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Camila

Beijei uma mulher e gostei. 

A música da Katy Perry nunca fez tanto sentido. 

Soa muito alucinado eu dizer que ainda posso sentir os lábios dela envolvendo os meus? Aquela sensação não existe na boca de um homem. Toda a maciez é puramente feminina. Um contraste engraçado de se pensar. A delicadeza daquela boca e a selvageria daquelas mãos... Meus olhos se fecham de imediato e um suspiro faz meus braços se arrepiarem numa onda gostosa ao lembrar dos puxões em meus cabelos durante o beijo afoito. A possessividade dos toques em minha pele, a exigência do meu corpo por algo nunca sentido, todo o mix me deixou imersa nela, deixou-me entregue e exposta como jamais estive. 

Balaço a cabeça em negativa, cruzando as pernas. 

- Tudo bem aí? - Ally pergunta. 

- Sim, tudo. - digo, disfarçando. Estamos em aula, oportunidade mais que inadequada quando relembrar dos últimos acontecimentos. 

O que mais me surpreende não é nem o que fiz, não é nem tê-la beijado ou literalmente tido um orgasmo em cima dela, mas sim estar bem com tudo isso. Soa estranhamente natural neste momento. Estranhamente bom. 

Engulo a saliva e respiro fundo, tomando uns goles de água em sequência. Estou tão aérea que nem sei como ainda não caí da cadeira e a culpa é toda daquela demônia de olhos verdes. Atualmente, minha mente caminha pelas imagens da noite passada e pela ansiedade do que pode acontecer mais tarde quando encontrá-la.

Chego em casa ansiosa, mas o silêncio e as luzes apagadas indicam que estou sozinha. Solto o ar pesado em certa frustração. Vou direto para o banho e a mistura das lembranças da noite passada com o toque da água sobre meu corpo me provocam sensações. Deslizo as mãos lentamente pelo tórax e fecho os olhos ao sentir meus mamilos rígidos. Gosto de me tocar, mas com um motivo claro em mente fico mais sensível que o normal. 

Ela beija tão bem... Nossos toques, nossos movimentos se encaixaram de forma perfeita como se já tivéssemos nos beijado uma centenas de vezes. Arrepio-me ao descer as mãos para minha bunda, a lembrança dos apertos e tapas ainda estão claras em minha mente. Remexo as pernas e sinto minha excitação. Ok, confesso, estou praticamente subindo pelas paredes aqui e não consigo pensar em mais nada. Bufo e trato de tomar logo esse banho. 

Janto sozinha e acabo indo para a cama. A frustração me irrita e a onda de possibilidades mais ainda. Ela pode estar num bar, num restaurante com alguém, na casa de alguém, de uma submissa... Que saco. Eu não sou assim e a sensação de estar fazendo o mesmo que o meu ex me dá nos nervos. 

Ouço o som da porta do apartamento sendo destrancada. 

- Oi, Camz. Já jantou? - ela aparece na porta do quarto aberta. 

- Já. 

- Quer comer de novo? É pizza. - diz ela.

- É de quê? - pergunto, fingindo não ter interesse. 

- Acho que é de Karlabresa com molho Estrarrabão. - ela diz com seriedade.

- Como você é idiota! - aos risos, digo e atiro um travesseiro em sua direção. 

- Então para de doce e vem logo. - ela fala, arremessando de volta. 

Enquanto comemos, falamos sobre o nosso dia e algumas besteiras. 

- Foi aula de economia, então claro que foi um saco. - digo.

- Tem certeza de que não passou o dia molhada pensando em quando gozaria pra mim outra vez? - enquanto come, Lauren me pergunta. Seu olhar é direto e sua postura mostra que já estamos jogando. 

Gostos Peculiares - REESCREVENDOWhere stories live. Discover now