O Homem Misterioso

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São 7h da manhã e acordo com a claridade do sol na minha cara e minha mãe gritando.
-Eu estou indo trabalhar, o café já está pronto, não esquece de colocar suas roupas sujas pra lavar.
Ela sempre diz isso, já sei decorado mas sempre esqueço de fazer o que ela manda. Tento voltar a dormir mas meus vizinhos são muito barulhentos, então fico só deitado calculando o tempo que tenho de maratonar uma série, jogar video game, comer e ver se dá tempo de fazer o que minha mãe pediu. Desde que saí da escola, minha vida se tornou um tédio, não tenho emprego, mas faço uns bicos às vezes pra não ficar sem dinheiro e também não faço faculdade. Minha mãe reclama que já ta na hora de trabalhar e criar um rumo pra minha vida mas os empregos não me querem. Resolvo me levantar, é só mais um dia igual a outro, se eu fosse cego iria saber me virar porque conheço muito bem o caminho que ando, já é rotina ir pra cozinha pegar o que tem pra comer e voltar pro quarto. Olho pra mesa e ela está tão limpa e procuro algo pra comer, só tem realmente café pronto, vou caçar dinheiro pra comprar algo mais, só café não enche a barriga, começo a bagunçar as coisas atrás de alguma moeda quando olho fixamente pra sala vejo um brilho ao lado da tv, vou rapidamente e quando me aproximo, era dinheiro que minha mãe tinha deixado, dou um sorriso e faço um gesto de agradecimento, com as mãos juntas e fechadas com o dinheiro, aproximo do rosto, logo levanto e vou correndo vestir uma roupa, pego a primeira calça que vejo jeans preta, e coloco uma regata branca e jogo um casaco moletom cinza por cima. Me olho no espelho e lembro que tenho barba a fazer, é tão dificil sair de casa que essas coisas se tornam desnecessária pra mim, aliás não tenho namorada, tornando minha vida mais inútil. Saio de casa, pareço um vampiro, além de muito branco, odeio sol, mas ta dando um vento gelado e amo sentir isso no meu rosto. Entro numa padaria e está lotada, é horário de ida ao trabalho e todos tomam café lá, vejo pessoas aparentemente importante, com seus ternos conversando e me encaram da cabeça aos pés como se identificassem um vagabundo. Quando olho pra baixo, vejo meus pés e estou de chinelo, a proposito, são bem feios, me sinto mais inútil.
-Posso ajudar moço?
Levanto a cabeça e me assusto com o tom de voz da atendente de pressa, como se eu estivesse tomando o tempo dela. Olho ao meu redor as pessoas me encarando.
-Moço?
-Desculpa, eu vou querer 2 pães e uma fatia desse bolo.
Fico esperando, e um homem misterioso sentado sozinho fica me encarando, eu paro de olhar pra ele e foco na tv, ta passando jornal e só fala de guerras, terremotos, furacão e isso me assusta um pouco.
-Pronto moço. Próximo!
Pego os pães e o bolo e vou no caixa pagar, sinto que estão me observando, viro devagar e olho de canto e vejo aquele cara me encarando.
-Fica com o troco. Saio com pressa e desconfiado.
Chego em casa me jogo na frente da tv e assisto uns desenhos que passam de manhã, tomo o meu café, que aliás ta maravilhoso. De repente o telefone toca, suspiro forte, tinha acabado de sentar, me levanto e vou em direção do telefone que fica entre a janela e a porta.
-Alô?
- Mark?
-Sim!
-Cara sou eu o Brad, vai fazer alguma coisa hoje?
-Como sempre não, por quê?
-Meu computador não ta ligando e queria que desse uma olhada.
-Ah pode deixar, vou sim!
Distraído olhando pra fora vejo o homem misterioso passando, ele levanta a cabeça e me encara, parece até que percebeu que eu estava olhando ele.
-Então, vamos tomar alguma coisa hoje, to meio sem fazer nada...
-Cala boca rapidinho. Interrompo ele.
-O que foi cara?
O homem com um sobretudo e uma toca preta continuou andando e parou de me olhar.
-Já viu alguma pessoa estranha e ficar te encarando e ver ela mais de uma vez num dia?
-Ah não! Por quê?
-Esquece, vou aí depois, e a gente toma umas sim.
-Valeu cara! Até depois.
Desligo o telefone meio desconfiado e fecho a janela e volto a comer e assistir tv. Às vezes me perco no tempo vendo tv, olho pro relógio e já vai dar 12h, me levanto correndo e vou tomar um banho, faço a barba e me arrumo melhor, dessa vez coloco um tênis all star, com a calça jeans preta, a regata branca, e mais uma camisa xadrês azul por cima e um casaco preto. Pego o básico do meu material pra concertar o computador do Brad e coloco na mochila, meu pai era engenheiro eletrônico e aprendi muita coisa com ele, e é disso que ganho uns trocados. Saio do quarto e olho a bagunça que fiz, arrumo rapidamente e vou embora. Brad não mora muito longe mas tenho que pegar um ônibus pra chegar lá, dá uns 20 minutos, fica próximo do centro e é num apartamento. Chego lá, aperto o número do apartamento dele.
-Oi, quem é?
-Sou eu Idiota, Mark.
-Ah entra aí.
O portão abre, e logo entro. Eu e o Brad somos amigos do tempo de escola, ele não era muito fã de estudar, mas teve mais futuro que eu, trabalha na empresa da família dele e mora sozinho. Já chego no apartamento dele e logo entro.
