Capítulo 13

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    Dica: Leiam este capítulo com a música Big Girls Cry - Sia, escrevi ouvindo e descreve bem o que o capítulo passa. Vou colocar aqui, mas ouçam depois sem estar lendo.
Ps. Capítulo ficou curto, mas prometo compensar depois.
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     Kono deitara em sua banheira, deixando a água quente limpar seu corpo, o vapor subira ao seu nariz junto com o doce cheiro dos sabonetes aromatizados. Seus olhos mantinham-se fechados, muito além de limpar seu corpo, ela queria limpar sua mente, seus pensamentos estavam apenas em Saito, como um trailer de um filme recém lançado, a cena repetia-se diante dos seus olhos, todas as palavras trocadas. O que ela verdadeiramente gostaria de ter dito, suas verdadeiras palavras contidas. No fundo de sua mente, Kono não sabia o que lhe destruía mais, a constante presença da morte ou seu medo que da avalanche que seu próximo futuro estava criando e que, desta vez, ela não consiga escapar.
     Pegando uma camiseta qualquer e indo para sua sala, Kono deita-se em direção à sua janela, suas cortinas blackout impediam que a luz da rua pouca abaixo entrasse na sala, apesar disto, as cores vibrantes das vitrines lutavam para um espaço opaco na mesma. Luzes, tantas luzes naquela noite, lembra Kono, suspirando.

      Você me prometeu que o amor nunca acabaria, mas essa noite, essa noite você parecia surpreso quando lhe beijei na pista de dança, parecia surpreso até mesmo quando apareci ao seu lado. Você quase não olhou para mim esta noite, mas tenho certeza que percebeu os olhares cheios de desejo feitos por aqueles outros garotos, causados, obviamente pelo decote do meu vestido. Não foi por eles que estou usando ele. Não foi para atrair esse tipo de olhar que o escolhi. Isto deveria ter sido feito por você, ao invés disso, você está prestando atenção naqueles garotas seminuas que apenas querem 20 minutos no banco detrás do seu novo carro. Sim, eu vi, tenho quase certeza que seu padrasto comprou, mais um imã para garotas como elas.
     Posso ouvir meu celular tocar, apesar da música alto e das gritarias vindas do meu lado direito, causadas pela nova banda que acabou de subir no palco. Vou até a porta da frente. Atendo relutante ao ver que é o número dele. Uma voz está chorando e ao fundo há gritos e palavrãos, já sei o que é, não preciso ao menos compreender as palavras interrompidas pelos soluços.

--V-vem, por f-favor... aconteceu d-de novo...

      Corro. Não sinto a água molhando meus pés, meu sangue esquenta cada parte do meu corpo. A respiração ofegante. Sinto que minhas pernas quase falham, mas não posso parar agora, não agora. Não vejo nada à poucos metros a minha frente, absolutamente tudo são apenas vultos cinzentos e luzes brilhantes demais para compreender a mensagem que trazem.
      Paro por um instante, poucos metros à minha frente há a porta que tremo ao encostar na maçaneta. Caiu no chão, de cabeça baixa vejo as lágrimas caírem sobre minhas mãos. Sou incapaz de ver a cena em minha frente. Descobri que sou fraca e que nunca enfrentarei isso sem cair milhares de vezes. Não sei ao certo quanto tempo passei ajoelhada ali, mas foi o suficiente para ouvir o carro dele chegar. É claro que ele fugiria depois disso, mas ele tinha que voltar, voltar para ter um último gostinho do seu ato desumano.
     Com certeza me arrependerei do que fiz algum dia, mas não hoje, não aqui e não agora. Sentir a terra molhada contra meu rosto fez com que eu percebesse o quão estúpida foi a ideia de pular a janela da cozinha. Novamente, corro, mas dessa vez, posso sentir um lado do meu rosto latejar, provavelmente está cortado pelo vidro das garrafas jogadas lá por ele.
    Não há mais barulho ou luzes no antigo prédio, apesar da porta estar aberta. Quase me arrasto até ela, mas ao abrir, vejo você sentado, não sei o que está fazendo.

--Sinceramente Kono, Meu Deus, eu não sei se rio ou se choro por você ter voltado... se choro de raiva, por você não ter tido o mínimo de consciência de que sumir no meio da formatura do seu melhor amigo é uma fodida merda, ou se rio da sua tremenda hipocrisia por ter escrito um cartão "Não vou te deixar" e logo depois ter corrido daqui e ter me deixado com uma cara de idiota.

     Não há nada a ser dito, nada a ser comentado, apenas fecho a porta prometendo a mim mesma nunca mais abri-la e mandando-me não chorar na sua frente.

     Kono abriu os olhos, sua cabeça latejava. Sentou-se no sofá colocando as mãos na nuca.

--Babaca idiota..._Sussurrou para as paredes.

Monte FujiOnde histórias criam vida. Descubra agora