04 - Desastre Equilibrado, parte 1

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ALELUIA, ALELUIA, ALELUIA, ALELUIAAAAAA!

Nem sei como começar aqui, mas tudo que posso dizer é: esses últimos meses foram uma confusão para mim. Não foi apenas uma questão de falta de criatividade ou algo óbvio do tipo. Foi mais uma insegurança. Pensamentos bem pessimistas do tipo "por que continuar se isso não dará em nada?"

Mas isso é a vida e é tão clichê, mas tão real: só consegue aquele que não desiste.

Então, eu estou de volta e espero que vocês, terráqueos aí do outro lado, ainda estejam também.

Se estiverem não deixem de comentar muito e votar.

Mesmo parada estamos, hoje, 30.10 em 54 no ranking de ficcção científica. Vamos subir essa bagaça!

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***




Havia uma questão simples na existência humana: você decidia viver dentro de seu casulo ou sair dele.

Ao sair ninguém lhe avisava o que aconteceria. Ao sair, você encarava as diferenças, tanto boas quanto ruins. Em alguns casos, você era obrigado a sair, quase como uma lagarta que se transformava em borboleta.

Afinal, você preferiria continuar sendo terrestre quando poderia voar?

Eu, se pudesse, voaria; porém, eu sabia que eu era mais uma tartaruga do que uma lagarta. No entanto, até mesmo para as tartarugas viver dentro de sua casca não significava ser forte, significava ter medo, se esconder da vida.

Minha mente relaxou e Ash se mexeu, continuei me sentindo culpada e esperei, em pé, próxima dele. Aceitaria o que ele falasse ou se ele revidasse de alguma forma, mental ou física.

— Por que você está me encarando? — Ash falou baixo, de uma maneira quase sussurrante.

— Você já pode se mexer... — dei de ombros, sem graça enquanto praticamente me abraçava.

— Eu estou sentindo isso.

— Então por que continua deitado?

— Por que levantaria se você pode me derrubar de novo?

— Não vou te derrubar.

Ele não se levantou, mas se sentou, flexionando seus joelhos e os abraçando. Ash não em encarava, encarava as portas as minhas costas, das cores azul, roxo e lilás.

— Eu não vou te pedir desculpas. — e se levantou com agilidade usando apenas uma mão, com uma destreza invejável ao se fixar em pé sem tropeçar.

Afinal, esse era Ash. Enquanto eu me levantava espalmando minhas duas mãos no chão e, às vezes, tropeçava em meus próprios pés, ele não.

De meus sete amigos, ele era o mais oposto de mim.

Eu era impulsava. Às vezes, um desastre. Ash não. Ele era calculista e perfeccionista. Apesar de tudo, eu não me via como uma líder de nada, mas Ash poderia facilmente liderar o que ele quisesse, sem sequer necessitar falar alto ou provocar o medo. Ele era cordial demais para isso. Educado demais para isso.

Ignorei sua última frase e disse, sinceramente:

— Eu acho que eu te odeio.

Em vez de rebater com ignorância ou arrogância, meu amigo riu soltando o ar pelas suas narinas como se respirasse e passou uma mão em seu fino cabelo.

— Eu acho que eu te invejo.

— Sério? — franzi meus olhos — Logo a mim?

Ash começou a caminhar pela sala, devagar, não me deixando tonta, mas me fazendo ter que acompanhar seus passos enquanto me girava sem sair do lugar.

Do nada, ele parou de andar, cruzou seus braços e me encarou. Seus olhos estavam fixos em mim, mas não me deixava tensa. Era confortável olhá-lo, não me fazia ter vontade de encarar o chão para fugir do olhar dele.

— Eu nunca me importei em ser invisível, Claire. — Ash começou — Nunca me importei em ser o Protetor que nunca seria visto como o principal de nada. Eu sempre gostei de "passar em cinza". — brincou — Então, você apareceu.

Nesse momento ele caminhou e parou com o rosto próximo do meu, não o suficiente para eu dar um passo e bater meu rosto no dele, mas o suficiente para eu estender uma mão e tocar nele sem estirá-la.

— Quando eu apareci você percebeu que queria se tornar visível? — chutei.

Ele maneou sua cabeça de um lado para o outro, discordando.

— Eu fui obrigado a me tornar visível.

Eu abri minha boca e fechei, como se mordesse o ar.

— Mas... — tentei — Mas você parece muito seguro de si.

Ash riu.

— Ninguém é cem por cento seguro de si. Mas, por você e pelos outros, eu tinha que ser. Isso nunca foi necessário. Ninguém nunca precisou de mim. Então, de um momento para o outro, todos esperavam que eu fosse o sábio, o pacificador...

— Porque ninguém esperava nada de mim! — levantei minhas mãos no ar. — Eu era um desastre, Ash... Sou, ainda. Um pouco. — admiti com um sorriso no rosto.

— E eu invejo isso.

— E eu te odeio mais, — coloquei minhas mãos em seus ombros — porque eu nunca adivinharia isso se você não mastigasse para mim.

Ash espremeu seus lábios, os deixando em uma linha fina e fechou seus olhos por um momento. Parecia até que suspirava profundamente, mas ele não era como eu que ainda suspirava voluntariamente, ele não suspirava.

— Você é um desastre mesmo. — novamente ele balançou sua cabeça de uma lado para o outro ainda sem abrir seus olhos.

— E você é equilibrado demais.

Meu amigo sorriu mostrando seus dentes perfeitos e eu senti um pouco mais de ódio por ele, porque imaginava que meus dentes estavam levemente amarelados, não naquele tom de branco perfeito e não tão simétricos quanto os dele.


***


Conheça A Teoria do Caos (ficção adolescente) em minhas obras ou no link externo. Deixarei também aí nos comentários --->


Essas próximas partes serão de conversa e um pouco de ação. A conversa (que aparentemente será meio sem noção) é necessária para umas dicas que acontecerá no futuro.


Até breve. Realmente dessa vez.


A IndomadaWhere stories live. Discover now