de experimentar?

     -Porque eu sei o que isso faz com a pessoa. –Rafael falou se lembrando de como Ronald havia matado sua mãe sem nenhum pingo de piedade. Ele nunca usaria algo que poderia fazer com que ele se parecesse com aquele homem.

     -Você é caretão, isso sim. –Bruno deu mais uma tragada soltando a fumaça toda no rosto de Rafael.

     -Para com isso, Bruno. –Leandro apareceu. –Parece uma criança de sete anos. –O homem revirou os olhos. –Do que adianta você ganhar dinheiro vendendo a droga se você gasta tudo com a mesma? Você nunca vai sair do mesmo degrau.

     -Olá, posso falar um minutinho com vocês? –Um rapaz alto e sorridente interrompeu a conversa dos três.

     -Pode.

     -Meu nome é Eduardo e esse aqui é o Mateus... –Eles se cumprimentaram. –Nós estávamos passando por aqui e eu queria fazer um convite para vocês. –Rafael olhava para os olhos quase verdes do rapaz e sentia ali algo diferente, algo em Eduardo brilhava, seu sorriso parecia de verdade. –Amanhã vamos ter um encontro de jovens muito especial, vai ter várias apresentações de música, de dança, de teatro... Vocês não gostariam de dar uma passadinha lá?

     -É aonde? –Bruno perguntou.

     Os rapazes entregaram um folheto e Rafael começou a ler, mas logo foi interrompido por Bruno:

     -Mas esse endereço não é de uma igreja?

     -Sim. –Eduardo concordou.

     -Em uma igreja tem tudo isso? –Rafael perguntou franzindo as sobrancelhas.

      -Vocês acham que a gente fica com a Bíblia debaixo do braço pra onde quer que a gente vá, não é mesmo? -Nenhum dos três concordou, mas era o que eles pensavam. –Querem saber? Por que vocês não vão amanhã para ver como é e tirem suas próprias conclusões? –Eduardo sorriu. –Falou, vejo vocês amanhã!

     -Igreja! –Bruno riu secamente jogando o papelzinho no chão enquanto os dois jovens caminhavam em direção a outro grupo de pessoas. –Minha mãe ia pra igreja e morreu da mesma forma.

     -Não acho que ir para a igreja o torna imortal, Bruno. –Rafael falou revirando os olhos e quando ia amassar seu papel também, Leandro segurou seu pulso:

     -Não amasse.

     -Por quê?

     -Acho que você deveria ir.

     -Por quê?

     -Confia em mim, você vai gostar. Conhecer novos ares.

     -Você por acaso vai?

     Leandro riu amargamente e soltou o pulso de Rafael:

     -Pra mim não tem mais jeito, criança. Mas você ainda tem uma vida inteira pela frente, não desperdice. –Ele se virou e começou a caminhar.

Feito de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora