Capítulo Onze

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P.O.V MARCELO

Desde de o momento em que entramos na parte escura da floresta, desconfiei de algo, mesmo não tendo ideia de como nos dois fomos acabar parando ali. Elise é bastante teimosa, não demorou muito para que escapasse de meu controle.

Ela decidiu que iria atrás de Floor, apenas seguiu seu instinto corajoso, tentei ir atrás, mas antes que chegasse fui cercado por três cavalheiros, onde não pude ver suas identidades, o melhor seria ficar calado e lutar entre nós, sem chamar atenção de Elise para que ela não viesse, mas quem me garantia de que não haviam pessoas a cercando também? Tentei grita-lá, atiçando os homens de preto a me sequestrar e me colocar em algum tipo de jaula.

Não conseguia parar de pensar em Elise um segundo, e o que poderiam estar fazendo com ela. E quando estava sem esperanças, jogaram-na no mesmo lugar onde estava.

Ela estava inconsciente, indefesa, assim como eu estava me sentindo. Mas o que seria aqui? Algum plano? Porque uma armadilha? A sensação que tenho é que por trás disso, tem alguém que nós conhecesse muito bem, alguém que sabia o que iríamos fazer e quando iríamos fazer, e pior, alguém que sabia que Elise era inocente e teimosa o bastante para voltar em Floor e nos separar, a deixando mais indefesa ainda.

P.O.V ELISE

Acordei sem fazer a mínima ideia de onde estou e pra onde vou, minha cabeça e meu corpo doem muito, e a única alegria que sinto no momento, é a de ver que Marcelo está comigo.

Tentei dar-lhe um abraço desesperado, porém minhas mãos se encontram amarradas.

- Marcelo, me perdoa, me perdoa, me perdoa. - Meus olhos começaram a se encher de lágrimas, que começaram a cair em excesso.

- Calma princesa, você não precisa se desculpar, nós vamos ficar bem.

- É tudo minha culpa, eu que nos trouxe até esse lugar, fui uma boba.

- Ei, respira. 

- Acabas de me pedir que fique calma? Como queres que eu fique calma? Se não percebeu, estamos presos aqui, amarrados e sem saber o que vai acontecer.

- Tudo bem. -  Ele abaixou a cabeça, levando isso como o ponto final.

Fui muito grosa com ele, mas não era a intensão, eu estou desesperada, ele estava sendo seguro, queria me ajudar. Encostei minha cabeça em sua perna.

- Perdoe-me, nunca estive em uma situação parecida, você só quer me ajudar.

- Eu que peço desculpas por não ter conseguido te salvar, garota da capa azul.

Quando ele me chamou assim, senti orgulho, gostava de ser lembrada por algo que minha mãe me dera.

- Isso seria injusto, se você tivesse ido e eles tivessem pego a você.

- Seria melhor. Na melhor das hipóteses você estaria no palácio, esperando Jacke chegar de sua viagem.

Me lembrar de todos, fez meu coração bater mais rápido, como estariam agora? Será que já haviam percebido nossa ausência, que imagino eu de duas horas. Meu pai, Karmen...

- Eu não estaria a salva, não estaria em casa, e não estaria esperando Jacke, estaria esperando você, estaria seguindo você e tentando lhe proteger.

Marcelo olhou nos meus olhos com um sorriso fofo por alguns segundos.

- E eu não estaria quieto, não estaria calmo, não estaria feliz, como ficar calmo sem saber se ficaria bem como sei que ficará comigo.

Sorri e fechei meus olhos em busca de relaxar um pouco. Tempo depois a carruagem que estávamos parou e ouvi uma porta sendo batida e o portão sendo aberto.

- Então quer dizer que os dois amantes estão acordados? - Um dos que eu, imagino ser o mesmo que nos sequestrou, falou.

- És o que vê? Vejo apenas um bobão em minha frente. - Marcelo o enfrentou.

O homem ficou parado por alguns segundos, pensei que ele iria embora, mas ele inflou seu peitoral e cerrou seu punho, levando em direção ao rosto de Marcelo, que deixou seu corpo se derrear com a força do soco.

O ajudaria a se levantar se não fossem os brutamontes que nos puxaram pelos braços, tapando nossos olhos e só tiraram a venda quando chegamos em uma cela abafada, escura e fedida, mas que por sinal, muito bem protegida.

- Imagino que ninguém vira até aqui salvar vocês. Que pena... - O guarda provocou.

- Não precisamos de ninguém, podemos fazer sozinhos. - Marcelo continuou o enfrentando.

Ele deu uma risada sarcástica enquanto trancava os cadeados do portão.

- Esperarei pra ver, e espero que tenham uma boa noite de sono pois amanhã conheceram a rainha. - Ele falou olhando fixamente pra mim.

E como se o ataque de antes não fosse o bastante, o medo começou a possuir novamente, o que me fez começar a dar leves batidas na parede.

- Elise, não faça isso!

Encostei-me na parede e comecei chorar, eu não sei mais olhe fazer, o que pensar, o desespero está tomando conta de mim.

- Eu estou aqui e nós vamos sair dessa, juntos, tudo bem? E quando voltarmos vamos fazer um grande baile para começar a volta da Princesa e futura Rainha de Noquia, Elise.

Ele conseguiu. Conseguiu arrancar um sorriso meu, em meio às lágrimas.

- Concederá a honra de ir comigo a este baile?

- Eu estarei do seu lado, segurando a sua mão e te apoiando, assim como estou fazendo agora. - Apertou minha mão com mais força.

- O que acha que vai acontecer conosco?

Ele tocou levemente meu queixo e me fez olhar em seus olhos.

- Creio que irei levar mais alguns socos e arranhões, mas vamos fugir, cancelar a guerra e tudo ficará bem.

Ele me envolveu em seus braços, transferindo toda sua confiança para mim, todo seu calor humano e fé, posso sentir as curvas de seus músculos rígidos, o que me dá mais confiança, sinto que posso contar com ele pra tudo.

- Talvez não seja tão difícil assim. Acha que estamos em Avardam? Quem será a rainha? - Ele indagou assim que me soltou.

- Estamos aqui por mim, é tudo culpa minha, queriam a mim não há você, devíamos ter voltado, você me avisou.

Levantei novamente e comecei a andar de um lado para o outro, impaciente, nervosa. O que preciso agora é um acalma leão, mas talvez nem isso.

- Mais uma vez sou o centro de tudo, sou a que faz com que todos sofram por minha causa. - Elevei minha voz.

Marcelo me observou por alguns segundos, claramente incomodado com o meu desespero, veio em minha direção em passos firmes e puxou em minha cintura, passando uma de suas mãos em minha nuca e selando nossos lábios em um beijo delicado, porém mais firme e confiante do que o de Jacke.

Meu coração bate tão rápido que a sensação que eu tenho é que ele irá sair voando por aí. Acaricie seus cabelos e implorei por dentro para que aquilo não acabasse, mas ele se afastou, talvez a intensão tenha sido apenas me calar, e funcionou, talvez Marcelo seja meu acalma leão.

Ele me olhou intensamente, como nunca tinha feito antes, não falou nada, apenas puxou em minha mão e nós nos deitamos no chão, com esperanças de que amanhã, seja melhor.

A Garota da Capa Azul - RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora