Capítulo 12 - Nunca conseguiremos

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Havia acabado de almoçar. Estava no apartamento. Lise foi me buscar porque Felipe estava muito envolvido com as coisas do jantar daquela noite. Após almoçarmos juntas, minha madrasta foi fazer seu trabalho no restaurante. Ela disse para eu escolher um vestido e me arrumar. Iríamos mais cedo para o local do evento.

Graças a Deus, Lise não fez muitos questionamentos sobre a aula. Apenas disse que tinha sido normal. Não queria falar sobre aquele assunto.

Fui até o closet e analisei minhas roupas. Peguei um vestido preto e sapatos da mesma cor, com salto baixo. Depois disso, fiz a lição de Matemática, arrumei meu quarto e me deitei. Estava mexendo no celular quando  vi uma mensagem de Jughead.

Jughead:
Av. St. Peter número 342
Os cultos são aos sábados e domingos,  7 p. m.

Eu:
Obrigada, Jughead.

Jughead:
De nada, Gen.
Como estão as coisas? Está melhor?

Eu:
Estou, na medida do possível. E a Darla está bem?

Jughead:
Está bem.

Eu:
Que bom.
Diz pra ela que mais tarde vou mandar as tarefas da aula de hoje.

Jughead:
Digo sim.
Que tá fazendo?

Eu:
Nada. Já limpei o que tinha que limpar, fiz as tarefas que tinha que fazer e só.

Jughead:
Vou para o trabalho daqui a pouco.

Eu:
Você trabalha com o quê?

Jughead:
Numa loja de revistas, gibis, essas coisas.

Eu:
Você é capitão do time de futebol americano da escola e trabalha numa loja de revistas. Se isso fosse em um seriado seria contraditório, não acha?

Jughead:
Vendo por esse lado, é sim hahaha.
Você gosta de esportes?

Eu:
Não. Sou o sedentarismo em pessoa.

Jughead:
Darla dois.
Vai poder ir no culto amanhã?

Eu:
Não sei. Depende do movimento do restaurante.

Jughead:

Entendi.Vou trabalhar. A gente se fala, Gen.Tenha uma boa tarde. Fica com Deus.

Eu:
Bom trabalho e boa tarde, Jug.
Fica com Deus.

Fui para sala assistir a alguns episódios de The Big Bang Theory até o horário que deveria me arrumar. Felipe e Lise não apareceram no apartamento, disseram ter muito trabalho.
Eu esperava receber uma carta naquela tarde. Não recebi nenhuma. Fui até a sacada e observei a cidade.

Nova Orleans estava movimentada. Uma cena chamou minha atenção. Um homem levava uma pequena garotinha pela mão. Dava para notar que eles sorriam. Quando eles foram atravessar a rua, o homem pegou a garotinha em seus braços e beijou-lhe a face. A garotinha agarrou-se em seus pescoço e abraçou-o com força.

Não posso categorizar o sentimento que tive como inveja. Acho que tristeza é a palavra certa. Tristeza por saber que Felipe e eu nunca vivenciamos aquilo. Meu pai nunca me pegou nos braços para atravessar a rua ou sequer me deu um abraço. Tristeza por saber que o tempo que perdemos não poderia ser recuperado. Era inevitável não me perguntar se algum dia ele me veria como filha. Desde que cheguei em Nova Orleans, tudo o que eu mais desejava era um forte abraço do meu pai.

De Pai Para FilhaWhere stories live. Discover now