Conor estava sentado na sala de espera do consultório do Doutor Eoin Murphy com um exemplar de O Retrato de Dorian Gray aberto na sua cena favorita.
- Oi, Conor! - Ouviu o psicólogo dizer.
- Olá, Eoin. - Respondeu retirando a atenção do livro.
- Entre. Já estou pronto para você
Conor entrou no consultório e sentou no lugar de costume.
- Quantas vezes você leu esse livro?
- Trinta e duas.
Eoin se sentou em frente a ele. - E você não se cansa?
- Não. Gosto de reler meus livros favoritos. Você sabe.
- Sim, claro. E então? Como foi a sua semana?
- Foi uma boa semana. Comecei a escrever uma peça de teatro.
- É mesmo? Isso é ótimo!
- Sim. Você me aconselhou a fazer algo diferente e é o que estou fazendo. Nunca havia escrito uma peça.
- E como vai com os exercícios que planejamos semana passada?
- Eu diria que o resultado é satisfatório.
- E isso quer dizer...?
Conor pensou por alguns segundos - Quer dizer que eu não necessariamente cumpri com todos os requisitos, mas aprendi muito no processo.
- Você ouviu a Quinta Sinfonia de Beethoven em um dia que não fosse Quinta-Feira?
- Não.
- Conor!
- Sempre ouço a Quinta Sinfonia na Quinta-Feira. - Justificou - Mas eu comi espaguete com molho de tomate na Segunda. Você sabe que eu não como nada vermelho na Segunda.
- É mesmo? Conte-me mais sobre isso.
- Bem, em realidade eu preparei o molho de tomate. Terminei comendo somente o espaguete. Mas eu o preparei. E tentei comê-lo.
Eoin balançou a cabeça de um lado para outro o que Conor sabia, era um sinal negativo.
- Conor, o objetivo desses exercícios é tentar abandonar o seu comportamento compulsivo, já que ele não ajuda em nada.
- Eu discordo. Meu estilo de vida me faz sentir confortável.
- Só que não estamos falando de apenas um estilo de vida, não é mesmo? É muito mais que isso. Você já tem vinte e cinco anos e precisa perder os velhos hábitos.
Conor não disse nada. Não fazia sentido, considerando que ele e Eoin jamais estiveram de acordo.
- Responda-me algo: Qual é o nome da minha recepcionista?
Ele não tinha ideia. Sempre chegava, se sentava e lia enquanto esperava que Eoin o chamasse. Nunca havia perguntado o nome da recepcionista. De fato, nunca sequer havia prestado atenção nela.
- Não acredito que isso tenha alguma relevância. - Foi sua resposta
- Nós já falamos sobre isso. Esconder-se dentro de casa, na comodidade dos seus hábitos é mais fácil, sim, mas não é o ideal. Você tem que conversar com as pessoas.
- Seria mais fácil se você não trocasse de recepcionista com tanta frequência. - Queixou-se
- A Abby, que a propósito é o nome dela, trabalha aqui há cinco anos. - Eoin aclarou - Em nenhum momento desses cinco anos, pareceu uma boa ideia perguntar o nome dela?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Inclui Manual de Instruções (Romance Gay)
RomanceAtenção! Esta é uma obra publicada. Confira uma degustação e se gostar, adquira através dos links abaixo: https://loja.seligaeditorial.com.br/nao-inclui-manual-de-instrucoes (físico) http://bit.ly/naoincluimanual (ebook) Gemma não quer que seu filho...