Capitulo 4- Juntos

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Não sei quem esta mais nervoso, se sou eu ou Andrew, ele segura minha mão mas algumas vezes a solta para segar a sua que encharca de suor.

– Por que esta demorando?– Pergunta baixo me olhando.

Sorrio fraco, apenas para tentar reconfortar o pai da criança que não sei se carrego, mas não surte efeito nenhum.

Minha perna direita treme nervosamente olhando todos casais e mulheres solteiras que entram e saem do consultório que aos poucos vai ficando vazio.

– Luana Becker?– Uma voz feminina me chama, me levanto ansiosa e encaro uma mulher na entrada de um corredor com uma prancheta em mãos.– O seu exame esta pronto.

Ouço a respiração pesada de Andrew e me levanto, caminho rapidamente até a moça que me entrega um envelope cuidadosamente fechado, sorrio em agradecimento e caminho até a saída com Andrew em meu encalço.

– Quer abrir já?– Permaneço em silêncio.– Luana...– Sua mão pousa em meu braço me fazendo virar para ele.– Eu sei que está assustada, mas você não está sozinha.

Um sentimento forte de apreensão invade meu peito, meus ombros se tencionam enquanto olho para Andrew,  que ainda espera que eu diga alguma coisa.

– Tudo bem!– Se limita a dizer e olha para os lados.– Quer ir para a sua casa ou para minha?

Mordisco meu lábio.

Mesmo que a melhor e mais confortável opção seja ir para a minha casa, eu não quero, depois que Andrew for embora eu não quero ter que lidar com esse peso sozinha se eu realmente estiver gravida.

– Vamos para a sua.– Digo baixo.

Não quero ficar sozinha com esse envelope.

Andrew assente, me puxa e envolve meu corpo em um abraço reconfortante. Esta claro que ele esta tentando me deixar mais segura e confortavel com a situação, mas nem mesmo ele está.

Fomos para o carro, em silêncio e permanecemos assim durante o caminho, cada um lidando com a sua batalha interna e pensando como será se tiver um positivo nesse papel. Um papel está para decidir o meu futuro, coisa que deveria estar nas minhas mãos.

Uns pingos leves começaram a cair sob o vidros do carro, de repente o céu que tinha um azul claro vívido havia completado por um cinza escuro, um tom pesado.

Minutos depois Andrew estaciona o carro em sua vaga do prédio, o clima ainda pesado entre nós.

– Precisamos entrar.– Andrew diz tomando frente da situação.

Assinto tirando o cinto de segurança.

– Vamos lá.

Saio do carro, hesitante. Andrew se posiciona ao meu lado e passa o braço a minha volta, me guiando pelo estacionamento. Adentramos o elevador  e pouco tempo depois ja estou  sentada no sofá de Andrew.

O envelope em minhas mãos soadas, as letras pretas em fonte Arial formando meu nome e o nome do exame. Respiro fundo, e lentamente passo meu dedo em baixo da aba do envelope o descolando de seu corpo com a unha, assim que o mesmo é aberto sinto o peso dos olhos castanhos de Andrew sobre mim, retiro um papel de dentro do envelope. Calma e hesitante leio cada palavra de formalidade de um exame de sangue e ultrassom intravaginal, até chegar lá.

– Conclusão.– Inicio.– A paciente Luana Becker, de vinte e dois anos está grávida.

Sinto o ar faltar em meus pulmões e o futuro que havia planejado ser levado para longe, meu coração acelera e então levanto a cabeça, direcionando minha atenção para Andrew que estava do mesmo jeito de quando o contei sobre a gravidez.

Coloco o papel com o resultado na mesinha de centro e tiro outro do envelope, uma imagem em preto e branco, com um circulo vermelho destacando um ponto do tamanho da minha unha na folha e ali estava, o meu bebê, do tamanho de minha unha. O colo sobre a mesa também, juntamente com o invelope.

Relaxo meu corpo sob o encosto do sofá, levo minha mão direita a minha barriga, acariciando a mesma com delicadeza. Fecho os olhos tentando organizar meus pensamentos, uma tentativa falha. Aos poucos meus pulmões voltam a se encher e meu coração a se acalmar, a ficha esta caindo...

Percebo o assento ao meu lado se afundar e uma mão tocar a minha por cima da minha barriga, abro meus olhos, dando de cara com os olhos castanhos escuros de Andrew, um sorriso fraco se formava entre seus lábios, iluminando o rosto amendrontado do rapaz a minha frente.

– Vamos fazer isso juntos.– Diz firme, com convicção.– Vamos lidar com isso juntos, estamos no mesmo barco, é o nosso bebê.– Assinto.– Luana, em momento algum tenha medo, eu estou com você e nós vamos fazer isso juntos.

Meus olhos se enchem de lagrimas e meus braços envolvem o pescoço de Andrew o abraçando forte, tentando o confortar e me confortar, pois apesar de não ser uma coisa ruim ainda mudaria o resto de nossas vidas.

Mãe (Degustação)Where stories live. Discover now