PAIXÃO POSSESSIVA - FAMÍLIA WINSOR 4 - LIVRO (DEREK)

CAPÍTULO 11

JACQUELINE

    Deixei Jayden brincando e fui atender a porta. Mais do que terapia, eu precisava tocar em Derek sempre que possível e ele não reclamava por eu não deixá-lo fazer o mesmo. Confesso que sinto muita falta, mas não consigo aceitar outraa mãos em mim, entro em pânico. Tudo volta. Rico volta pra me assombrar todas as noites. Culpei Thomas porque a culpa foi toda dele. Confiei nele e ele me traiu. Trouxe o perigo até nós, até Jayden e em troca de que? Ameaças? Ele é tão culpado e miserável quanto. Só preciso ficar mais forte e ir atrás deles. Rico é o pioneiro da minha lista. Irei matá-lo lentamente. Ele pode fazer todas as atrocidades que quiser comigo, exceto com ela. Ninguém tenta fazer o mal pra minha filha e fica por isso mesmo.
     Talvez não pareça, mas eu amo o Derek e tudo que ele tem feito e fez por mim, só me deixou mais apaixonada. Ele me emociona e tem me ajudado sem nem ao menos saber. Esse amor dele com Jayden é um sonho realizado. Tentei algumas vezes avisá-lo, mas vivia sob constante ameaça. Agora tudo está sendo diferente e sendo do jeito que deveria.
     Respirei fundo, olhei pelo olho mágico e abri a porta surpresa com a visita de Kimberly, esposa de Christian Winsor e também ex amor de Derek. Pode ser bobeira, mas sinto uma pontada de ciúmes dela.
       — Kimberly — A cumprimentei curiosa com sua visita.
        — Bom dia, Jacky, podemos conversar?
        — Está tudo bem?
        Dei passagem a ela que entrou e depois nos acomodamos no estofado. Ficamos nos encarando por alguns segundos até que ela quebrou o silêncio.
       — Como você está com tudo isso, Jacky?
       — Bem. Não se preocupe comigo, Kimberly.
        — Eu me preocupo. É horrível se sentir sozinha e vulnerável. 
        — Acho que você não sabe. Christian te ama como louco...
       — E o Derek a você, tanto que se divorciou pra ficar livre para você.
        — Eu não o mereço. Estou tão destruída. Nem sei cuidar de mim mesma.
        — É recente, Jacky, logo você se sentirá melhor, mas animada.
        — Acho que não — Ri sem vontade — Perder um filho nunca é fácil.
         — Eu te entendo. Dói muito. Imagina perder o homem da sua vida e mais um filho que nem nasceu? É uma dor sufocante. 
         Fiquei sem ação. Sei sobre tudo o que aconteceu com ela. A minha dor parece menor agora. 
       — Não somos amigas, Kimberly, não entendo.
       — Eu sei, mas podíamos, não é? Tentar? 
       Juntei as sobrancelhas sem entender.
       — Como assim? 
       — Bom, Susan, Tracey, Kerry e eu teremos uma noite das garotas. É super divertido. Por que não participa também? As crianças ficarão sob a responsabilidade da avó na mesma casa enquanto fazem suas festas dos pijamas.
        — Parece divertido.
       — E é. Próximo final de semana?
       — Combinado.

