Capitulo 3

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Lolla

3 meses depois... Dias atuais...

Três meses. Já se passaram três meses e ele não acorda. Fizemos todos os exames e não tem o porquê dele ainda estar em coma, é como se ele próprio não quisesse acordar.

Todos os dias eu venho aqui e passo um tempo observando, conversando e cantando para uma pessoa que eu nunca ouvi a voz.

Uma pessoa que segundo as coisas que ouvi, eu nunca teria feito o menor esforço de trocar uma palavra se quer.

Agora, tudo que eu mais quero é poder escutar o som da sua voz, ver seus olhos se abrindo, ver seu sorriso...

Depois de algum tempo que ele estava em coma, comecei a achar que eu estava fazendo algo errado, então pedi que mais três médicos o avaliassem e todos chegaram a mesma conclusão. Talvez ele só não esteja pronto para acordar ainda.

Me sento na poltrona ao seu lado, seguro sua mão como faço todos os dias e começo a cantarolar 'Era uma vez'...

-Bastava um colo, um carinho... E o remédio era beijo e proteção... Tudo voltava a ser novo no outro dia... Sem muita preocupação...

...Quando algo inesperado acontece, sinto seus dedos se moverem bem de leve. Paro de cantar e levanto o mais rápido — humanamente possível — que consigo.

-Senhor Parker?

Chamo sem obter resultado. Uma ideia me vem a mente, eu estava cantando quando ele mexeu os dedos, talvez se eu voltar a cantar...

-Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real... E entender que ela mora no caminho e não no final...

Seus dedos se movem novamente e uma alegria sem tamanho invade meu peito.

-É que a gente quer crescer... E quando cresce quer voltar do início...

Suas pálpebras começam a tremular e eu me emociono.

-Porque um joelho ralado... Dói bem menos que um coração partido...

E então, vejo suas pálpebras abrirem. Seus olhos são de um castanho esverdeado incrivel. Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Lucas pisca confuso olhando para mim e depois para o quarto. Espero até que ele fale algo, para não assusta-lo.

-On...onde...eu estou? - sua voz sai rouca e baixinha.

Aperto o botãozinho para chamar uma enfermeira.

-Tente não falar muito agora, você ficou muito tempo sem usar suas cordas vocais, sua garganta vai queimar. Você está no hospital.

-O que...eu es...estou fazendo...aqui? - fala com dificuldade.

A enfermeira chega e entra no quarto.

-Doutora Evans? O que posso fazer?

-Querida, traga água para o paciente e ligue para a família avisando que ele acordou.

-Sim, senhora. - diz e se retira.

-Senhor Parker, qual a última coisa que você se lembra?

-Eu...não sei, esta...confuso.

A enfermeira volta com a água e se retira logo em seguida. Sirvo um copo e deixo a cama em uma posição mais confortável.

-Beba goles pequenos. - seguro o copo em sua boca e ele bebe bem devagar.

Em seguida checo seus sinais vitais, Lucas não fala nada, mas vejo a confusão estampada em seu olhar. Termino e me sento na poltrona ao seu lado.

-Você pode me dizer o que aconteceu comigo agora? - sua voz continua fraca.

-Senhor Parker, você sofreu um grave acidente, quebrou vários ossos, teve muitas contusões, traumatismo craniano, perfurou um pulmão. Seu caso foi muito delicado, você passou por três cirurgias...

-A quanto tempo eu estou aqui?

-Três meses.

Lucas arregala olhos, vejo desespero banhar seu rosto, acabo sofrendo junto com ele, mas não há nada que eu possa fazer para ajudá-lo.

-Não! Isso não pode estar acontecendo comigo!

-Eu sinto muito.

-Você não sente porra nenhuma! Você é só uma medicazinha paga para ficar olhando os pacientes, você não se importa! Nem seu trabalho você faz direito, porque se fizesse eu teria acordado antes!

E aí está a arrogância que todos diziam, eu não deveria me importar com o que ele diz, primeiro eu nem o conheço, segundo ele esta confuso e terceiro eu não devo satisfação à ele.

Não acredito que desperdicei tanto tempo com esse imbecil. Reprimo as lágrimas e me levanto.

-Bom senhor Parker, sua familia já deve ter sido avisada que você acordou. Por favor descanse, você está muito fraco, mais tarde eu venho para ver como você está.

Coloco uma dosagem de medicamento em seu soro para ajuda-lo a dormir. Checo mais uma vez seus sinais vitais e abaixo a cama para uma posição confortável.

Olho mais uma vez para o rosto que povoou meus sonhos por três meses seguidos e me lamento por todo tempo perdido.

Ninguem mandou ser lesada!

Saio do quarto e fecho a porta. Vou contar os dias para nunca mais ver a cara desse idiota de novo.

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Meus amores por hoje é só.
Bejokinhas no ❤.

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