Proibido - Parte 3 (FINAL)

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FUNERAIS SÃO PARA os vivos, isso não é novidade para ninguém, e não era para Mylena.

As pessoas vestidas de preto estavam em estado de choque, sem acreditar no que havia acontecido. Os pais de Danielle estavam rodeados de amigos e parentes, sendo consolados e abraçados.

O caixão marrom polido estava com as flores – rosas vermelhas – favoritas de Danielle. Mylena estava adiando o quanto podia o momento de se aproximar, decidiu dar seus pêsames aos pais apenas para ter um motivo para dar uma última olhada em Danielle.

— Vou falar com eles — Mylena apontou com o queixo enquanto falava com sua mãe. — Volto num instante.

Sandra assentiu. Humberto teve uma emergência na sua empresa, teve que se ausentar. Sua mãe só concordou em vim ao funeral graças aos pedidos dela. Sandra fingiu muito bem que não foi Danielle que contou a ela sobre o relacionamento escondido de Mylena.

Com o vestido recém comprado preto batendo atrás dos joelhos, Mylena andou até os dois homens. Os olhos vermelhos de choro, as mãos dadas.

– Oi – disse Mylena se perguntando qual a melhor maneira de abordá-los. – Meu nome é Mylena, eu... Eu conhecia a Danielle. Estudo na mesma escola que ela.

O homem maior, de cabelos pretos e olhos azuis, levantou o rosto. Mylena sentiu-se uma anã perto dele.

– Olá, obrigado pelo o apoio – falou ele enquanto a abraçava, soltando a mão do marido. – Meu nome é Louis, este é Mike, meu marido.

Mylena o abraçou. Mike era o oposto de Louis: cabelos loiros, como o de Danielle, olhos escuros, como o de Danielle. Aquele, provavelmente, era o pai biológico da garota morta.

– Eu sinto muito pela a perda de vocês.

Louis abraçou Mike pelo os ombros, Mike uma cabeça menor que o marido. Poucos, ou ninguém, sabia que Danielle tinha dois pais. Para Mylena, aquilo era uma bênção, um pai a mais seria melhor que a sua mãe. Ao chegar minutos atrás, Sandra deixou escapar um olhar de surpresa ao ver os dois homens abraçados, mas soube fingir normalidade muitíssimo bem.

– Eu não entendo – começou Mike, sua voz tinha um tom semelhante a de Danielle, mas grave como a de um homem. – Dani disse que ia dar um passeio, não imaginei que fosse acabar assim – a voz embargou-se de choro.

— Ninguém imaginou que fosse acabar assim, Mike — disse Louis.

— A Danielle falou com quem ia se encontrar? — Falou Mylena. — Se me permitem saber. — Acrescentou ao ver o rosto confuso deles.

— Ela não disse que ia ver ninguém — falou Mike, juntando as sobrancelhas que eram de um tom mais escuro que o cabelo.

— Estranho.

— Por que estranho? — Perguntaram em coro.

— Eu sou mulher e... — Mylena resolveu mudar o começo da explicação. — Quando alguém sai a noite, pelo menos na maioria das vezes, não é só para caminhar, é para se encontrar com alguém.

Uma tensão se fez pelo o corpo de Mike, deixando-o rijo e eufórico.

— Lou — disse Mike, encarando o marido de perto —, temos que... Temos que dar essa informação aos investigadores. Devemos isso a Danielle, temos que prender quem a ma... — Mike não conseguiu continuar, teve que prender o choro com a mão.

O marido o abraçou.

– Vá se deitar, eu falo com ela e me despeço das pessoas – Louis disse.

Mylena assistiu Mike subir as escadas até o andar de cima, correndo para fazer uma ligação aos policiais.

Louis se virou para ela. E, após perceber o que fez, Mylena se desculpou.

Adolescentes em CriseWhere stories live. Discover now