Capítulo Três - Xeque Mate

220 20 0
                                    


"... ela via sua própria imagem refletida no espelho da sala de balé. Shane lhe apontava o revolver. As mãos tremendo descontroladas. - Foi você! - Ele disse. - Você o matou!"

Conor salvou seu trabalho e fechou o laptop. O alarme do relógio de pulso soou indicando que eram às quatro da tarde em ponto.

A rígida rotina diária era quase tão importante quanto comer ou respirar. Todos os dias, se levantava às sete, arrumava a cama, tomava banho, café da manhã, limpava o chão e todas as superfícies; já que era impossível concentrar-se no trabalho se tudo estava sujo; e às nove em ponto ia para seu escritório, se sentava em frente ao computador e começava a trabalhar. Fazia uma pequena pausa para um almoço leve ao meio dia e voltava ao escritório onde permanecia até às quatro.

Considerava a disciplina como algo essencial e tudo em sua vida funcionava com a sincronia de um relógio. Tudo em seu devido lugar. Limpo, cronometrado, estimado, planejado, detalhado. Conor gostava dessas palavras. Eram palavras seguras.

Saiu do escritório e caminhou em direção à cozinha. Sempre tomava chá ao terminar de trabalhar. Chá mantinha o estômago quieto enquanto ele preparava algo de comer. Deparou-se com uma cena inusitada. Não era o tipo de homem que apreciava as coisas inusitadas.

- Oi. - Disse Aidan sorrindo.

Ele e Rosie tomavam chá e ninguém considerou relevante informá-lo.

- Você deve pensar que eu sou um acossador ou algo assim, não é mesmo? - Aidan perguntou.

- Você é?

Ele riu. Provavelmente pensando que Conor havia feito uma piada. Mal sabia que Conor nunca fazia piadas. - Hoje não.

- Não é uma grande coincidência? - Rosie perguntou. - Aidan perdeu a carteira ontem na festa e eu a encontrei.

- Considerando que vocês estavam na mesma festa, a probabilidade de que você a encontrasse não era tão remota. - Respondeu mal humorado.

Rosie lhe lançou um dos olhares que indicavam que ele estava fazendo algo de errado. - Não vai cumprimentar ao Aidan?

Conor considerou as opções. Seria muito mais fácil virar as costas e se retirar da cozinha. Sim, aquela parecia uma ótima ideia. Infelizmente, sabia que cumprimentar as pessoas era a principal regra da interação social.

Pois é, o conhecimento nem sempre é uma benção. Pensou.

Entrou na cozinha a contra gosto e estendeu a mão a Aidan. - Olá. Como vai?

- Muito bem, obrigado. - Ele respondeu apertando sua mão com força demais.

- Sente-se. - Ordenou Rosie. - Seu chá está servido. Agora, se vocês me dão licença, preciso cuidar de outros assuntos.

- Você já vai? - Conor perguntou. Ele não se sentia nem um pouco confortável em ficar sozinho com um estranho.

Não Inclui Manual de Instruções (Romance Gay)Where stories live. Discover now