Capítulo 3

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Obrigada pelo apoio que recebo e espero que estejam a gostar, agradecia se houvesse comentários... Queria mesmo saber as suas opiniões, independentemente que sejam, já que eu terei o prazer todo de ler.

Uma boa leitura.






O som de uma corrente de água acalmava-me, abri os olhos e vi a verdura do local, o céu mantinha uma cor rosada com ameaças de azul, conseguia ver as estrelas no céu. A minha respiração era calma e eu flutuava ligeiramente. Os meus pés mantinham-se a meros centímetros do chão, o vento gentil fazia o meu cabelo dançar suavemente pelas minhas costas. Vi uma pequena casa ao longe as suas cores eram escuras comparadas ao resto do lugar, contrastando-se facilmente. Olhei para minha direita e vi uma criança, uma menina, usando uma blusa comprida demais para ela. Ela olhava seriamente para a casa até os seus olhos encontrarem os meus, a claridade do local dava aos seus olhos uma tonalidade cor de mel, sorriu, esse gesto fez com que os mesmos, encolhessem. A sua mão pegou a minha, a mesma quente comparada com a temperatura da minha. Começou a andar em direção à casa eu simplesmente segui sem mexer um musculo sequer. Num abrir e fechar de olhos a casa já se encontrava à nossa frente, não era grande e parecia que estava em estado de degradação, de algum modo me parecia familiar. Senti um arrepio pelo corpo, não por causa do vento, nem frio pois a temperatura naquele local era reconfortante, mas sim por uma sensação que aquele edifício me dava.

A porta abriu sozinha, convidando-nos a entrar. Os meus pés finalmente tocaram no chão e este era molhado apesar de aparentar seco. A menina largou a minha mão e apareceu no fundo do corredor, este escuro, mesmo estando ela a brilhar. Entrei automaticamente mesmo não querendo, mas o meu corpo não me obedecia por alguma razão. À minha esquerda havia uma porta aberta que dava para uma cozinha, entrei na mesma, esta encontrava-se bastante desarrumada, um conjunto de pratos por lavar, bastantes sacos do lixo por deitar fora, estava um caus. Um dos meus pés pisou os cacos do que aparentava de ser de uma loiça qualquer que tenha se partido, uns gritos passaram pela minha cabeça e rapidamente olhem em volta, mas nada.

- Ela ficava zangada facilmente – uma voz infantil falou na minha orelha direita, a cara da menina estava colada à minha, se fosse um filme de terror eu teria gritado, ou pelo menos tido o impulso de fugir, mas não, não o fiz. A sua pele era pálida e vi umas sardas correrem na zona das suas bochechas e no topo do seu nariz. O seu cabelo era escuro e estava preso num rabo de cavalo bem apertado apesar de mal feito. – O meu lugar era este! – sorriu sentando-se em uma cadeira que se encontrava no canto, em frente de uma pequena mesa, outras cadeiras estavam em volta, mas estas encontravam-se ou partidas ou no chão, ao todo eram quatro.

Fomos até uma sala com um pequeno sofá de dois lugares e uma pequena televisão por cima de um móvel, haviam garrafas de cerveja e vinho em cima de uma mesa de apoio que se encontrava entre os dois objetos. Ouvi coisas a partirem-se, o som vinha da sala, mas estando eu na entrada da mesma, nada vi. Passamos por dois quartos trancados, chegamos num em que a porta se encontrava arranhada, consegui ver a sua cor, numa tonalidade bege. A porta estava fechada, senti um cheiro forte. Não sabia precisar o que era, mas dava-me voltas ao estômago. Peguei a maçaneta, mas tive medo de abrir. Eu sabia que algo não estava bem, procurei a criança, mas ela já não se encontrava lá. Tentei chama-la, mas minha voz não me obedecia. Senti-me pequena, os meus pés estavam a gelar, as minhas mãos a soar. Olhei para baixo e vi uma cor avermelhada. Um vermelho escuro, mais lembrando sangue que qualquer outra coisa. Senti os meus olhos a ficarem molhados, lágrimas escorriam pela minha face, mas eu não estava triste. Olhei novamente para a porta, esta parecia maior que da última vez, retirei a minha mão da maçaneta. A porta se abriu, um breu dentro do quarto. Fiquei no seu centro sem perceber como.

todos começamos como estranhosWhere stories live. Discover now