-Oi cara, to tão feliz em te ver!
- É! Eu também, apesar que só me procura quando quer alguma coisa. Damos risada e se abraçamos.
- Cadê o computador?
-Ta aqui, senta aí, fica a vontade, quer beber alguma coisa?
-Só água!
Começo a abrir o cpu e dar uma olhada, tiro alguns objetos da mochila e fico mexendo, já encontro o problema e começo a resolver.
-Então, me conta como ta a vida Brad?
-Eu terminei com a minha noiva.
-É por isso que me chamou né?
-Sim, eu nem uso esse computador, eu tenho um notebook.
-Fala sério!
-Eu sabia que se te falasse não ia vim, mas vou te pagar por isso.
-Bom mesmo. Continuo consertando. - Mas e o trabalho, por que ta em casa?
- To de férias.
Pego o copo com água do Brad e tomo, fecho a cpu, e relaxo na cadeira.
-Já terminou? Pergunta o Brad.
-Sim, era coisa simples.
-Então, vamos jogar alguma coisa, tenho uns jogos irado.
-Opa, vamos sim.  A gente senta no sofá, e começa a olhar os jogos que tem. Pegamos um jogo do ufc, sempre gostamos de luta, fizemos jiu jitsu aos 15 anos, mas eu parei aos 17 porque machuquei um garoto. Começamos jogar o jogo.
- E você Mark, o que tem feito?
-Nada, a vida perdeu sentido pra mim.
-Mas maratonar toda noite não né?
-Haha verdade, séries são tudo o que tenho agora.
-E não pensa em trabalhar?
-Pra quê? Pra morar sozinho e se sentir solitário como você? Prefiro ficar com a minha mãe.
- Mas você pode trabalhar e cuidar dela.
- Se eu trabalhar ela me expulsa de casa
-Isso é desculpa de vagabundo, você era tão nerd na escola e terminou desse jeito, nem acredito.
Ficamos jogando por um bom tempo, quando vimos que começou a escurecer.
-Ei lembra daquela bebida? Disse Brad com aquele sorriso de que vai aprontar alguma.
- É lembro, e você ta precisando, vamos pro pub.
Brad se levantou e foi pro quarto e ficou demorando muito
-Ei, vamos logo, pra quê esse negócio todo, ninguém te quer cara.
Brad sai do quarto. - Vai que eu consiga alguma coisa hoje, tem que ta preparado.
Descemos e fomos pro Bar perto dali. Ao chegarmos lá ficamos no balcão e pedimos duas bebida.
-Só lembrando que não tenho dinheiro Brad.
-Você acha que espero alguma coisa de você, é claro que eu pago.
Começo a me sentir desconfortável e olho ao redor e vejo lá no canto do bar sentado numa mesa aquele cara misterioso de novo e com a mesma roupa, fico desconfiado imediatamente, resolvo olhar pro Brad e falar pra ele, mas ele já está conversando com uma garota.
-Ei, desculpa cara mas agora é sério.
-Que droga Mark, não ta vendo que o negócio é mais sério aqui?
Brad aponta com os olhos à garota e franze a testa.
Fico incomodado, aquele cara é muito estranho, 3 vezes num só dia.
-É sério Brad. Cutuco ele.
-Mark por favor!
A garota se levanta e vai embora.
-Poxa Mark, ela tava tão na minha.
-Desculpa cara, mas é sério o negócio. Olha ali pro canto do bar, ta vendo aquele cara de toca, eu acho que ele ta me seguindo.
-Sério Mark, você fez eu perder uma garota por isso.
-Presta atenção, eu vi ele 3 vezes hoje, e nessas 3 vezes ele tava me encarando, e olha agora, ele ta me encarando de novo.
-É você tem razão, mas para de paranóia, sabe Deus quando foi a última vez que você saiu de casa, você ta precisando de mais bebida.
Pedimos mais shots e comecei a ficar meio fora de si, resolvi levantar e tirar satisfação.
-Ei, aonde você ta indo Mark?
-Resolver esse problema.
Me aproximo do cara estranho, ele começa a fazer uma cara de esnobe e aponta a cadeira pra me sentar com ele.
-O que você quer de mim? Digo, continuando em pé. Ele continua com aquela cara. Então grito:
-O que você quer de mim?
-Ei Mark o que você tem cara, vamos sair daqui. Brad me puxa pelo braço, eu meio bebo tropeço e caio próximo a uma mesa fazendo com que derrame uma bebida em um desconhecido.
-Qual é a tua garoto? Diz o cara que eu derramei a bebida.
-Droga Mark, você se ferrou.
Brad se aproxima do cara e pede calma, o cara o empurra e vem pra cima de mim.
-Desculpa cara, foi mal mesmo, eu não vi sua mesa.
-Desculpa nada! O cara logo me dá um soco, saí caíndo em cima de outra mesa, fico irritado e me levanto, mesmo bêbado, dou uma surra no grandão, Brad pula em cima de mim e me imobiliza.
-Para cara, qual é a tua. Vamos embora.
Saímos do bar, Brad chama um uber pra mim e me dá o dinheiro do concerto. Entro no carro e vou pra casa. Quando chego, saio do carro meio caíndo, o uber vai embora, quando olho aquele cara misterioso de novo.
-Eu sabia, você está me seguindo.
Corro pra cima dele e na hora recebo uma pancada na cabeça de alguém que não consigo ver, eu caio e vejo malmente dois caras me puxando pra dentro de uma van branca, logo apago.

ADAMWhere stories live. Discover now