      
DEREK WINSOR

     Eu juro que estou tentando entender esse súbito afastamento da Jacky. Ela parece me odiar. A única coisa que conseguimos resolver foi a paternidade de Jayden. Meu nome está em todos seus documentos e assegurei meus direitos como pai. Continuamos tendo contato. Jacky se afasta de mim até mesmo no trabalho e evita ficar sozinha comigo. Tem algo errado nessa história. É estranho porque pessoalmente ela me evita, mas por telefone se derrete completamente. Não sei o que há e ela também não quer me dizer. Isso está me cheirando a ameaça. Alguém a está ameaçando, mas quem? Thomas, Rico? Esses problemas também está estranho. Eles se camuflam muito bem. Christian desconfia que há alguém do bando deles infiltrado no nosso, porém está difícil descobrir, já que todos foram contratados juntos. Estamos verificando nomes verdadeiros e falsos.
     Meu filho fez um ano e hoje é sua festinha. Fiz questão. A única merda da minha vida é que mais uma vez o juiz deu a guarda total para Karen. Ele me alertou sobre a compartilhada, mas eu não aceito. Por conta disso estou preso nessa porra de casa com ela por causa dele. Nem em outra vida a deixaria sozinha com ele. Tive que contratar outras duas babás, as mesmas  que foram das minhas sobrinhas porque fiz merda dormindo com as outras duas e ainda descobri que se vendiam para Karen para mentir pra mim. Agora irei conseguir as provas que tanto preciso para que essa guarda seja minha. Juro que cogitei a ideia de aceitar a proposta do meu irmão Christian em falsificar os documentos, mas o medo de algo dar errado, me assombrava. Não que eu não confie nele, confio bastante. O problema não é esse.
      Jacky entende o que estou passando e me apoia muito e Jayden também sabe que não posso morar com elas até resolver essa situação. Estou divorciado. Parece piada porque ainda tô preso com essa mulher. Pensei que ficaria irritada, mas não, ela nem sequer ligou. Continuou com sua anormalidade.
    Ando muito nervoso. Acho que é a abstinência sexual. Não sabia que o amor fazia isso com as pessoas. Não consigo sentir desejo por nenhuma outra mulher. Giulia desapareceu da minha vida depois que a troquei profissionalmente por Jon e depois que ela viu com os próprios olhos Jacky trabalhando na mesma empresa. Não disfarço o quanto amo aquela mulher que aos poucos está mudando. Ela anda de terninho, porém continua com o mesmo penteado de vovó e os óculos fundos de garrafa. Não sei mais o que fazer para que se veja linda.
      Durmo no mesmo quarto que o meu caçula. O peguei que acordou agitado e tomamos um banho juntos e depois descemos para a cozinha.
     — Bom dia, te arrancaram da cama também?
     — Sim — Ela riu — Jayden está bem animada para a festa. O que você está fazendo?
     — Estou fazendo panquecas com o meu ajudante especial — Pus Mitchell na cadeirinha e apertei seu nariz que riu.
      — Olha, além de lindo engenheiro, pai de família, ainda sabe cozinhar?
      — Tive que aprender na marra. Meus avós me ensinaram. Um dia te conto o quanto eles eram rígidos  e amorosos ao mesmo  tempo e ainda faço o seu prato favorito, se me disser no ouvido.
       Ela riu.
       — Doido.
       — Você vai hoje, né?
       — Claro, lindo, eu prometi.
       — Pensei em você a semana toda. Essas festas de fim de ano e essa pausa no trabalho estão acabando comigo. Não consigo tirá-la de mim. Preciso te ver, preciso te tocar.
       — Também pensei muito em você. Você é maravilhoso.
       — Acho que estou longe disso.
       — Pra mim você é perfeito. Nunca se importou com a minha aparência. Me perdoou por não ter falado sobre a Jayden e ainda me ajudou com a perda do meu bebê, aguentou meu desprezo. Você não existe, Derek. É perfeito.
      — Somos perfeitos um para o outro.
      Ouvi Jayden a chamar. 
      — Espera só um segundo. 
      — Me deixa falar com ela.
      Ouvi mais uns barulhos e logo minha filha pegou o aparelho.
      — Oi, papai, tô com saudades.
      — Oi, princesinha. Hoje é a festinha do seu irmãozinho. O papai andou ocupado resolvendo tudo, mas hoje vamos nos ver e nos outros dias também.
       — Promete?
      — Claro que sim.
      — Papa — Mitchell disse levantando os braços.
      — Nos vemos mais tarde, está bem? Coma direitinho.
      — Te amo, papai.
      — Eu também, princesa, te amo muito.
        Dei a mamadeira de suco para meu menino e uma panqueca já pronta.
       — Derek, preciso ir. 
       — Quer que eu te pegue em casa mais tarde?
        — Não precisa, comprei um carro. 
        — Preciso colocar seguranças na sua cola para sua proteção e da Jayden. Quando for fazer algo, me avise. Não quero vocês correndo qualquer risco que seja .
       — Você tem razão. Avisarei sim. Te encontro lá, beijos.
      — Só se for nessa boca linda.
      — Bobo — Riu e desligou.
      — Estava falando com quem? — Karen indagou parada na porta da cozinha me observando e me assustando.
      — Bom dia pra você também — Me sentei ao lado do meu filho com uma xícara de café — Vou almoçar com os meus irmãos.
       — Ah, claro — Saiu da cozinha e passei a mão pela testa e Mitchell gargalhou com meu gesto. 
       Ele chora e estranha a própria mãe, mas isso se deve ao fato dela não ter criado laços com ele. Não consegui provas contra ela porque ela faz questão de se manter longe como se ele não existisse. Preciso que fale algo ruim sobre ele, mas nada.

      Estava em frente ao espelho penteando meus cabelos comportados diferentes do meu gêmeo que parecia um ninho. Dá pra nos diferenciar pelo jeito de pentear os cabelos. 
     Karen se pendurou nas minhas costas. Não sei o que há com ela que está me cercando desde que acordou. Felizmente estou de saída. Me afastei nada gentil e nem fiz questão de encarar seu olhar raivoso.
     — Me ama antes de você sair?
     — Estamos separados, Karen. Não tenho mais obrigação de marido com você. Por que não chama um de seus amantes para comê-la?
      A última coisa que ouvi dela foi a sua explosão.
      — Quero ver o que vai achar quando eu sumir com o seu querido filho.
      A encarei fixamente dotado de fúria. Ninguém faz ameaça ao meu filho sem mais nem menos.
       — Você não é louca de fazer nada contra ele porque se ousar tocá-lo, eu te mato a pontapés. Pense duas vezes antes de me ameaçar.

   O bar familiar ficava a mais ou menos meia hora de casa. Deixei Mitchell com os avós e Jacky fez o mesmo. Minha mãe e meu padrasto adoram os netos e viram crianças juntos.
     Assim que cheguei cumprimentei Jonathan, Susan, Christian, Kimberly,  Nathan, Tracey, Jean, Kourtney, Casey, Russell, Brendan e Kerry. Cada um com seu par. Ok. Estava faltando o meu. Onde será que ela estava? Já deveria ter chegado. Peguei meu celular quanto Jon bateu no meu ombro sorrindo percebendo o que eu fazia.
      — Ela foi lá trás telefonar.
       Pedi uma cerveja ao garçom ansioso para vê-la. Uma semana é uma tortura. O bom dessa reunião familiar mensal é que não precisei convencer nenhum deles sobre a presença de Jacky. Eles a aceitam de boa. 
     Jacky voltou para a mesa sorrindo pra mim, sorria até com os olhos. Nossos olhares eram pura conexões. Me levantei e fui até ela e a beijei rapidamente. Parecia que passou uma eternidade desde da última vez. Ela se sentou ao meu lado e bebeu seu suco de frutas.
     Minha atenção pousou em um casal da outra mesa que se beijavam sem pudor, encarei Jacky que não tirava os olhos de mim por nenhum motivo.
      — Você quer comer alguma coisa, beber?
      — Não. Daqui a pouco vou ter que ir embora.
       — Mas você acabou de chegar. 
       Havia desapontamento na minha voz? Sim, claro. Esperei tanto para ter uma folga e conseguir ficarmos juntos e agora ela vai embora sem mais nem menos? Ela não parecia bem.
       —  Quer ir lá para fora um pouco? Preciso te contar algo.
       Assenti.
      Mal chegamos e a encostei na parede colando nossos lábios sedentos de saudades.
       — Como está o seu casamento? — Ela se virou se afastando.
       — Estamos divorciados e você sabe. 
      Ela se virou e se sentou no parapeito da varanda que tinha no bar.
       — Mas vocês não dormem juntos de vez em quando?
       — Não. Não a desejo. A última mulher que estive, foi você. Não quero outra.
       Ela ainda estava séria.
       — Karen é lindíssima.
       — Você é 10 vezes mais.
       — Por favor. Olha pra mim.
       — Estou olhando — Ela me olhou surpresa — A única coisa que eu vejo é uma linda mulher se fantasiando de feia, mas não adianta porque continua belíssima.
       O sorriso dela era lindo. Fiquei entre suas pernas assim que ela me chamou com o dedo. Sexy pra cacete. Engolimos um ao outro literalmente. 
       — Melhor a gente voltar e comer um pouco. Após a festa do Mitchell, quero dormir com você no seu apartamento. 

        — Vou adorar.
       Voltamos para a mesa e fizemos nossos pedidos. Teremos muito tempo para ficarmos juntos. Todos conversávamos animados, porém confesso que minha atenção é somente da minha mulher e a dela também. Peguei sua mão e a beijei e depois a pousei no meu colo.
         — O que tenho pra te contar é muito sério — Sussurrou ao meu ouvido — Não quero mais mentir e estragar o que temos. Finalmente percebi que não estou mais sozinha, tenho você e a Jayden e novas amigas, principalmente uma — Sorriu para Kerry que fez o mesmo.
       É tão bom ver minha mulher se abrindo aos poucos, sendo feliz e se deixando ser feliz.