Marcas do Passado

50 9 1
                                    

A mulher ferida nos braços de Regalus não havia sido ferida por algum tipo de inimigo, ela havia se ferido sozinha ao lembrar da pior pessoa que já apareceu em sua vida. E a primeira pessoa que ela amou.

∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆

A vários meses atrás ela conheceu uma pessoa, um homem poucos anos mais velho do que ela que rapidamente conquistou a confiança dela e de Regalus com seu ato imprudente ao salvar a vida de todos do trio – Ley, Reg e Yime – numa situação crítica, ele logo se tornou um membro do grupo.

Eles viajaram durante alguns meses sempre cuidando um do outro como uma família, com o passar desse tempo o homem e Ley começaram a criar um laço, ela começou a amar ele, e em um dos acampamentos ele se declarou. Ambos se afastaram dos demais membros e foram para a profundeza da floresta, onde ele fez um ato imperdoável à Ley... Tão terrível quanto entrega-la a justiça ou mesmo mata-la, ela nunca poderia perdoa-lo por aquilo... Aquele homem a levou direto as mãos de soldados daquele que ela tanto despreza, de seu pai.

O pai de Ley, ou melhor, o pai de Chimaki Tyigan é um burguês de grande influência em quase todo o continente, um homem poderoso financeiramente que poderia dar todo que a filha quisesse, dinheiro, jóias, até mesmo pessoas, mas, quer da filha que fez com que ela criasse coragem para fazer algo que planejava a anos, fugir.

Entregue as mãos daqueles soldados portando lanças e espadas Ley paralisou, olhou para o homem que amava e perguntou:

-Por que?

Ele se limitou a responder:

-São apenas negócios.

Aquela resposta curta foi mais que o suficiente para partir o coração dela, ela amava ele, confiava nele e tudo era falso.

Seu coração apertou, seus olhos começaram a derramar lágrimas e toda sua vontade de reagir, continuar suas aventuras, explorar o mundo, caíram por terra como as lágrimas que não paravam de cair de seus olhos, o homem em sua frente uma vez amado por ela olhava para ela com um olhar indiferente enquanto recebia seu gordo pagamento.

Se as coisas continuassem assim ela perderia tudo, seus amigos, seus sonhos e sua liberdade, contudo, luzes avermelhadas que inundaram o céu vieram ao resgate dela como uma chuva de bola de fogo.

Os soldados ficaram surpresos, todos ali ficaram, Ley, ruivo amado por ela e os soldados, aqueles que possuíam escudos se defenderam, alguns tentaram esquivar das bolas de fogo, poucos conseguiriam, o ruivo conseguiu esquivar das bolas de fogo por si só. Em meio ao caos flamejante uma mulher morena correu contra os Ley e o guarda que a segurava, as chamas caíam ao redor dela sem nunca a atingir, mesmo que parecesse isso. Yime chegou até o guarda e segurou os braços de Ley, a puxou com as duas mãos enquanto o soldado se protegeia com o escudo, e conseguiu soltar a amiga e puxa-la para longe do soldado, entretanto a ladra não andava, permanência imóvel de cabeça baixa, aquele homem percebeu a ladra e sua amiga escaparem dos braços do soldado, mesmo sem saber o que acontecia ele não deixaria as duas escaparem, seu pagamento dependia da captura de Ley, ele se moveu contra as duas.

O caçador de recompensas se movia entre as chamas que caíam se aproximando das duas, passou pelo soldado que estava anteriormente com a sua preciosa ex companheira e sacou a espada do mesmo em um instante sem parar de avançar, apontou a espada para Yime e moveu sua lâmina contra a mulher, mas antes que a atingisse uma bola de fogo rasgou o ar saindo de dentro das árvores e voando contra ele, o ruivo percebeu, mas não a tempo de reagir, suas costas foram bombardeadas pela bola de fogo que explodiu espalhando chamas pelas costas dele a queimando por completo, e nessa chance Yime fechou o punho e gritou enraivecida.

-O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA AMIGA?!

Acertou um soco no rosto do caçador de recompensas que caiu no chão soltando a espada, Yime estava entregue ao ódio que sentia contra aquele homem, ele havia machucado sua amiga e não iria perdoa-lo. Viu a espada no chão e correu até a mesma, a segurou com as duas mãos, nunca havia segurado uma arma antes, mas agora era a hora, ergueu sobre a cabeça e fitou o ruivo que estava no chão, iria mata-lo, mas, Ley segurou a mão da amiga e sussurrou:

-Por favor, não.

A morena olhou para os olhos avermelhados da amiga e soltou a espada, segurou a mão dela e começou a puxar ela para dentro da floresta, mas antes de sumirem na escuridão, uma espada atingiu o ombro da ladra, a mesma que sua amiga havia soltado a poucos instantes, aquele ruivo que um tinha fora amado por Ley havia atirado a espada contra ela.

Ley parou por um instante, colocou a mão sobre a espada e tirou ela de seu ombro, não havia atravessado o osso. Deu um sorriso e disse com lágrimas nos olhos, não pela dor do golpe, mas pela dor sentimental que aquilo a causou:

  - Está tudo bem.

Yime fitou a amiga e em seguida aquele ruivo, cerrou os dentes e o olhou com um olhar assassino. Puxou a amiga de volta a floresta e sumiu junto com ela.

Dias após aquele incidente Ley havia mudado, parecia mais séria, mais imprudente, era como se algo dentro dela tivesse morrido. Regalus e Yime havia prometido um ao outro que se encontrassem novamente aquele homem. Eles iriam mata-lo.

∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆

Regalus fitou o ombro da amiga onde ficava aquela terrível cicatriz, uma lembrança em sua pele daquele homem, de lá que o sangue vinha, de lá e dos vários arranhões sobre a região.

  - Ley...

  - Por favor – foi interrompido pela ladra – Não fale nada sobre isso com os outros, foi apenas um acidente. Eu fui coçar as costas e acabei me machucando. – ergueu o rosto da cama e olhou para o loiro sorrindo, como ela conseguia sorrir mesmo com o rosto todo molhado de lágrimas?!

  - Você é uma péssima mentirosa. – respondeu. – Eu farei isso se me prometer que não vai mais se machucar por isso.

  - Eu não posso prometer isso, – passou a mão sobre os olhos. – mas posso tentar.

  - Tentar, isso não basta.

  - Vai ter que bastar. – olhou para o gigante – Yime vai ficar com ciúme se saber que está me olhando só de toalha. – se forçou a rir.

Reg suspirou e se levantou, olhou para sua chefe e andou rumo a porta do quarto.

  - Pare de tentar fingir que está tudo bem. Por favor. – parou já do lado de fora com a mão sobre a maçaneta do quarto mantendo a porta aberta, olhou para amiga e continuou. – Pense naquilo que tem, não naquilo que já teve. – fechou a porta.

A chuva que até então caia forte como algum tipo de fúria divina começava a perder a força e lentamente ia parando, em contraste a isso o caos estava prestes a começar.

∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆×∆

Infelizmente não terei tempo para escrever agora ;-; Eventos familiares inescapáveis, contudo quando tiver tempo tento prosseguir com a história

Nova EraWhere stories live. Discover now