2- A World Alone

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     Para Minho apenas duas coisas poderiam machucar mais do que qualquer outra coisa. Uma delas era saber que mesmo fazendo o que os outros queriam, mesmo se esforçando, dando sua cara a tapa, não conseguia um pingo de consideração, não recebia uma simples frase:

        "Parabéns Minho, você se saiu muito bem"

     Em vez disso ouvia:

        "Não fez nada mais do que sua obrigação".

     O rapaz se lembra muito bem, quando era uma simples criança imaculada sempre escrevia uma pequena carta para a mãe, caprichava na letra, suas mãozinhas escreviam lentamente com medo das letras saírem tortas, ou que a tinta da caneta deixasse um borrão no papel branco e depois corria para a papelaria da esquina comprar um envelope vermelho e uma figurinha de coração com as moedinhas que encontrara largadas na pia do banheiro.
Dizia em sua ortografia delicada e cuidadosa o quanto amava a progenitora, o quanto essa era bonita... Corria pela casa em passos lentos graças as curtas pernas segurando a carta a procura da mãe e ao encontra-lá estendia a carta para ela... Porém, por fim, a mesma não tirava os olhos da revista de moda, ou quando olhava, apanhava a carta e colocava de lado dizendo que leria mais tarde.

     Mas Minho sempre soube que ela nunca abria o envelope para ler a cartinha.

     Deste pequeno Minho conviveu com a frustração.

     A segunda coisa mais dolorosa é  receber promessas... Promessas mentirosas, as quais te enganam e ao serem quebradas destroem seu coração... E mesmo que você cole todos os pedaços novamente, ele irá continuar com rachaduras em si... Desta vez tornando-se mais fácil de ser quebrado.

     Talvez promessas fossem dez vezes mais dolorosas do que a frustação...

       

       - Nunca vou te deixar Min, somos melhores amigos, nunca seria capaz de abandoná-lo.

***

     Minho sempre ficava sozinho  nos pequenos intervalos da faculdade, e desta vez não podia ser diferente, se encontrava com as costas apoiadas no concreto do prédio de jornalismo, seus olhos passeavam pelo grande pátio a sua frente observando todos, sempre são os mesmos, jovens preocupados em chamar a atenção, alguns usam toneladas de maquiagem para "se tornarem mais bonitas" outros corriam atrás de uma bola exibindo os músculos definidos e suas pernas torneadas... O rapaz suspirou entediado e ao perceber já estava lembrando do dia anterior, o tic tac parecia estar presente ali.

        "Até quando? Até quando continuará a me assombrar Taemin?".

     A visão de Minho tornou-se borrada, mas antes que alguma lágrima fugisse o rapaz passou a manga do moletom nos cantos dos olhos levando os vestígios de sua frustação...

        "Nenhuma lágrima por você... Nunca mais..."

     O que Minho não entendia era o por que de aquele sentimento cruel ainda estar impregnado em seu coração destroçado. Por que? Por que ainda manter um afeto pela pessoa que só bagunçou sua vida? E pior, por quê manter tal sentimento por ele? Justo ele? Querendo ou não, era Taemin...

     Tantas perguntas para poucas respostas... Essas poucas respostas que no fim não mudavam em nada... Não se pode mudar, de forma alguma, aquela escolha tão tola do seu coração.

    

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