Capítulo Dois - Tem Que Ser Ruivo

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Conor estava sentado na sala de espera do consultório do Doutor Eoin Murphy com um exemplar de O Retrato de Dorian Gray aberto na sua cena favorita.

- Oi, Conor! - Ouviu o psicólogo dizer.

- Olá, Eoin. - Respondeu retirando a atenção do livro.

- Entre. Já estou pronto para você

Conor entrou no consultório e sentou no lugar de costume.

- Quantas vezes você leu esse livro?

- Trinta e duas.

Eoin se sentou em frente a ele. - E você não se cansa?

- Não. Gosto de reler meus livros favoritos. Você sabe.

- Sim, claro. E então? Como foi a sua semana?

- Foi uma boa semana. Comecei a escrever uma peça de teatro.

- É mesmo? Isso é ótimo!

- Sim. Você me aconselhou a fazer algo diferente e é o que estou fazendo. Nunca havia escrito uma peça.

- E como vai com os exercícios que planejamos semana passada?

- Eu diria que o resultado é satisfatório.

- E isso quer dizer...?

Conor pensou por alguns segundos - Quer dizer que eu não necessariamente cumpri com todos os requisitos, mas aprendi muito no processo.

- Você ouviu a Quinta Sinfonia de Beethoven em um dia que não fosse Quinta-Feira?

- Não. 

- Conor!

- Sempre ouço a Quinta Sinfonia na Quinta-Feira. - Justificou - Mas eu comi espaguete com molho de tomate na Segunda. Você sabe que eu não como nada vermelho na Segunda.

- É mesmo? Conte-me mais sobre isso.

- Bem, em realidade eu preparei o molho de tomate. Terminei comendo somente o espaguete. Mas eu o preparei. E tentei comê-lo.

Eoin balançou a cabeça de um lado para outro o que Conor sabia, era um sinal negativo.

- Conor, o objetivo desses exercícios é tentar abandonar o seu comportamento compulsivo, já que ele não ajuda em nada.

- Eu discordo. Meu estilo de vida me faz sentir confortável.

- Só que não estamos falando de apenas um estilo de vida, não é mesmo? É muito mais que isso. Você já tem vinte e cinco anos e precisa perder os velhos hábitos.

Conor não disse nada. Não fazia sentido, considerando que ele e Eoin jamais estiveram de acordo.

- Responda-me algo: Qual é o nome da minha recepcionista?

Ele não tinha ideia. Sempre chegava, se sentava e lia enquanto esperava que Eoin o chamasse. Nunca havia perguntado o nome da recepcionista. De fato, nunca sequer havia prestado atenção nela.

- Não acredito que isso tenha alguma relevância. - Foi sua resposta

- Nós já falamos sobre isso. Esconder-se dentro de casa, na comodidade dos seus hábitos é mais fácil, sim, mas não é o ideal. Você tem que conversar com as pessoas.

- Seria mais fácil se você não trocasse de recepcionista com tanta frequência. - Queixou-se

- A Abby, que a propósito é o nome dela, trabalha aqui há cinco anos. - Eoin aclarou - Em nenhum momento desses cinco anos, pareceu uma boa ideia perguntar o nome dela?

Não Inclui Manual de Instruções (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora