Ato III - Indiferença

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Orei por nós, para aquele que prezava pela vossa humanidade até então. Soltou-me. Caí desfiladeiro abaixo, parecia ser uma queda interminável. Lembranças de toda minha vida me vinham a mente. Pude vive-lá novamente enquanto caia. Revivi o momento em que tinha um punhal estancado em meu peito, o último instante que me lembro de quando viva. Senti uma dor incomensurável, muito pior do que quando estava em vida. Foi como se toda a dor que causei enquanto viva, fosse direcionada a mim em um único golpe. Eram muitos os gritos de agonia que eu não ouvia o meu próprio. Não sentia meus próprios membros se é que eu ainda os possuía, apenas caí. Meu corpo queimava e nada mais além disso. Por assim fiquei por um longo período que posso chamar de eternidade. Vivi minha vida diversas vezes ao ponto de me arrepender de todos os pecados cometidos em vida, cada vez sentindo mais dor e arrependimento. Fui de encontro a um lago escuro por sangue, onde feras aquáticas mutilavam o corpo daqueles que tardavam a sair da água e grandes lobos devoravam aqueles que conseguiam sair cedo demais.

Viagem pelo InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora