Capítulo 3- Uma das partes importantes

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Menos de uma semana se passou e eu continuei sem outros sintomas, somente uma enorme vontade de ficar o dia todo enrolada nas cobertas, mas infelizmente hoje, quinta feira, eu tenho algo mais importante para resolver, o que me chateia, ja que eu gostaria muito de ir para a casa me enrolar nas cobertas depois do trabalho...

Passo as unhas levemente sob a capinha rosa clara do celular enquanto formulo um discurso para o que estou prestes a fazer, olho para os lados nervosamente enquanto espero que a porta do elevador se abra, o que não demora a acontecer, aperto o botão sete e me encosto na parede de metal do cubículo. Enquanto observo os numeros irem subindo no visor do elevador a cima da porta, sinto o ar faltar em meus pulmões e começo a pensar que talvez seja melhor se eu der meia volta e contar a Andrew que eu provavelmente estou grávida de um bebê dele e que amanhã terei certeza.

A porta do elevador se abre, eu hesito, mas saio do cubículo de aço. Fico parada olhando o corredor cheio de portas brancas idênticas umas as outras, o carpete beje meio encardido, as paredes cem por cento brancas e uma pequena janela ao final do corredor.

Respiro fundo.

Solto o ar lentamente.

Fecho minhas mãos as apertando.

Dou um passo hesitante.

– Tudo bem.– Digo tentando me acalmar.– Um por vez.

Respiro fundo novamete.

Outro passo.

Abro minhas mãos relaxando meus nervos.

Outro passo.

Enclino a cabeça para trás estralando meu pescoço.

Outro passo.

– Vamos Luana.

Outro passo. Depois outro. Vários em seguida e então eu paro na frente da porta branca com o numero 127 escrito em uma placa dourada.

Suspiro demoradamente e tento relaxar meu ombros.

Levanto minha mão esquerda a fechando, deixando o osso do dedo indicador em destaque, a aproximo da madeira hesitante. Olho para os lados buscando alguma distração ou um motivo que me faça voltar para a casa, mas nada aparece e então crio coragem... Dois pequenos toques são dados, me afasto dois passos da porta e volto a procurar um motivo para ir embora, mas novamente, nada. Até que...

– Achei que não viria.– Olho para a porta aberta a minha frente.

Ja havia marcado com Andrew essa visita, mas não falei qual era o motivo dela, apenas enfatizei que era séria.

– É, eu também não.– Sorrio nervosamente.

Andrew ri sem graça enquanto me analisa com seus olhos castanhos escuros.

– Entre.– Afasta um pouco mais a porta e encosta na mesma me dando espaço pra entrar.

Coloco meu celular no bolso e esfrego minhas mãos discretamente na calça tentando seca-las do suor que nem percebi ter se formado.

Entro no apartamento de Andrew, uma decoração "clean" rodeava a sala de estar, paredes brancas com apenas uma azul, justamente a que segura o painél da TV e os nichos.

– Fique a vontade.– Andrew fecha a porta e passa por mim se sentando no sofá.- O que é tão sério que não podia me dizer por mensagem?

Respiro fundo, caminho a passos lentos em silêncio até uma poltrona beje, me sento na mesma, posiciono minhas mãos nos meus joelhos e as encaro por alguns minutos.

– É agora.– Sussurro para mim mesma.– Eu estou com suspeita de gravidez Andrew.– Digo rapidamente e levanto o olhar para encara-lo.– E se eu estiver, você é o pai.

Silêncio.

Os ombros de Andrew se tencionam, ele mantem sua posição anterior me olhando.

Estático.

– Andrew?– Chamo sua atenção.

Ele se levanta e começa a caminhar pela sala, provavelmente pesando a consequência de seu ato.

– A quanto tempo você esta suspeitando?– Para repentinamente.

– Menos de uma semana.

Andrew assente voltando a caminhar pelo ambiente. Ele exala nervosismo, o que obviamente também não me deixa mais calma.

– Fez teste de farmácia?– Assinto.– Marcou exame?– Assinto novamente.– Pra quando?

– Amanhã.– Respiro fundo.– Andrew olha, eu só estou te contando ok?

– Eu vou.– Diz repentinamente. Tombo minha cabeça para o lado sem entender.– Luana, se eu realmente te engravidei então eu quero descobrir com você, só me diga que horas e eu estarei lá...

Confesso que é bom ver uma postura madura de Andrew em relação a algo tão delicado como uma gravidez, talvez eu não esperasse algo assim, uma reação tão sensata de sua parte.

– As cinco da tarde.– Ele assente.

– Então está marcado!– Andrew para de andar e volta a se sentar no sofá.– Quem sabe até agora?

– Eu, você e duas amigas.

– Tudo bem.

Eu e Andrew conversamos mais um pouco sobre o assunto, nos organizamos de acordo com as hipóteses presentes na situação e pensamos com calma sobre como agir e como contar se eu realmente estiver grávida.

Contar a Andrew fez um grande peso ser tirado das minhas costas, eu sinto como se pudesse respirar novamente o ar que a muito tempo não chegava aos meus pulmões, pois eu não estou sozinha nesse barco e uma das partes mais importantes desse processo está concluída.

Mãe (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora