Capítulo 19 - sperare.

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Gwen

Não sei quanto tempo se passa entre dormir e chorar pelo meu irmão falecido.

Depois do que parecem anos, uma empregada me acorda, de desprende das amarras que deixaram meus pulsos roxos e faz curativos, me banha e me dá de comer, como um bebê. Tudo sem abrir a boca em nenhum momento. E então, vai embora. Como se nunca tivesse entrado.

Quando a porta se fecha, me arrepio, eu estou com medo, em luto, e com o coração dilacerado.

Mesmo com tudo isso, tenho que me lembrar.

O que é que eu fiz?

Ou me incriminaram, ou eu realmente matei aquele que mais amei em minha família.

E não me lembro de nada.

"Pense, pense, PENSE!" Grito em minha cabeça. Mas ela só me responde dizendo coisas negativas.

"Mesmo que você lembre, nunca terá como provar. E mesmo que tenha como provar, as provas estarão lá fora, longe deste quarto. E mesmo que esteja aqui, neste quarto, você não tem como comunicar a ninguém que é inocente, porque você é invisível até para os funcionários desta casa." Meu cérebro me diz e eu não tenho como não discordar.

Mas eu não aceito de jeito nenhum que esse seja meu final, culpada e presa aqui, sem nem mesmo lembrar-me o que fiz.

E tentando lembrar, lembro-me não do passado, mas do presente, aliás, presente que deixei para aquele desconhecido.

Talvez ele seja minha única e última sperare. Minha esperança,  minha salvação.

E é nesse desconhecido que fico pensando, enquanto relembro naquele que pode ter sido o último dia da vida de meu irmão. A última vez que falei com ele, a última vez na qual briguei com ele.

Save YourselfWhere stories live. Discover now