Father

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Eu sempre quis o melhor para você
Eu, eu rezei pela sua paz
Mesmo que você tenha começado
Toda essa guerra em mim

Você deu seu melhor, não deu?
Às vezes eu penso que odeio você
Me perdoe, pai, por sentir isso
Eu não acredito que estou dizendo isso
Eu sei que você era um homem problemático
Eu sei que você nunca teve a chance
De ser você, de ser o melhor de você
Eu espero que o céu tenha te dado
Uma segunda chance

Pai, eu vou te agradecer
Mesmo que eu não entenda
Oh, você nos abandonou
Eu acho que isso fez quem eu sou

Eu não conseguia parar de pensar que  precisava fazer alguma coisa. Só tinha em mente que precisava fazer a porra de alguma coisa.

Passei a noite inteira em claro olhando para a minha filha em uma maca de hospital e nada me fazia parar de pensar que ela poderia não estar ali. Se não fosse Camila tê-la a encontrado e a trazido para cá. Se não fosse a doutora Green em ter insistido nela e a ter trago de volta... Se...

Eu não conseguia parar de pensar que a minha filha poderia está morta. E toda vez que tentava fechar meus olhos, via isso. Via esse pesadelo acontecer e passar a noite velando seu sono, foi a maneira que evitava-lo, mas, mesmo assim, sabia que tinha que fazer alguma coisa.

Quando Camila me pediu para prometer não me envolver, eu sabia que isso seria praticamente impossível. Era a minha filha, e tentaram matá-la. Como eu poderia simplesmente cruzar os braços e esperar que a porra da justiça seja feita? Não conseguiria e nem poderia. Então acordei decidida, ia fazer alguma coisa.

Depois de me despedir de Camila e mais uma vez me esquivar de suas promessas, sai do hospital e peguei o meu carro, por sorte não foi rebocado. Entrei nele e dei partida. No primeiro sinal meu telefone tocou. Pensei em ignorar, mas sabia que daria muito na cara, suspirei e atendi.

- Sim?

- Onde está? - a voz da Li surgiu no alto falante do carro.

- Estou saindo do hospital. – disse e continuei a dirigir.

- Está vindo para casa?

- Sim. - teoricamente.

- A Camila me ligou. – ficou em silêncio. – Ela pediu que eu a avisasse quando você chegar aqui.

- Ela está preocupada. - suspirei.

- E eu devo ficar preocupada Lauren?

- Não. - neguei e respirei fundo.

- Por que eu sinto que não está sendo totalmente honesta comigo? - perguntou.

- Você e Camila estão neuróticas. - avisei.

- Eu não sou a maior fã da Camila, acho ela por vezes é exagerada, mas por algum motivo acho que desta vez ela está certa. Diga que não vai fazer nada de estúpido Lauren... - a cortei.

- Eu estou indo pra casa Li, aí conversamos. Preciso desligar estou no trânsito. Tchau. – desliguei.

Eu não queria mentir, não para a Li que praticamente sabe de tudo da minha vida, mas precisei. Só não podia deixar isso em branco, precisava olhar na cara do meu pai e rezar para que, mesmo ele sendo o pior tipo de ser humano, mesmo me odiando, ter a ponta de esperança que ele não teria a coragem de fazer mal a minha filha, neta dele.

The other side of the doorWhere stories live. Discover now