Capítulo 11

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O motor retumbava estrondoso. Apertei o botão do rádio e fiquei surpresa quando a música ressoou. Pelo menos alguma coisa boa funciona nessa lata velha. Tocava What I've Done do Linkin Park. Eu curtia muito músicas em inglês, apesar de não entender bem o que expressavam.

- Qual o problema do carro?

- Não sei, Roberto disse que eu só tinha que leva-lo e que tudo já estava resolvido com o mecânico.

Meu celular tocou, apertei desligar imediatamente quando a foto de tio Beto mostrou-se.

- Vou por no silencioso – resmunguei.

- Não deveria fazer isso, ele só está preocupado com você.

- Ele me trata com uma criança.

Fiquei feliz por não ter tio Beto por perto, poderia fazer minhas indagações sem ele me atrapalhar.

- Você estava incomodado ontem, nem comeu direito. Era por causa deles?

- Como sabe?

- Eu sei como é. Olhar a mesa... e sentir que falta... alguém... ou alguns...

- Era costume nos reunir para as refeições. Desde... eu não tinha uma...

- Por que se sente tão mal sendo um vampiro?

- Porque é uma maldição, eu sou um monstro – disse com se eu tivesse perguntado algo desprezível.

- E o que você pensa em fazer em sua vingança?

- Matar aquele ser imundo que me transformou.

Sentir todo o ódio que suas palavras transmitiram.

- Faz muito tempo que você é um vampiro?

- Vim para a Castelo alguns dias depois que tudo aconteceu.

- E você tem resistiu todo esse tempo?

- Sim, eu estava resistir à sede, até você... – disse com raiva.

- Você não iria chegar muito longe em sua vingança no estado que estava.

- Eu sou um caos. Não sei o que é certo ou errado, se quero me vigiar ou só morrer. Eu não sei mais o que fazer.

- Eu sei...Primeiro se perdoe.

- So let mercy come – sussurrou absorto depois que ouviu a frase na música.

Queria entender o que se passava por sua mente.

- O que isso significa? Eu não entendo bem Inglês.

- Não preciso que entenda.

- Você parece ser bastante fluente.

- Meus pais eram Americanos, então eu e meu irmão fomos estimulados a ser bilíngues.

Vi seu semblante mudar, outra coisa se deve ter se passado por sua cabeça - alguma lembrança talvez - pois logo seus dentes trincaram. Ele se sentia tão inquieto falando da família. Ele sequer me olhou enquanto conversávamos, olhos vidrados no percurso.

O mecânico situava-se bem longe. Ficava na mesma rua da cafeteria que eu tinha ido com Helga. Cinco estacionou o carro dentro de um vasto galpão. Descemos do meu "querido" Fusca branco. De um lado estavam os elevadores hidráulicos e do outro balcões largos funcionavam com loja de peças e produtos para carros. O espaço tinha um toque de sofisticado assim como exibia tudo naquele bairro.

Cinco se prostrou imóvel em canto do galpão com o capuz ainda sobre a cabeça e mãos nos bolsos do moletom.

Um homem com um cigarro nos lábios elevou a voz na direção de Cinco.

- Veio a mando do Roberto? – perguntou o homem.

- Sim – respondeu com a costumeira frieza.

O homem possuía alguns materiais em uma caixa de ferramentas muito gasta, conseguir identificar alguns: chave de fenda, alicates, fita isolante e estilete. Um objeto semelhante a uma bateria de celular e um emaranhado de fios estava em sua outra mão.

- Um Fusca – comentou o homem.

Ele se dirigiu ao painel do lado do motorista. Aproximei-me e observei com cuidado.

- O que isso? - apontei para um equipamento.

- Um Multímetro – respondeu o homem de má vontade.

Dirigi-me exasperada para o lado de Cinco.

- Cinco, não me diga que é o que estou pensando.

- Se for um rastreador que está pensando...

- Droga. Meu tio quer me rastrear?! Então esse é o motivo de tamanha satisfação.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, cruzei os braços, caminhei de um lado para o outro ponderando. Esse era o seu plano: me vigiar.

Sentir um forte cheiro de ferrugem e ele não vinha do estabelecimento. Movia cabeça e varri a rua como os olhos em busca do foco do odor. Disfarçadamente caminhei em direção ao outro lado da rua.

- Stupid Girl!– exclamou Cinco. – Onde está indo?

Na esquina em meio a latas de lixo um indivíduo se encontrava. Olhar desfocado fitando o nada. Não eram dois furos ou várias mordidas, mas sim um pescoço trucidado com um rasgo profundo que ia da clavícula até a orelha. O que mais me espantou foi que eu conhecia aquele homem.

Amo comentário e adoro teorias se puder deixe sua opinião, risos, revoltas, que achou a fala da Lize ridícula : o e o 5 lindo S2... me deixaria muito feliz ; )

VAMPIRE HUNTERWhere stories live. Discover now