capítulo 5

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Olhava através do vidro da janela. Tentando memorizar cada detalhe do mundo lá fora. Tudo estava instável, eu havia acordado e não tinha reconhecido minha própria irmã.

PRISÃO. Era como eu vivia. Minha mente era minha prisão escura e de dor.  Eu não conseguia parar de ter pesadelos, de ter medo, de sonhar com o mostro. De pensar que estava em perigo constante. As vezes eu também não conseguia me lembrar das coisas, dos nomes, dos rostos das pessoas.

Eu não conseguia largar o que me fazia mal. Eu  sabia que estava me fazendo muito mal… mas mesmo assim não conseguia largar … Isto é  prisão.

Eu queria ser livre. Ser  livre, não era fazer o que queria, pois muitas vezes eu fiz o que eu queria, mas não era livre.

Porque as vezes, queremos o pior.

Ser livre significava dizer não para tudo que me fazia mal! Isso sim era ser livre e ter escolhas.

Ser livre era ter opção de escolher o melhor para mim e não o pior.

Quem é livre sempre tem opção. Eu conseguiria escolher  o bem ao invés do mal?

Um carro preto parou na entrada de casa. Um homem surgiu e fechou a porta atrás de si. Em sua mão direita continha uma pequena sacola marrom. Ele estava atento ao seu celular. Vestia um jeans surrado, e uma camisa preta. Seu cabelo escuro rebelde lhe caía muito bem, ele olhou para frente, e podia jurar que seus olhos eram castanhos.  Tinha que admitir, ele era bonito e me lembrava alguém.

Quem?

Ele caminhou em direção a porta de casa. Ouvir a campainha tocar. Me afastei da janela e sair do quarto sem fazer nenhum barulho. Desci a escada vagarosamente.

-- ela não lembrou meu nome hoje -- Elisa disse ao homem. Sabia que estavam falando sobre mim.

Entrei na sala. Eles se voltaram para mim. Mas eu encarei o homem. Quem era você?

Desviei meu olhar para Elisa. Ela sentia meu medo. Gostaria que me desse algum sinal de ele era seguro. Ele parecia seguro para mim.

-- é o Pedro, Andy. Lembra? -- perguntou. Franzir o cenho. Minha mente não me oferecia nenhum resposta. Eram muitas coisas ao mesmo tempo. Não conseguia lhe dar. Eu estava prestes a explodir. Correr. Fugir. Mas também queria pedir socorro.

Pedro....

Pedro....

Esse nome não era estranho.

Quem era você Pedro?

-- Sou eu Andy, Pedro. O seu Pedro -- ele falou com uma voz amável. Eu gostava de sua voz.

Meu Pedro. Meu Pedro. Indagava para minha estúpida mente. Eu queria muito lembrar dele. O homem deu um passo para frente e parou. Instintivamente dei um passo para trás. E engolir em seco.

-- Você consegue se lembra de mim? -- Havia tristeza na sua voz. Eu não gostava da sua voz triste. Isso me deixava triste.

Apertei meus lábios e caminhei em sua direção lentamente. Estava a procura de perigo. Não havia perigo ali. Eu queria ser livre, queria escolher, sem a pressão de ninguém, por livre e espontânea vontade, o que vai me fazia bem, e não o que vai me fazia mal. Por isso, meus olhos encontram os seus. Eram castanhos. Levei minha mão e toquei na sua face levemente. Sua barba estava crescendo. Ele sorriu. Seus dentes eram perfeitos. E quando sorria, as covinhas soltavam para fora do seu rosto.

Ser livre era escolher espontaneamente tudo aquilo que me fazia bem.

-- você é bonito -- disse. Ele soltou um riso.

Através da Sua Oração  (Degustação)Where stories live. Discover now