Eu & Você (+18)

Capitulo 2

Lolla

2 meses depois...

-Bom dia, Karen! - cumprimento a recepcionista assim que entro no hospital.

-Bom dia, doutora Evans.

-Como foi seu fim de semana?

-Regado a livros, filmes e muito chocolate.

Rimos juntas. Karen é uma mulher de quarenta anos, solteira, baixinha e magra, cabelo castanho, olhos pretos, usa um óculos de armação vermelha e está sempre com um sorriso encantador no rosto.

-O meu foi bem parecido, a única diferença foi a doida da Viollet.

-Ah, a maluquinha?

-Essa mesmo. Agora eu preciso ir. Beijo Karen e tenha um bom dia.

-Você também criança.

Sigo em direção à minha sala, guardo minhas coisas, coloco meu jaleco e verifico as fichas dos meus pacientes. Hoje o dia vai ser tranquilo.

Saio da sala e começo meu turno, passo em todos os quartos checando os paciente, deixo por último o quarto do Parker.

Ja se passaram dois mêses e nada dele acordar. Entro em seu quarto e checo seu prontuario.

Os hematomas já sumiram, os ossos já estão quase todos curados, as cirurgias feitas foram um sucesso, mas ele não acorda.

-Bom dia Luck, como você está se sentindo hoje?

É, eu sei que ele não pode responder, mas me acostumei a conversar com ele todos os dias.

Eu não sei como explicar, mas sinto uma conexão entre nós dois.

-Sentiu minha falta nesse fim de semana?

Me sento na poltrona ao lado de sua cama e seguro sua mão.

-Eu senti sua falta, falta de conversar com você. A Viollet acha que eu sou doida por sentir falta de alguém que eu nunca nem escutei a voz, não posso culpa-la. Eu também me acho louca.

Acaricio seus cabelos e seu rosto.

-Provavelmente, quando você acordar, não irá se lembrar desses momentos que compartilhamos, mas eu vou guardar para sempre.

Fico alguns minutos em silêncio, só observando o subir e descer de seu peito enquanto respira.

-Eu andei pesquisando bastante formas para te fazer acordar, achei um artigo que dizia que muitos pacientes em coma já acordaram ouvindo música, então não custa tentar, eu não canto muito bem, mas vou tentar. - respiro fundo para criar coragem - Essa é uma música brasileira e eu sei que não tem nada a ver com você, mas eu adoro ela, chama-se "Era uma vez".

Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens
Serem feitas de algodão
Dava pra ser herói no mesmo dia
Em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche
Um banho quente e talvez um arranhão
Dava pra ver, a ingenuidade a inocência
Cantando no tom
Milhões de mundos e os universos tão reais
Quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mau
É só não permitir que a maldade do mundo
Te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no final
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado Dói bem menos que um coração partido
Era uma vez.

Acabo de cantar e fico olhando para ele, queria que a minha voz tivesse o poder de trazê-lo de volta.

-É, acho que não deu muito certo. Desculpa se machuquei seus ouvidos, acho que depois dessa você vai querer continuar em coma só para não me escutar cantar outra vez. - Dou risada sozinha dentro do quarto.

Meu Deus, tem como ficar pior?

Checo mais uma vez todos seus sinais vitais e confiro os aparelhos.

-Bom senhor Parker, por hoje já deu da minha loucura pra você, fique bem e trate de acordar logo.

Saio do quarto e vou para a minha sala, me jogo na cadeira e coloco a cabeça entre as mãos.

Que merda eu estou fazendo?

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Mais um capitulo pra vocês.
Bejokinhas no ❤.