Bônus: Confiar, parte 1

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No link externo (fim do capítulo) e aqui nos comentários:


***


Marte; Z-Mil, Agora



Você fala demais! — eu falei para Misha enquanto ele estava sentado em um canto de uma sala branca e eu em pé, em outra extremidade.

— Você que é calada demais, Ariana. — Misha se deitou no meio da sala. Era um ponto amarelo em uma sala branca.

— Eu sou focada. — rebati — É diferente.

Ele riu.

— Focada no quê? O que você está fazendo agora, por exemplo?

Revirei meus olhos e voltei a andar pela sala, tateando a parede, tentando achar alguma saída.

Percebi que Misha ainda me olhava, esperando uma resposta minha, mas, eu tentava não prestar atenção nele.

Descer com ele naquele tubo extenso já havia sido o suficiente para minha sanidade.

Misha gritava e, às vezes, gargalhava; como um lunático que notei que ele era.

De certa forma, eu admirava como ele parecia não ter medo, mesmo que eu soubesse que ele tinha.

O ânimo de Misha ultrapassava seu medo.

— Não vai me responder? — ele insistiu.

— Estou fazendo alguma coisa... — parei de andar para encará-lo deitado usando seus braços como travesseiro ao colocar atrás de sua cabeça — E você?

— Nada mesmo. — ele sorriu — Preciso sempre fazer alguma coisa?

— Agora, por exemplo, você deveria me ajudar. Mas parece que você não se importa, não é?

— Eu me importo. — ele colocou as costas de sua mão em sua testa — Só não quero ajudar.

Abri minha boca e fechei.

— Você não acha que é sincero demais?

— Não. — ele continuou me fitando, sem hesitar — Talvez você quem seja sensível demais.

— Eu? Sensível? — ri.

— Todo mundo é sensível em algum ponto, Ari.

— Não me chame de "Ari".

— De Ana então?

Revirei meus olhos.

— Ana não tem nada a ver comigo.

— Ari então...

Abri minha boca para discordar, mas, quando Misha sorriu, parecia um bicho de pelúcia que eu tinha vontade de arremessar na parede.

— Tanto faz. — revirei meus olhos e voltei minha atenção naquela sala malditamente branca — Aqui não podia ser outra cor?

— Gosto de branco. — Misha comentou — Mas prefiro as vibrantes. Com as neutras tenho vontade de dormir.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora