Ato V - Morte

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Ouvi um barulho estrondoso. Avistei uma silhueta entrar pela porta, não pude distinguir quem era, minha vista era ofuscada por um intenso brilho que entrava pela janela. Quando me deparei, fui apunhalada por essa sombra que vinha em minha direção. Acordei na cama da casa onde minha família e eu morávamos, antes de eu perder todos aqueles que um dia foram importantes para mim. Ali havia um rosto conhecido, um rosto inexpressivo. Era a face da morte. Suas vestes e longos cabelos brancos pareciam dançar, mesmo com a total ausência do vento. Então, ele me olhou e virou-se de costas para mim. Naquele momento, eu soube. Eu estava morta e ali, seria meu repouso. Onde está meu amado? Onde está a morte? Onde meus pais estão? Novamente, estou sozinha. Mas, agora sinto que a morte caminha ao meu lado. Saí pela porta, cambaleando, corri por dias e noites sem me cansar, mas o horizonte era inalcançável. Eu os matei! Não peço que me perdoe, mas ao menos traga-os de volta! Meu suicídio na tentativa de juntar-se a eles parece ter sido em vão. E agora, a morte é minha única companhia. Resta eu deixar minhas memórias póstumas nessa carta para que algum dia alguém possa entender o meu sofrimento.

Viagem pelo InfernoWhere stories live. Discover now