V a l s a

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Obs: O filme do Bela e a Fera saiu esse ano e a Fic se passa em 2014, porém, é Fic, ?

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-- Vamos ao cinema? -- Vitória convidou, assim que cheguei em casa, eu tinha acabado de sair do barzinho onde tinha tocado com a banda do Mike. Aquilo estava me rendendendo um dinheirinho bom. -- Quero assistir a Bela e a Fera! -- Ela disse.

-- É melhor você aceitar logo, Ana. -- Drummond disse ao meu lado. -- O discurso que ela vai fazer quando cê disser não é longo e te convence que é melhor ir, então, nem resista! -- Ele riu.

-- Boa noite para vocês também, meus amigos. -- Eu sorri, faltava uma semana para mim ir morar com Letícia, e eu estava certa de que eu iria conseguir recuperar meu amor por ela.

Até porque, sentir amor por alguém é inevitável. Mas nós escolhemos amar. Escolhemos nos entregar e lutar por aquilo. Escolhemos ficar e fazer dar certo. E Letícia merecia isso de mim. A gente estava se falando menos ainda, ela estava trabalhando bastante e a casa estava quase toda mobiliada já. Aos poucos, consegue controlar o que sentia em relação a Vitória. Aceitei o convite de cinema e todos nós fomos de taxi, já que o carro da garagem estavam com um problema no motor, e Du tinha dado a bateria dele a Letícia, para ela não precisar gastar dinheiro com isso.

Ele estava vestindo uma calça rasgada, uma camiseta lisa e longa, com uma camisa de manga comprida por cima. Vitória usava calça de cintura alta, uma camiseta listrada de manga curta e um cardigan preto longo de manga ¾. Eu usava um vestidinho branco. Todos nós estávamos de all star, o meu preto, o de Du vermelho e o de Vitória azul, desbotado.

O cinema estava cheio, era a estréia do filme. Conseguimos três poltronas numa posição boa, e sobrou cerca de 5 lugares vagos para lotar nossa sessão. Parecia que São Paulo inteiro queria ver Emma Watson como Bela no clássico da Disney. Não podia negar que estava ansiosa também, eu mesma vi o filme um milhão de vezes e acho que sabia as músicas de cor. Drummond escondia, mas estava empolgado para ver o filme. Vitória pulava como criança. Compramos pipoca e um refrigerante grande, e entramos, enfim, na sala.

Fileira L, lugares oito, nove e dez. Nos sentamos, e ainda tocava uma música na sala, enquanto os trailers não passavam. Eu podia jurar que se o filme não começasse em cinco minutos, a própria Vitória ia lá na frente e encenava o filme todo pro cinema inteira ver. Ela não sossegava na cadeira, rindo, falando mais alto que o normal e rindo bastante. Quando as luzes finalmente apagaram eu pude ouvir o gritinho abafado dela ao meu lado. Trailer sobre filme de superherói, trailer sobre filme de ação, trailer sobre romance adolescente clichê. E então o filme começou.

Antes mesmo da primeira música, eu já me encolhi na cadeira, com frio. Vitória pareceu notar na mesma hora, já que ergueu o apoio que estava entre a gente, se aproximou de mim e usou o Cardigan como um cobertorzinho fino. Aos poucos, entrei no clima do filme e no final da primeira música, até Drummond já estava empolgado e nostálgico. Vitória não continha as emoções, tendo pequenos surtos sempre que alguma cena do filme acontecia exatamente como a da animação. Mas ela surtou mesmo foi quando o Zip, a xicarazinha, apareceu pela primeira vez. Eu não pode segurar o riso.

Na cena da valsa, meus olhos encheram de lágrima. Estava tudo tão lindo, o vestido da Bela era a coisa mais maravilhosa que eu já tinha visto e "Sentimentos São" me deixou no chão. Vitória tinha apoiado a cabeça no meu ombro e eu pude sentir ela chorar e cantar junto. O filme todo foi assim, com as emoções desgovernadas dela. Mas na cena final, quando o Gaston quase mata a Fera, até o meu coração ameaçou parar, mesmo conhecendo o roteiro do filme até em árabe.

Quando acabou, só faltou Falcão se levantar e aplaudir. Todos começaram a descer, mas no cinema tocava "Beauty and the Beast" na voz de Ariana Grande e John Legend, e estava lindo demais para abandonar. A maioria das pessoas ficaram mais também, nós só descemos quando Du disse que precisava ir ao banheiro. Eu desci na frente, Vitória logo atrás de mim. Quando estava perto do final, ouvi ela perguntar:

-- Ninha, tu quer dançar?

-- Aqui? -- Olhei para trás. -- No meio do cinema?

-- É, você quer?

-- Tem certeza? -- A timidez tomou conta de mim, mas ela estava ao meu lado no degrau e me estendeu a mão. Revirei os olhos e aceitei.

Caminhamos até a frente da primeira fileira do cinema e ela segurou meu corpo, mão na cintura, minha mão no ombro dela, mão com mão. Começamos a valsar lentamente a música ícone do filme. Ela sorria como se não existisse um amanhã na vida dela. Todo mundo saia do cinema, vendo a gente dançar. Sinto que cada garota que foi com o namorado esperava um pedido também, mas nenhum deles o fez. Até os funcionários estavam olhando pra nós. Eu provavelmente estaria morrendo de vergonha, mas eu tinha me perdido em Marte. A sensação de dançar numa galáxia tomava conta de mim porque eu não sentia o chão.

No final da música, ela girou meu corpo e me deitou no braço dela, dessa vez, não tive medo. Assim que o nosso movimento acabou, a música parou e as luzes acenderam, fortes, como holofotes, em nós. Éramos espetáculo, de repente. Viramos protagonistas de uma peça que eu não sabia o nome, mas poderia atuar nela a vida toda. Meu coração iria sair do peito, era a única certeza que tinha. Nossos sorrisos não cabiam no rosto de tão grandes. Os olhos dela brilhavam. Eu devia ter pisado no pé dela inúmeras vezes, mas só nós encaramos antes de sairmos do cinema e eu só ter que admitir pra mim mesmo que eu nunca teria controle quando o assunto era Vitória Falcão e seus olhos marcianos.

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Sabe, a cena do cinema aconteceu de verdade. Eu chanei a menina que dançou Thinking Out Load comigo para o cinema, estávamos loucos para ver a Bela e a Fera. E enquanto desciamos a escada para ir embora, ao som de Ariana e John, a convidei pra dançar. Ela aceitou. Sempre que tiverem a chance de dançar num cinema, por favor, dancem no cinema. É uma sensação incrível.

Obrigado por ler. 💙

C o l e g a s.Where stories live. Discover now